sexta-feira, 30 de maio de 2008

Manipulação a todo o custo

Não queria repetir-me com a história das FARC mas a espiral de manipulação que se sucede a cada dia que passa não deixa de me fascinar. Penso que os professores de jornalismo deviam tomar esta novela como um caso de estudo. Depois do governo colombiano lançar a informação de que, segundo os computadores que se diz serem das FARC, a organização guerrilheira queria atacar Madrid, vários jornais vieram contradizer essa versão afirmando que se trata de Madrid, cidade próxima da capital colombiana Bogotá. Mas, mesmo assim, a manipulação não tem limites. A edição digital do El Mundo notícia agora que as FARC procuravam a ajuda da ETA para atacar a capital espanhola. Há que condicionar a opinião pública a todo o custo.

Não percam os próximos episódios. Diz que aparece o lobo mau.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Monarquia nepalesa faz as malas

A Assembleia Constituinte do Nepal declarou a abolição da monarquia e vai proclamar a República Democrática Federal. Um dia histórico para o povo nepalês que combateu durante anos a tirania. Entretanto, o rei tem duas semanas para arrumar as malas e abandonar o palácio.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

FARC planeavam atacar em Madrid

O seu computador caiu da secretária e ficou avariado? A memória não chega para armazenar tudo o que pretende? A Rádio Moscovo tem a solução para esses e outros problemas. Depois da captura dos computadores de Raúl Reyes, ficámos a saber que existem máquinas capazes de resistir a um bombardeamento que assassinou dezenas de pessoas e arrasou a zona. Também ficámos a saber que existem computadores que armazenam tanta informação como aquela que se lembrar de inventar.

Necessita de assustar a população de determinado país? Precisa de criar uma má imagem sobre alguém? A Rádio Moscovo dá-lhe a resposta simples: aprenda com os principais jornais espanhóis. Por exemplo, diga que as FARC planeavam atentar em Madrid e que o autor dessa proposta foi Alfonso Cano, recentemente empossado como máximo dirigente da organização. E, claro, acrescente que tudo isso estava nos computadores de Raúl Reyes.

Naturalmente, qualquer pessoa percebe que nenhum guerrilheiro trocaria mensagens por e-mail dizendo que planeava atacar em Madrid ou que, afinal, haviam sido as FARC e não as tropas do governo a assassinar os 11 deputados mortos há meses atrás. Um pouco como a carta que António Barreto usou para acusar o MPLA, o PCP e Rosa Coutinho de terrorismo contra os colonos portugueses em Angola. Há coisas que são óbvias e mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo.

Ministro da Economia imita Gato Fedorento


Este episódio do 'Diz que é uma espécie de magazine' ilustra bem as tristes figuras a que se submetem os ministros do governo de direita de José Sócrates. Ontem, Manuel Pinho fugiu dos jornalistas sob a desculpa forçada de uma constipação. Um vídeo que se pode ver aqui.

Diz que é uma espécie de governo.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Quem cala consente!

Todos os dias assistimos à utilização dos meios de comunicação social como arma de combate contra a maioria da população. Nos acontecimentos a noticiar, raramente seleccionam os que envolvem quem defende a classe trabalhadora. E quando o fazem, apresentam uma perspectiva negativa dessas organizações. Por todo o lado, surgem programas de debate e de opinião, para dar uma imagem democrática de profunda reflexão e de choque de ideias. Contudo, a presença de activistas comprometidos com a luta dos trabalhadores é rara. Deixam de fora tudo o que não corresponda à manutenção do actual sistema político, económico, social e cultural.

Porque quem cala consente, estejamos vigilantes e enviemos o nosso protesto e reclamações aos jornais, televisões, rádios e páginas na internet:

  • Programas em directo:
RTPN - Antena Aberta
2ª a 6ª feira - 18.00
Telefone: 217946161, 217946162
Email: antenaaberta@rtp.pt

SIC Notícias - Opinião Pública
2ª a 6ª feira - das 11.00 às 12.00 e das 17.15 às 18.00
Telefone: 214161147 , 214161148
Email: opiniaopublica@sic.pt

Antena 1 - Antena Aberta
2ª a 6ª feira - das 11.00 às 12.00
Telefone: 800 220 101

Fórum TSF
2ª a 6ª feira - das 10.15 às 12.00
Telefone: 808 202 173

Rádio Clube Português - Debate Público
2ª a 6ª feira - das 12.00 às 13.00
Telefone: 210023667, 2100223668

  • Televisão
RTP1
Geral: 217947000
Atend. ao telespectador: 707 789 707
Email provedor: provedor.telespectador@rtp.pt

SIC
Geral: 214179550

TVI
Geral: 214347500

  • Rádio
Antena 1
Geral: 213820000

Rádio Renascença
Geral: 213239222, 213239281
Email: mail@rr.pt

TSF
Geral: 218612500
Email: tsf@tsf.pt

Rádio Clube Português
Geral: 213821583
Email: radioclube@rcp.clix.pt

  • Jornais
DN
Geral: 213187500
Email: nacional@dn.pt

Público
Geral: 210111000
Email: politica@publico.pt

Jornal de Notícias
Geral: 213187300
Email: politica@jn.pt

Correio da Manhã
Geral: 213185200
Email: politica@correiodamanha.pt

Expresso
Geral: 214544000
Email: politica@expresso.pt

Sol
Geral: 213246500
Email: geral@sol.pt, opiniao@sol.pt, cartasaodirector@sol.pt

domingo, 25 de maio de 2008

Até sempre, camarada!

"Se o povo vir em nós guerrilheiros autênticos sentir-se-á ligado à luta e reforçará a sua solidariedade. Quando esta solidariedade conseguir elevar o nível da sua consciência, o movimento guerrilheiro crescerá. Crescerá então todo o movimento revolucionário".

Manuel Marulanda


"E há os que lutam toda a vida. Esses são os imprescindíveis." Assim é como desaparece a figura de Manuel Marulanda Vélez. Um revolucionário que marca definitivamente a história do povo colombiano. Ontem, denunciei as manobras mediáticas sobre a morte do comandante das FARC-EP. Era necessário faze-lo porque o facto de hoje se confirmar o desaparecimento de Marulanda não legitima a forma como a comunicação social trabalhou a notícia. Como disse, este imprescindível morreu e renasceu mais de cem vezes nas capas dos jornais. Agora que é verdade, é tempo de gritar bem alto que, pela morte dos nossos camaradas, nem um minuto de silêncio mas toda uma vida de combate!

