Juramento de Bandeira durante o Processo Revolucionário
"Dois dias depois, quando o chefe da Polícia e dois agentes, munidos de chicotes, entraram na sala, Paulo amparava-se às paredes para se suster de pé. As pernas, inchadas, eram como dois trambolhos, as pisaduras negras em volta dos olhos mostravam a febre que o atormentava.
- Olá, tens passado bem? - casquinou o chefe. - Decerto já queres fazer declarações.
- Sim, quero.
- Ora, ainda bem - continuou aquele, esfregando as mãos. - À Gestapo portuguesa ninguém resiste...
O jovem desencostou-se da parede; oscilou um pouco, mas susteve-se.
- Sim, quero fazer declarações definitivas - repetiu, e tomou fôlego. Da cara tinham-se-lhe esbatido os vincos de sofrimento; só os olhos dominavam. - Sou comunista. Amo o meu partido e amo a minha pátria, que só poderá ser grande se o seu povo for livre. Eu luto e lutarei por essa liberdade...
A um sinal do chefe, os dois agentes não o deixaram continuar. Deitado no chão por uma chicotada, com a cara cortada de lado a lado, ficou a escabujar sob os golpes ininterruptos dos agentes, a resguardar a cabeça no casaco, como se este pudesse couraçá-lo. Já o sangue escorria das roupas para o chão e os agentes pareciam enojados, ainda o chefe gozava a cena, com sádica expressão. Por fim, quando Paulo quase não reagia às chicotadas, aquele levantou-lhe a cabeça e gritou:
- Fala, sacana!
- Não trairei...nem que... - começou Paulo a dizer.
Mas o polícia atirou-lhe um soco à boca, que lhe fez saltar os dentes da frente, de mistura com sangue e gemidos de dor.
O jovem caiu para trás. Dos seus lábios já não podiam soltar-se mais palavras. Mas os olhos, muito abertos, e os punhos cerrados, diziam por ele:
- Nem que me matem!"
excerto de Conto Vermelho 'Mais um herói', de Soeiro Pereira Gomes.
- Olá, tens passado bem? - casquinou o chefe. - Decerto já queres fazer declarações.
- Sim, quero.
- Ora, ainda bem - continuou aquele, esfregando as mãos. - À Gestapo portuguesa ninguém resiste...
O jovem desencostou-se da parede; oscilou um pouco, mas susteve-se.
- Sim, quero fazer declarações definitivas - repetiu, e tomou fôlego. Da cara tinham-se-lhe esbatido os vincos de sofrimento; só os olhos dominavam. - Sou comunista. Amo o meu partido e amo a minha pátria, que só poderá ser grande se o seu povo for livre. Eu luto e lutarei por essa liberdade...
A um sinal do chefe, os dois agentes não o deixaram continuar. Deitado no chão por uma chicotada, com a cara cortada de lado a lado, ficou a escabujar sob os golpes ininterruptos dos agentes, a resguardar a cabeça no casaco, como se este pudesse couraçá-lo. Já o sangue escorria das roupas para o chão e os agentes pareciam enojados, ainda o chefe gozava a cena, com sádica expressão. Por fim, quando Paulo quase não reagia às chicotadas, aquele levantou-lhe a cabeça e gritou:
- Fala, sacana!
- Não trairei...nem que... - começou Paulo a dizer.
Mas o polícia atirou-lhe um soco à boca, que lhe fez saltar os dentes da frente, de mistura com sangue e gemidos de dor.
O jovem caiu para trás. Dos seus lábios já não podiam soltar-se mais palavras. Mas os olhos, muito abertos, e os punhos cerrados, diziam por ele:
- Nem que me matem!"
excerto de Conto Vermelho 'Mais um herói', de Soeiro Pereira Gomes.
1 comentário:
Ouçam a nova música da Banda Zé Ninguém:
Corrupção
Corrupção em Portugal
Não vai nada nada mal
Este país é a loucura
Está pior que uma ditadura
O governo é uma piada
Nem o circo tem tanta palhaçada
Este país à beira mar
Vamos todos afundar
Por isso eu digo não
Por isso eu digo não
À corrupção
À corrupção
E depois, quem vai pagar!
Andamos todos a brincar!
Nem o gato nem o cão!
Eu aposto um milhão
Autarquia fraudulentas
Presidentas pestilentas
Sabem de quem estou a falar
Ou é preciso explicar?
Senhoras e senhores:
Bem vindos a Portugal!
O País mais corrupto da Europa!
Mais corrupto da Europa!
Não tenha medo, aqui ninguém vai preso!
Ninguém vai preso!
Mais corrupto da Europa!
Mais corrupto da Europa!
Este país é uma demência
É uma grande decadência
Autarquia fraudulentas
Presidentas pestilentas
E depois, quem vai pagar!
Andamos todos a brincar!
Nem o gato nem o cão!
Eu aposto um milhão
Por isso eu digo não
Por isso eu digo não
À corrupção
À corrupção
Banda Zé Ninguém
www.myspace.com/bandazeninguem
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