"Povos da Europa, levantai-vos!"
'Calm like a bomb' é o nome de uma canção do grupo norte-americano Rage Against The Machine. É assim que se deve sentir qualquer trabalhador português que tenha compreendido o alcance das medidas aprovadas pelo governo PS com o apoio do PSD. Ainda assim, a comunicação social espalhou o terror para amenizar o impacto do que foi aprovado. Há quem diga por aí que poderia ter sido muito pior. Podiam ter-nos subtraído o subsidio de férias e o de natal. Ou, como em Espanha, cinco por cento dos salários da Função Pública. Afinal, não. E até vão reduzir os salários dos políticos e gestores.
Como se vê, há muitas formas de manipular os trabalhadores. Eles são mestres nesse tipo de arte e, na verdade, as circunstâncias também os favorecem. Ou será que são eles que se adaptam às circunstâncias? Depois da vitória do Benfica e da visita do ex-membro da Juventude Hitleriana Joseph Ratzinger, o governo decidiu avançar, no dia 13 de Maio, para a decisão final. E, efectivamente, a comunicação social não conseguiu esconder que o sacrifício vai recair sobre os de sempre.
Longe vão os tempos em que os governos e as instituições criticavam o capitalismo sem regras. Prometeu-se muito. Acabar com os offshores, fiscalizar os bancos, regular as empresas de notação financeira. Foram os tempos da promessa de utópico capitalismo regulado. Como se o capitalismo fosse passível de reformas ou de algum tipo de humanização. Já ninguém fala disso. A solução é igual à receita que se pretendia aplicar antes da crise: privatizações, flexibilização dos despedimentos, globalização da precariedade, aumento da idade de reforma, redução salarial.
Em relação à classe trabalhadora, em cada país há respostas diferentes. No Estado espanhol, as principais centrais sindicais optaram por apoiar o governo e acordar o congelamento salarial. A maior prova de que ajoelhar-se não compensa está ali. Depois desta traição aos trabalhadores, as Comisiones Obreras e a Unión General de Trabajadores viram o governo PSOE aplicar a redução salarial aos trabalhadores do Estado. A central sindical da esquerda independentista basca e o Partido Comunista dos Povos de Espanha têm apelado repetidamente à greve geral.
Na Grécia, escrevem-se páginas heróicas na história daquele país. Os trabalhadores têm participado de forma maciça nas sucessivas greves gerais. E não é por acaso. Na luta de classes não há acasos. Assim como não é por acaso que no Estado espanhol existe uma reduzida conflitualidade social também não é por acaso que na Grécia a classe trabalhadora dá um exemplo implacável. É que existe um Partido Comunista que forjou o seu carácter combativo, nos últimos anos, na luta contra o reformismo e a social-democracia. O Partido Comunista da Grécia mostrou-o quando entrou clandestinamente na Acrópole de Atenas para desfraldar dois panos gigantes, um em inglês e outro em grego: "Povos da Europa, levantai-vos!"
É este o caminho que devem seguir os trabalhadores portugueses. Sem copiar modelos, devem rejeitar o reformismo e a social-democracia. O capitalismo não é reformável. A solução para a crise capitalista é o socialismo. Podemos e devemos levantar-nos. Nunca de joelhos, sempre de pé!
3 comentários:
Nem mais! Trabalhemos para um verdadeiro levantamento nacional, que urge.
Uma Grande Jornada Nacional, no dia 29, será um passo muito importante na nossa caminhada.
Abraço.
São novos ventos que sopram na Grécia. Ventos que poderão ser de esperança se o KKE e o PAME assumirem um papel dirigente na luta dos trabalhadores gregos.
É com prazer que vejo a Luta crescer em Portugal! Apesar do que se diz não somos um Povo assim tão dócil e de braços cruzados, muitos de nós ainda vivem para ser livres ou não tivéssemos nós uma central sindical como a CGTP-IN, socialmente mais significante que o PAME na Grécia. (Não quero de forma alguma mostrar desdém pelo PAME, verdadeira salvaguarda dos trabalhadores gregos)
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