Con Bolívar, con Manuel, con el pueblo al poder!



A notícia do comunicado das FARC-EP ao canal televisivo venezuelano Telesur:

"O membro do secretariado e porta-voz das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), Timoleón Jimenez, confirmou através de um vídeo enviado à Telesur, a morte do líder e fundador desse grupo armado, Manuel Marulanda, também conhecido como "Tirofijo".

No material audiovisual, o porta-voz assinalou que com "imenso pesar informamos que a 26 de Março morreu de um infarto cardíaco, nos braços da sua companheira, acompanhado da sua guarda pessoal e dos seus companheiros".

"Despedimo-nos fisicamente em nome dos milhares e milhares de guerrilheiros farianos" (...) "partiu o grande líder", acrescentou.

Lendo o comunicado oficial, Jiménez, referiu-se à trajectória política de Marulanda e destacou a sua "liderança e capacidade militar", como também reafirmou que a luta das FARC continua a ser a "luta pelo poder político, a luta por uma sociedade de justiça social e a luta pelo socialismo".

O porta-voz anunciou que Alfonso Cano assumirá o lugar de Marulanda e que se integrará no secretariado Paulo Catatumbo, como suplentes ficarão Bertulfo Alvarez e Pastor Arape. Anunciou, para além disso, que a organização tem confiança nos seus princípios revolucionários. "Continuaremos as nossas tarefas conforme os planos", sublinhou.

A respeito da posição das FARC sobre os acordos humanitários, acrescentou que as suas "propostas em relação aos acordos humanitários e à resolução política [do conflito] continuam vigentes" (...) "serão confluência e gerarão um grande esforço pela paz".

A declaração conclui saudando o 44º aniversário do grupo rebelde com uma "sentida homenagem a Manuel Marulanda".

"Perante o altar da pátria juramos vencer", finaliza o discurso.

A confirmação por parte da direcção das FARC dá-se um dia depois do ministro colombiano da Defesa, o conservador Juan Manuel Santos, dizer numa entrevista à revista Semana que por informações da inteligência, o governo conhecia que o líder histórico deste grupo armado estava morto por uma paragem cardíaca que se deu a 26 de Março, segundo a versão da guerrilha."

em Telesur

Vídeos sobre as FARC-EP

Em tempos de grande ofensiva mediática contra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, deixo alguns dos registos audiovisuais mais importantes que existem na internet sobre a organização guerrilheira.

Documentário "Riochiquito": 1 2
Documentário "50 anos de montanha": 1 2 3 4 5 6
Documentário "Guerrilheira": 1 2 3 4 5 6 7
Documentário "Dez dias com as FARC": 1
Documentário "A origem e as mulheres nas FARC": 1 2 3 4 5
Entrevista com Ivan Márquez: 1 2 3 4
Mensagem de Raúl Reyes à Coordenadora Continental Bolivariana: 1
Mensagem de Iván Ríos durante as negociações de San Vicente del Caguán: 1
Detenção de 12 deputados em Cali: 1
Operação Cerro Tokio: 1
Julián Conrado, músico e guerrilheiro, canta: 1 2
Retrato de uma "terrorista":1 2

Boato como alicerce da notícia

Por todo o lado, podemos aceder à informação de que morreu Manuel Marulanda, o comandante máximo das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo. Nos jornais, na rádio, na televisão e na internet assistimos às declarações sobre a morte do guerrilheiro mais velho do mundo. Contudo, importa saber como foi fabricada esta notícia. Que é apenas mais uma entre as centenas que já deram a morte de um dos mais exemplares revolucionários do nosso tempo como certa. Tudo começou em 1964 e desde então já perdeu a vida e ressuscitou dezenas de vezes. E no dia em que for verdade, as FARC não terão qualquer problema em anuncia-lo. Deixo-vos um artigo que ilustra bem como se constrói uma notícia sem qualquer fundamento concreto.

Por Luigino Bracci

Guerra militar e mediática na Colômbia: "Senhor Santos, posso titular que o Tirofijo está morto?"

A revista Semana deste sábado publicou no seu site uma entrevista com o ministro colombiano da Defesa, Juan Manuel Santos, segundo a qual o líder máximo das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) Pedro Antonio Marín, mais conhecido com o nome de "Manuel Marulanda Vélez" ou "Tirofijo", estaria supostamente morto.

A entrevista foi realizada pela jornalista María Isabel Rueda, e nela o próprio Juan Manuel Santos mostra-se cauteloso ao dizer que a informação não está confirmada, e que procede de uma fonte da guerrilha. A própria jornalista pergunta ao ministro se pode titular o seu artigo dizendo que Tirofijo está morto, ao que Juan Manuel Santos responde: "O risco é seu." Uma pessoa pode perguntar-se sobre quão independente pode considerar-se um jornal em que os seus jornalistas têm de perguntar aos funcionários do Estado como titular as suas notas.

Apesar de que a morte de Tirofijo não é oficial, e de que o governo e os meios de comunicação colombianos afirmaram muitas vezes no passado que Marulanda estava morto, a imprensa colombiana e internacional fez eco da notícia. O Google News registou às quatro da tarde deste sábado que há pelo menos 400 notícias destacando a suposta morte do líder insurgente, e chegaram a publicar as suas notas biográficas.

