segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Em nome do pai, absolve-se o Estado

Acabo de ver no telejornal que se pretende, através do Estado, cobrar aos filhos pela estadia dos pais em lares e instituições de idosos. Entre os argumentos apresentados, encontravam-se o de que também os pais haviam cuidado dos filhos quando eram crianças e o de que as reformas dos idosos são insuficientes para suportar as suas despesas. Há que explicar a estes senhores que há uma diferença clara entre uma criança e um idoso. Há que explicar que a maioria dos filhos, a quem querem cobrar, tem neste momento imensas dificuldades financeiras para criar os seus próprios filhos. E, acima de tudo, há que explicar que a responsabilidade pelas reformas vergonhosas que recebem os idosos pertence a quem governa o Estado. Ou seja, quem trabalha uma vida inteira - cada vez mais - merece ter uma velhice em condições.

Recordo que uma das coisa que mais me fascinou na Constituição da União Soviética foi a noção de que a independência financeira dos membros de uma família é a garantia de que a união se faz por amor e não por outros motivos. Essa independência, naturalmente, era assegurada pelo Estado.

1 comentário:

antónio m p disse...

A ideia é que os filhos apressem a morte dos pais, suponho eu. Afinal "para que servem" as pessoas que não pagam impostos? Para essa gente, estar vivo é um luxo.