Reprodução de um fragmento da entrevista:

M.I.R. (María Isabel Rueda): ¿Qué tan cierto es que la guardia de seguridad del 'Mono Jojoy' casi lo asesina?
J.M.S. (Juan Manuel Santos): Es cierto. Él los descubrió, fusiló a tres, los otros tres se escaparon; dos de ellos están desaparecidos y el tercero está trabajando con nosotros.
M.I.R.: ¿Y 'Tirofijo' en qué anda?
J.M.S.: Debe estar en el infierno
M.I.R.: ¿En cuál infierno?
J.M.S.: Al que se van todos los criminales muertos.
M.I.R.: A donde 'Tirofijo' se va a ir...
J.M.S.: La información que tenemos es que ya se fue.
M.I.R.: ¿Cómo así, 'Tirofijo' se murió?
J.M.S.: Es lo que nos dice una fuente que nunca nos ha fallado.
M.I.R.: ¿'Tirofijo' está muerto?
J.M.S.: Esa es la última información que tenemos y que estamos corroborando.
M.I.R.: ¿Puedo titular esta entrevista, ''Tirofijo' está muerto'?
J.M.S.: El riesgo es suyo.
M.I.R.: ¿Y cuándo murió?
J.M.S.: La inteligencia nos dice que el 26 de marzo de este año.
M.I.R.: ¿Y cómo murió?
J.M.S.: No sabemos. En esas fechas hubo tres bombardeos fuertes en donde se pensaba que estaba 'Tirofijo'. La guerrilla dice que de paro cardíaco. No tenemos pruebas ni de lo uno ni de lo otro.
M.I.R.: ¿Y qué más información tiene sobre su muerte?
J.M.S.: Hasta ahora sólo tengo esos datos.
M.I.R.: ¿Y sabe quién va a reemplazarlo?
J.M.S.: Todo nos indica que Alfonso Cano

A Colômbia já anunciou a morte de Manuel Marulanda dezenas de vezes

Não é a primeira vez que o governo colombiano afirma que Marulanda está morto. O facto é que o próprio diário El Colombiano afirma que a morte de Marulanda foi anunciada muitas vezes no passado. "A Marulanda mataram-no desde 1964 quando o exército realizou o ataque a Marquetalia (Tolima). Desde então, o guerrilheiro "morreu" por tiros de metralhadora, tuberculose, feridas gangrenadas e formigas venenosas".

Na entrevista, a jornalista Rueda mostra também a sua parcialidade política ao afirmar que, "como cidadã, nem sequer como jornalista, fiquei escandalizada com o grau de cumplicidade e cooperação que conhecemos através dos computadores de Raúl Reyes, publicados no El País de Madrid e na Semana, que revelam as relações entre Chávez e as FARC. Que vamos fazer a respeito disso? Isto vai ficar assim?"

Ir a Aporrea para ler todo o artigo

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Cinema anti-comunista

Finalmente, estreou a última parte de Indiana Jones. Depois de Indiana Jones e a Grande Cruzada, lançado em 1989, Steven Spielberg volta a dar vida ao intrépido arqueólogo, interpretado por Harrison Ford. No episódio anterior, que focava os anos 30, Indy e o seu pai Henry Jones (Sean Connery) deram uma carga de trabalhos aos nazis.

Desta vez, parece que vamos ter soviéticos metidos no barulho. Ainda não vi a sequela mas, pelo que já se disse, o KGB vai assumir, pela milionésima vez, o papel de mau-da-fita. Parece que a URSS precisa da caveira, que Indiana Jones também procura, para tomar o poder no mundo. Quase 20 anos depois, Hollywood continua a preferir a pátria de Lénine como inimigo para as suas fitas. É que o fim da URSS, afinal, não acabou com os comunistas e o capitalismo continua a piorar a condição de vida das pessoas. Portanto, a mentira ajuda sempre a prevenir o futuro.

Mas este sentido crónico de reescrever a história e a realidade não é apanágio do cinema norte-americano. Cá, tivemos a polémica em relação ao Call Girl. E, talvez poucos se recordem, mas da pátria de Visconti, Rossellini e DeSica saiu um filme que fez muito sucesso nas salas de cinema e que foi coroado com três Oscar. A vida é bela, de Roberto Benigni, fez rir e chorar milhões de espectadores por todo o mundo. Mas o que me fez mesmo chorar foi a manipulação taberneira da 2ª Guerra Mundial.

Talvez se recordem que os dois protagonistas, o pai Guido e o filho Josué, foram enviados para um campo de extermínio nazi. No final, para alivio de todos, Josué é salvo pela chegada das tropas norte-americanas. Há até lugar para uma lágrima de felicidade quando o pequeno vê a chegada dos tão esperados tanques. Contudo, há um pormenor. Os campos de extermínio situavam-se no Leste europeu e foram todos libertados pelo Exército Vermelho.

Nota: Quase telepaticamente, a RTP divulgou uma notícia sobre a posição dos comunistas russos em relação ao novo Indiana Jones.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Desertora nega ligações entre FARC e Venezuela ou Equador


A guerrilheira das FARC que desertou há dias atrás afirmou hoje que a organização guerrilheira não tem qualquer ligação com a Venezuela ou com o Equador. "Nós admiramos o presidente Chávez mas nunca conheci quaisquer acordos ou negociações ou qualquer outra coisa dessas com ele, nem com o presidente Correa". A informação da ex-comandante Karina deita por terra a propaganda do governo colombiano que tentou explorar uma possível ligação entre as FARC e os governos venezuelano e equatoriano. Karina não tem nada a ganhar ao fazer estas afirmações, já que procura o melhor tratamento por parte da polícia colombiana.

Denunciar Cavaco Silva

Depois do discurso do Presidente da República, em que focava as suas preocupações na falta de participação cívica dos jovens, decidimos pregar-lhe uma partida. E quis o acaso que viesse à Escola Superior de Comunicação Social no âmbito do Roteiro da Ciência. Portanto, não o podíamos desapontar.

Chegou rodeado de seguranças. À entrada do edifício, em peso, a direcção do Instituto Politécnico de Lisboa preparava-se para o receber com o sorriso muito típico daquele engraxador de sapatos da Avenida da Liberdade. Contudo, quando nos viram perceberam que estava tudo estragado. Aproximamo-nos de Cavaco Silva e entregamos-lhe um envelope. Pensou que seria uma bonita homenagem da Associação de Estudantes e esboçou um sorriso. Depois, aproveitamo-nos da situação e distribuimos a carta aberta ao mar de jornalistas que ali se encontrava. E já se sabe como é: se um jornalista vê outro fazer algo, também tem de o fazer para não ficar atrás. Que chatice para o Cavaco. Que bom para nós que o denunciámos como charlatão. Como o coveiro do Ensino Superior público. Como o primeiro-ministro que lançou a polícia sobre os estudantes.

Edit: Como já referi, há dias, a primeira medida de Cavaco Silva como Presidente da República foi a de promulgar a adaptação do Ensino Superior português ao Tratado de Bolonha. Por toda a Europa, os estudantes confrontam os governos pela sua adopção. Há poucos meses, na Universidade Pública Basca, um protesto pacífico que foi reprimido pela polícia e seguranças privados resultou na abertura de um processo judicial contra vários estudantes. Ontem, os estudantes, solidários com os seus colegas, mostraram a sua revolta. Fica o vídeo dessa acção.

Propinas e Bolonha são uma vergonha!

terça-feira, 20 de maio de 2008

Hugo Chávez e as FARC-EP

Mais uma vez, escrevi um e-mail ao Provedor da RTP do Telespectador. Não é possivel que, sem qualquer fundamento, a televisão pública noticie que as FARC-EP foram financiadas e apoiadas militarmente por Hugo Chávez. Fizeram-no, primeiro, antes do relatório da Interpol e fizeram-no, depois, reproduzindo a manipulação que outros órgãos fizeram das conclusões da instituição policial internacional.

Antes de mais, a Interpol não pôde provar que os computadores pertenciam a Raúl Reyes. Depois, o relatório concluiu que mais de 48 mil arquivos achados foram manipulados. Tudo para não estragar a bela receita mediática contra Hugo Chávez e Rafael Correa. Há que criar as condições para que uma intervenção norte-americana seja vista, nada que não conheçamos já, como uma resposta ao terrorismo em nome da liberdade. Pois, claro.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Muitas vezes, deparamo-nos com todo o tipo de preconceitos em relação à forma como as pessoas se vestem. Numa sociedade que privilegia a imagem e que impôs o seu modelo de estética, é bastante comum que se confunda o exterior de cada um com o que verdadeiramente somos ou pensamos. Há, por exemplo, a tendência para se considerar que um skinhead [cabeça rapada] é um nazi.

Contudo, o estilo de vida fomentado pelos skinheads surgiu em Inglaterra através de operários ingleses que ouviam o ska trazido pelos operários oriundos da Jamaica. Naturalmente, a sua estética surge dessa adaptação. Eram trabalhadores que gostavam de ver futebol, de conviver nos bares e de ouvir aquele tipo de música. Não custa perceber, portanto, que esta comunidade fosse anti-racista e antifascista. A apropriação indevida deste tipo de estética pela Frente Nacional britânica não pode subverter a realidade. Os verdadeiros skinheads estão contra o fascismo e qualquer tipo de racismo.


http://www.youtube.com/watch?v=Nqu8YiJaNUU

sábado, 17 de maio de 2008

Só para lembrar...

Sem-abrigo no Rossio

"A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de defender a independência nacional, de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, de estabelecer os princípios basilares da democracia, de assegurar o primado do Estado de Direito democrático e de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país mais livre, mais justo e mais fraterno."


Soldados portugueses ocupam Afeganistão

"Portugal rege-se nas relações internacionais pelos princípios da independência nacional, do respeito dos direitos do homem, dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dos conflitos internacionais, da não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados e da cooperação com os outros povos para a emancipação e o progresso da humanidade."

Cartaz da Frente Popular para a Libertação da Palestina
("Eu resisto, logo existo")

"Portugal reconhece o direito dos povos à autodeterminação e independência e ao desenvolvimento, bem como o direito à insurreição contra todas as formas de opressão."

Excertos da Constituição da República Portuguesa

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Cavaco: o exterminador implacável

Cavaco apoia os jovens. Não nos esqueçamos que a primeira medida que tomou como Presidente da República foi a promulgação da reforma do Ensino Superior adaptado ao Tratado de Bolonha. Depois, tomou-lhe o gosto e aprovou o Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior. Quando era primeiro-ministro, lançou a lei que, pela primeira vez, viria a implementar as propinas. Ou seja, em quase todas as políticas educativas orientadas para a destruição do Ensino Superior público está o nosso exterminador implacável. Mas Cavaco apoia os jovens. Aprecia-os.

"Chama-se Gilberto Raimundo, tem 21 anos, e foi ontem, à frente da Assembleia da República brutalmente espancado por um polícia. Um rosto, a sangrar, entre outros. Milhares de estudantes protestavam contra as propinas. A polícia investiu e nem o Major Tomé foi poupado. Atacaram pelas costas e foi isso que mais chocou os estudantes. Os traseuntes, também, que, estando ali por acaso foram alvo da bordoada. Um idoso foi espancado. Estava ao pé da paragem 100."

Cadi Fernandes, Diário de Notícias.
Quinta-Feira 25 de Novembro de 1993.


quinta-feira, 15 de maio de 2008

Os Camaradas


Os Camaradas é um telefilme francês dividido por três episódios de 90 minutos cada um. Foi realizado por François Luciani em 2006 e emitido em Janeiro e Fevereiro de 2007 na France 2. Entre as personagens principais encontram-se seis jovens resistentes comunistas, depois da Libertação. O genérico é bom. Mas como nem tudo o que parece é, há que vê-lo.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

É a democracia, estúpido!

Soldado israelita protege-se de terrorista

"Mas, note-se: a Venezuela de Chávez também não é exactamente uma democracia e José Sócrates está em Caracas a acautelar os interesses da comunidade portuguesa residente e dos homens de negócios que integram a sua comitiva. E ainda bem."

"Mas este Israel que celebra hoje 60 anos, e que é um caso raro de democracia e de prosperidade económica no Médio Oriente, é também um pequeno país que vive obcecado pela sua segurança, sentindo-se cercado pela hostilidade árabe e, sobretudo nos últimos tempos, também iraniana."

Editorial do Diário de Notícias

Admito-o sem problemas: não gosto da maioria dos comentadores. São arrogantes e assumem a defesa obstinada da ideologia dominante sem o mínimo sentido crítico. Mas tomara que isso fosse o pior. Normalmente, usam as suas colunas para sustentar a mentira.

Vejamos, então, o caso caricato do democrático Estado que tem as mãos sujas do sangue dos mortos de Sabra e Chatila - para dar apenas um massacre como exemplo - e que mantém nas suas prisões milhares de presos políticos. E, depois, passemos os olhos pela ditadura latino-americana que não segue os bons exemplos da União Europeia.

Por um lado, discordo do editorial do Diário de Notícias quando diz que Israel é um "caso raro de democracia". Infelizmente, devia ser raro - para não dizer impossível - classificar-se um Estado que se desenvolve através do terror sobre o povo palestiniano como um Estado democrático. Por outro lado, dá-me nauseas que alguém subverta a realidade transformando o agressor em agredido e o agredido em agressor. A "hostilidade árabe" não tem, infelizmente, aviões e tanques norte-americanos para se defender da democracia sionista. Portanto, continuaremos a assistir, nos próximos anos, à morte de civis palestinianos, à sua prisão e tortura, à destruição das suas casas, enquanto as democracias europeia e norte-americana apoiam Israel e legitimam a ocupação. Democrática, claro.

Quanto à Venezuela "de Chávez", não podia estar mais de acordo. Afinal, um país que elege o seu presidente através de eleições consideradas democráticas pelos observadores internacionais só pode ser uma ditadura. Mas isto não é o mais grave. A Venezuela bolivariana ousou ultrapassar todos os limites quando não seguiu o exemplo da União Europeia. Em 2007, o governo decidiu referendar uma nova Constituição que foi chumbada pelo voto popular. E pior: o ditador Hugo Chávez reconheceu o resultado! Assim não há democracia que sobreviva.

Edit: Luís Delgado, José Manuel Fernandes, João César das Neves e João Marcelino são apenas alguns dos pontas-de-lança do capital na luta das ideias. Basta recordar que há poucas semanas João César das Neves destacava a liberalização do mercado como solução para o fim da crise alimentar. Através do editorial do Diário de Notícias, João Marcelino demonstrou hoje, uma vez mais, qual a linha ideológica do jornal que dirige.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Imaginação? Trabalhadores ao poder!

"Creio que uma das dimensões fundamentais da França de 68 foi a de juntar, um ao lado do outro, o capitalismo e o comunismo. Sessenta e oito é o principio da desconstrução do comunismo." Daniel Cohn-Bendit, protagonista do Maio de 68.

Nuns sítios dizem que foi uma revolução. Noutros dizem que não foi apenas uma revolução, foi a revolução mais importante do século XX. Há quem diga que desde então nada ficou como dantes, que tudo mudou. Mas sou jovem - "não explicam, pá!" - e fico espantado quando me dizem que não estão a falar da Revolução de Outubro. É o Maio de 68, estúpido!

Pelo que se diz, com a mesma rapidez com que se insurgiram, recolheram em suas casas. Faz-me lembrar a malta que, nos domingos, vai aos estádios libertar a raiva. Neste caso, foi um domingo que demorou um mês. Mas, para que não digam que sou má-língua, admita-se: houve conquistas salariais e isso, naturalmente, é importante. Ora, daí a que se diga que foi uma revolução vai uma distância como de Lisboa a Camberra.

Aborrece-me que se endeuse o Maio de 68 e que se crie uma atmosfera mediatizada em seu torno que não reflecte o que realmente foi. Naquele tempo, o foco esteve no movimento estudantil e daí o fascínio e a paixão de muitos intelectuais. Não foi um acontecimento conduzido pela classe trabalhadora. Normalmente, essa é aborrecida e não há aquela espontaneidade que anima qualquer circo de variedades. Porque a luta de classes é uma guerra, exige disciplina, estratégia e consequência.

Não queria deixar, no entanto, de recordar a poesia nas ruas de Paris para sustentar que o mais importante é o conteúdo e não a forma. As parisienses com as suas mini-saias eram belas. Mas as camponesas do Alentejo eram revolucionárias e não as trocaria por nada.

Algumas pérolas do Maio de 68:

"Trabalhador: Tens 25 anos mas o teu sindicato é do século passado"

"Faça o favor de deixar o Partido Comunista tão limpo ao sair como gostarias de encontra-lo ao entrar" (Isso já não é preciso, a esfregona eurocomunista limpou tudo, também em Itália e em Espanha)

"Não queremos um mundo onde a garantia de não morrer de fome suponha o risco de morrer de aborrecimento"(Os filhos da burguesia francesa não morriam de fome, disso já sabiamos)

Algumas pérolas do meu Maio de 2008:

"O Maio de 68 pariu um rato"

"Nas barricadas de 68, fogo só de vista"

"Só a imaginação esteve no poder"

E porque a maioria dos dirigentes estudantis do Maio de 68 se transformaram em burocratas do capitalismo "com rosto humano", não resisto em deixar esta máxima lançada por eles:

"A humanidade não será feliz até ao dia em que o último burocrata seja enforcado com as tripas do último capitalista".

sábado, 10 de maio de 2008

O Homem não veio do macaco


João César das Neves quando tinha dez anos. (Pronto, não é. Mas podia ser.)

Petróleo? Não, obrigado.

Soldado americano no Iraque (ou na Amadora se tivessemos petróleo)

Bem sei que andamos mal de combustíveis. Mas não deixei de ficar aliviado quando António Oliveira, presidente do Estrela da Amadora, para justificar o não pagamento dos salários dos jogadores, afirmou que o clube não tem qualquer poço de petróleo. Com estas coisas não se brinca e é caso para se ter medo - eu, pelo menos, não o desejo a ninguém. É que, normalmente, por trás de uma jazida de petróleo há um bombardeamento norte-americano à espreita.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

"Democracia" burguesa e o "autoritarismo" popular

O Presidente da República, Cavaco Silva, acaba de promulgar o Tratado de Lisboa. É assim que funciona a democracia burguesa, só se deve perguntar ao povo se ele aceitar responder o que nós queremos. Aliás, foi isso que aconteceu aquando da vitória do Hamas nas eleições legislativas palestinianas. Em vez de a União Europeia respeitar os resultados preferiu dizer que foi uma má resposta do povo e cortou-lhe as ajudas financeiras.

Mas é interessante ver países como a Venezuela, cujo governo é considerado autoritário pelo União Europeia e Estados Unidos, referendarem a sua Constituição e aceitarem democraticamente o resultado negativo. Também é interessante o exemplo dado hoje pelo senado boliviano de agendar um referendo revogatório para ouvir a vontade do povo. Naturalmente, foi uma proposta dos representantes do capital mas foi aprovada pelos representantes do governo. Tanto Hugo Chávez como Evo Morales não pertencem à estirpe da canalha que nos governa. Não têm medo do povo.

Valha-nos a Irlanda.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Israel: 60 anos de terrorismo com Estado

Montra de uma loja de fotografias em Damasco
@RadioMoscovo

Perante o ar cúmplice da comunidade internacional, Israel declarava, há 60 anos, a formação do seu Estado. Estava legitimada a ocupação da Palestina. Desde então, Israel desenvolveu-se como Estado terrorista ocupando os países vizinhos, cometendo massacres, empreendendo prisões massivas, obrigando ao exílio de milhões de pessoas, dotando-se de um poderio bélico horrendo. Tudo com o apoio dos Estados Unidos e da União Europeia. Mas, claro, como se afirmou hoje, na TVI, os milhares de mortos israelitas foram "vitimas de atentados terroristas". Tenta-se mascarar o verdadeiro agressor como agredido.

Quando estive na Síria, conheci inúmeros palestinianos exilados. Pelo menos em Damasco vivem cerca de cem mil, entre cerca de um milhão de sírios. Portanto, é normal que se acabe por falar com algum. Não houve um único que não tivesse saudades ou que não quisesse regressar à sua terra. Principalmente, aqueles que nunca a viram senão pelas fotografias dos seus pais e dos seus avós. E todos se mostraram agradecidos por tudo o que a Síria fez por eles. Na verdade, segundo alguns me contaram, é o país que melhor trata o seu povo.

Também recolhi impressões do outro lado. Os sírios vêem os palestinianos como irmãos e, pelas suas palavras, notamos que não há qualquer animosidade entre ambos. Em relação a Israel, a definição é clara: o inimigo. É isso mesmo que está exposto na pintura que decora a estação de caminhos-de-ferro de Alepo, a segunda maior cidade síria. Um quadro que ilustra os combates contra o exército israelita, há 41 anos, na guerra dos seis dias, que abriu feridas que ainda duram como a ocupação dos Montes Golã.

Muitos dos sírios falaram-me também das relações com os países socialistas europeus. Entre os quais, um médico explicou-me que havia estudado na Checoslováquia e que mantinha, hoje, no seu escritório uma fotografia de José Estaline. Num dos dias, depois de ver inúmeros jovens com t-shirts do Che Guevara, vesti uma com um símbolo soviético que me proporcionou uma interessante conversa com um vendedor de sumos naturais. Depois de me perguntar, com muita insistência, se lha podia oferecer, contou-me que não só via com admiração a experiência soviética mas também que encarava aquele símbolo como uma força anti-imperialista.

Naturalmente, o discurso anti-imperialista colhe muitos adeptos numa região que sofre com as ofensivas israelitas e norte-americanas. Um turista francês contou-me como num bar viu os clientes contestarem as afirmações da CNN que diziam que um helicóptero dos Estados Unidos se havia despenhado no Iraque por avaria. "Foi a resistência, mentirosos!". Aliás, esta solidariedade com os resistentes iraquianos provei-a eu no mercado de Damasco quando comprei as duas últimas t-shirts com a bandeira iraquiana. Os vendedores explicaram-me que era um dos produtos mais vendidos.

@France Press

Mas a solidariedade internacionalista do povo sírio não se dirige apenas para os palestinianos e iraquianos. O Líbano é encarado como mais do que um irmão. Em qualquer rua e em qualquer estabelecimento podemos ver cartazes, faixas, fotos e autocolantes com a cara do líder do Hezbollah. Mas também podemos assistir à nova moda. No meio do trânsito caótico das grandes cidades, os automóveis têm colada não só a cara do presidente da República mas também a de Nasrallah.

É um facto que não tem discussão. Os povos árabes têm razões de sobra para não gostar do Estado israelita. Poucos dias depois de sair do país, o exército sionista lançou um ataque sobre a Síria. Um ano antes, Israel havia invadido o Líbano, assassinando milhares de pessoas. A Palestina continua barbaramente ocupada.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Piada do dia

A UGT disse que alguns partidos querem condicionar a actividade sindical, a propósito da moção de censura apresentada pelo PCP contra o governo. Como se não fosse a UGT um braço do PS e do governo para condicionar as negociações.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Mosaico Insurreccional, novo álbum das FARC


A mais recente produção musical das FARC-EP chegou às páginas da internet. "Mosaico Insurreccional" tem a marca sonora dos camaradas farianos e transmite as vibrações dos combatentes colombianos por um mundo livre de guerra e de exploração. Faz o download e passa a mensagem. Porque não são terroristas, são revolucionários.

Fica aqui a lista de canções:

01 SantaClara
02 Mosaico insurrección
03 El guerrero
04 Mi carrito
05 El Huracán
06 La expedición
07 La vida es lucha
08 Prisioneros
09 Soneto del Terreiro
10 Estrella Roja

11. No ha muerto mi Partido

12. Juro Que Te Adoro


Para ouvir outros álbuns clicar aqui

O povo unido jamais será vencido!


O povo boliviano viveu ontem uma dura prova de resistência. Contra o referendo divisionista e racista promovido pelas elites, levantaram-se os trabalhadores das zonas plebiscitadas. Por exemplo, nos subúrbios de Santa Cruz, bloquearam o acesso às áreas de voto, incendiaram as urnas e os boletins - alguns já manipulados. Mas não foi caso único. Nas estradas, houve piquetes para impedir a distribuição do material de votação para o referendo, não reconhecido por ninguém senão pelos promotores. Não faltou, no entanto, a violência contra quem defendia a legalidade. O povo teve de derrotar quem andou a tentar obrigar gente a votar.

Contudo, jornais, rádios e televisões de todo o mundo destacam o sucesso do referendo e a vitória dos separatistas. Os resultados anunciados dão conta de 85,9 por cento dos votos na opção secessionista. Afinal, quem tem razão?

Na verdade, 85,9 por cento dos votos escrutinados correspondem à opção secessionista. Mas a comunicação social comprometida com a burguesia não refere a abstenção. Mais de 40 por cento da população correspondeu ao apelo do governo de Evo Morales e recusou-se a reconhecer a validade do refendo. Para além disso, houve mais de 10 por cento de votantes que recusaram a divisão da Bolívia. Ou seja, mais de 50 por cento da população voltou costas às intenções da burguesia.

O motivo da manipulação dos factos deve-se, como sempre, à tentativa de criação de condições para derrubar o governo progressista de Evo Morales, o índio que chegou à presidência da Bolívia com o apoio de grande parte dos trabalhadores. Desde então, já procedeu à nacionalização de diversas empresas e tem promovido políticas contra a discriminação sobre os indígenas que conformam a maior parte da população. Na linha da oposição encontram-se os latifundiários e os patrões das grandes empresas apoiados pelos dólares norte-americanos.

domingo, 4 de maio de 2008

Só é terrorismo quando lhes importa


Trecho de "O bom povo"

A propósito da morte do Cónego Melo, o CDS/PP entendeu apresentar uma moção de pesar pelo falecimento do herói de todos aqueles que quiseram sabotar a nossa revolução. Naturalmente, para os populares, o "Monsenhor Eduardo Melo dedicou toda a sua vida à Igreja, aos outros, à sua cidade e ao País. Em 1975, teve um papel decisivo na luta pela preservação das liberdades e pela instauração de uma democracia parlamentar". O PSD, de forma evidente, corroborou estas palavras. Por sua vez, o PS afirmou que "jamais votaria contra o pesar pela morte de alguém". E de alguém que tanto ajudou o seu partido, poderia ter acrescentado.

A verdade é que todos estes partidos estiveram envolvidos com os terroristas que durante a revolução assassinaram e espancaram activistas de esquerda, rebentaram com sedes de partidos e organizações e espalharam o ódio anti-comunista por todo o país. Bem a propósito, o blogue Waiting For The Sun recolhe memórias desse tempo, que rapidamente se tentaram esconder para limpar as mãos sujas de sangue do CDS/PP, do PSD e do PS. Os artigos publicados evidenciam as ligações entre os três partidos e a rede bombista. E, naturalmente, descreve as personagens que são, hoje, muitas delas, acusadas de crime e de corrupção.

“Os financiadores do MDLP foram figuras ligadas à banca e à indústria no antigo regime, como António Champalimaud, Manuel Bullosa, Queirós Pereira e Miguel Quina. (...) A um outro nível, figuras como os industriais Ferreira Torres, (...) Rui Castro Lopo, (...) o comendador Abílio Oliveira, de Santo Tirso, Valentim Loureiro, foram financiadores mais ligados às estruturas operacionais do movimento (...)”

“Os homens mais ligados à actividade ofensiva contra a esquerda em 1975 foram Alpoim Calvão, (...) Ramiro Moreira, chefe de segurança do então PPD, (...) e Manuel Macedo, industrial nortenho agora alvo de uma investigação da Polícia Judiciária por suspeitas de espionagem a favor da Indonésia (...)"

Mas no terreno misturava-se tudo: o MDLP era apoiado por um vasto leque de ex-agentes e oficiais da PIDE e da Legião Portuguesa(...)”

“(...) As relações com o CDS eram muito próximas, tal como com o PSD, por afinidades ideológicas, nessa altura já evidentes. (...)”

“A estrutura política do MDLP tinha, por assim dizer, três pólos.
Um primeiro gravitava à volta das movimentações de António Spínola, (...) Um segundo núcleo era constituído pelo grupo operacional que tinha um enorme peso nas decisões e que vivia sobretudo das movimentações de Alpoim Calvão. Por fim, os homens que formavam um grupo político encarregado de pensar o programa do movimento e definir passos estratégicos. (...)”

“MDLP assumia no seu programa que, "numa primeira fase", pretendia "enquadrar e apoiar o povo português na sua luta contra a implantação em Portugal de qualquer regime totalitário". Foi durante esta fase que a organização recorreu a todos os meios para encurralar o PCP numa investida que, no limite, poderia culminar na ilegalização deste partido. (...)”

em Publico.pt


Lista de atentados durante a revolução:

26/05/75 - Violência anticomunista. Ataque a sede do MDP em Bragança

03/06/75 - Atentados bombistas da direita, em Lisboa.

19/06/75 - Rebenta bomba junto da Igreja da Graça em Lisboa.

13/07/75 - Violência anticomunista. Começa a escalada de assalto a sedes de partidos de esquerda, com a destruição das sedes PCP e da FSP em Rio Maior.

21/07/75 - Assalto a sedes do PCP em Estarreja, Aveiro, Castelo Branco, Oliveira de Azemeis e Camanhã. Bomba destrói rádio-farol em Vilar Formoso. Destruída sede do MDP e sala da câmara em Matosinhos.

16/08/75 - Violência anticomunista. Boicote a comício do PCP em Alcobaça. Incidentes em Braga no fim de um comício do MRPP. Bombas contra sede do MES em Vila Nova de Gaia. Assalto a sede do PCP em Algoz.

26/08/75 - Assaltos em Leiria (MDP), Porto, na Areosa (PCP), Peniche (PCP) e bomba na FSP em Lisboa.

27/08/75 - Assaltos em Leiria (LCI e FEC) e Esmoriz (PCP)

31/08/75 - Assalto em Cinfães (MDP). Atentado bombista contra a Emissora Nacional na Madeira.

07/09/75 - Violência anticomunista. Bomba na Efacec em Matosinhos.

15/09/75 - Violência anticomunista. Explosões na Emissora Nacional da Guarda. Tentativa de assalto ao RCP de Miramar.

20/09/75 - Violência anticomunista. Bombas na Batalha

21/09/75 - Bomba na messe da Marinha em Cascais onde dormia Pinheiro de Azevedo

21/09/75 - Violência anticomunista. Bombas no Porto e em Leiria.

22/09/75 - Bomba contra sede do PCP na Marinha Grande

24/09/75 - Bomba contra sede do PCP em Vieira do Minho e na E. Nac. De Bragança

25/09/75 - Violência anticomunista/ Terrorismo de Direita. Bombas num automóvel em Monsanto. Morte de três elementos de um comando do ELP que tentavam fazer explodir antena da RTP.

09/10/75 - Atentado contra sindicalista em Montoito

09/10/75 - Bombas contra MDP e delegação do ministério da agricultura em Mirandela

10/10/75 - Atentado contra militante do PCP em Elvas

10/10/75 - Violência de Direita. Bombas em Lagos e Viana do Castelo

15/10/75 - Bomba contra militante do PCP em Fafe. No Porto contra sede da LCI. Em Elvas contra a Estação de Melhoramento de Plantas.

16/10/75 - Bomba em Alcácer do Sal contra instalações do ministério da agricultura

17/10/75 - Bomba anticomunista em Melgaço

18/10/75 Incendiada sede da UDP no Porto

21/10/75 - Bomba contra livraria comunista no Porto.

23/10/75 - - Violência anticomunista. Tiros em Lisboa contra viatura do RALIS

25/10/75 - Terrorismo de Direita/Violência anticomunista. Cinco bombas em Lisboa contra carros de militares de esquerda

25/10/75 - Violência anticomunista. Bomba contra a Editorial Inova do Porto

29/10/75 - Bombas contra militante do PCP no Porto.

30/10/75 - Bomba anticomunista em Mirandela

31/10/75 - Bombas anticomunistas em Fafe e Vila Nova de Famalicão

02/11/75 - Violência anticomunista. Bombas em Chaves, em Lisboa e na Madeira.

03/11/75 - Terrorismo de Direita. Bomba em Lisboa contra viatura da Academia Militar.

05/11/75 - Violência anticomunista. Petardos em águeda, évora, Gaia, Porto e no Comando Naval dos Açores. Bombas contra sindicalistas no Porto e em Beja

06/11/75 - Bomba contra militante comunista em Valpaços.

14/11/75 - Bombas no Porto contra a Intersindical, a UEC e o Rádio Clube Português.

16/11/75 - Bombas em Melgaço e Matosinhos.

17/11/75 - Violência de Direita. Bomba em Coimbra contra militante da LCI. Assalto ao munícipio de Alfândega da Fé.

18/11/75 - Terrorismo anticomunista. Bomba em Lisboa contra livraria do Diário de Notícias

27/11/75 - Bombas em Braga, Viana do Castelo e no Porto

30/11/75 - Bomba contra sede do PCP em Fafe

04/12/75 - Bomba contra sede do PCP em Vila Nova de Famalicão

23/12/75 - Bombas contra sedes do PCP em Freamunde e Póvoa do Varzim.

25/12/75 - Terrorismo anticomunista. Bomba contra livraria comunista em Vila Nova de Gaia.

02/01/76 - Rede bombista de direita. Assalto a centro de trabalho do PCP no Montijo. Começa a vaga de ataques da rede bombista de direita. Metralhada a livraria Vitor em Braga

07/01/76 - Rede bombista. Bomba na cooperativa árvores do Porto. Petardo no domicílio de militante do MDP na Póvoa do Varzim.

08/01/76 - Violência anticomunista. Petardo contra militante do PCP em Fafe. Bomba em carro de funcionário do IRA em Coruche. Bomba em Amarante contra autarca. Rajadas de metralhadora em Braga contra carro de turistas espanhóis

13/01/76 - Rebentam uma série de bombas contra militantes ou instalações ligadas aos comunistas em Rio Tinto, Porto e Monchique. Agredido militante do PS em Fátima

14/01/76 - Bombas em tabacaria e pastelaria no Porto

16/01/76 - Bombas em Montemor-o-Novo (contra PCP), Vila do Conde (sessão do MDP) e évora (sede do PS). Petardos contra navio soviético em Leixões. Incidentes em Esposende (bomba contra autarca). Petardos contra casas de militantes de esquerda em Fafe

17/01/76 - Terrorismo anticomunista. Bomba contra militante do MDP em Santo Tirso. Outras bombas em Viseu, Viana do Castelo e Olhalvo.

19/01/76 - Petardo contra casa de militante do PCP em Bragança.

20/01/76 - Bomba contra sede do MES em Faro.

21/01/76 - Bombas da Direita. Rebentamentos em Mértola, Santo Tirso, Porto, Arruda dos Vinhos, Seia, Gouveia, Braga, Lisboa, S. Martinho do Porto e Braga.

29/01/76 Incêndio destrói sedes do MES, UDP, FSP e FEC na Covilhã. Seis atentados em Braga.

30/01/76 - Violência de Direita. Comandos CODECO assaltam instalações da Standard Eléctrica em Cascais.

03/02/76 - Assalto a sede do PCP em Mirandela. O últimos dos centros comunistas ainda em funcionamento em Trás-os-Montes.

07/02/76 - Violência de direita. Bombas em Penalva do Castelo e Mangualde.

13/02/76 - Assalto a centro de trabalho do PCP em Mirandela.

15/02/76 - Assalto a centro de trabalho do PCP em Tortosendo.

12/03/76 - Dois elementos do PCP são espancados em Braga

15/03/76 - Granadas contra sede do PCP em Espinho.

03/04/76 - Morte do Padre Max da UDP na zona de Vila Real, por atentado bombista

29/04/76 - Suspensão do MDLP. Spínola, no Rio de Janeiro, suspende a actividade do MDLP.

em ISCSP

sábado, 3 de maio de 2008

Todos com a Bolívia


"O processo de mudanças a favor das maiorias na Bolívia corre o risco de ser brutalmente coartado. A ascensão ao poder de um presidente indígena, eleito com um apoio sem precedentes nesse país, e os seus programas de beneficio popular e de recuperação dos recursos naturais, tiveram que enfrentar desde os primeiros momentos as conspirações oligárquicas e a ingerência imperial.

Nos dias mais recentes, a escalada conspirativa alcançou as suas cotas máximas. As acções subversivas e anticonstitucionais com que os grupos oligárquicos pretendem dividir a nação boliviana reflectem a mentalidade racista e elitista destes sectores e constituem um perigosíssimo precedente, não só para a integridade desse país, mas também para a integridade de outros países da nossa região.

A história mostra com sobrada eloquência as terríveis consequências que em todos os terrenos têm tido para a humanidade os processos divisionistas e separatistas induzidos e respaldados por poderosos interesses forâneos.

Diante desta situação, os abaixo-assinados queremos expressar o nosso apoio ao governo do Presidente Evo Morales Ayma, às suas políticas de mudança e ao processo constituinte soberano do povo boliviano. Ao mesmo tempo, rejeitamos o chamado Estatuto autonómico de Santa Cruz pelo seu carácter inconstitucional e por atentar contra a unidade de uma nação da nossa América.
Chamamos todas as pessoas de boa vontade a unirmos as nossas vozes para denunciar por todas as vias possíveis esta manobra divisionista e desestabilizadora numa hora histórica para a América Latina."

Assina!

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Trabalhadores de todos os países, uni-vos!


1º de Maio de 1983 em Moscovo

No ano passado, tive a oportunidade de conhecer alguns comunistas turcos em Istambul. Levaram-me, na altura, à Praça Taksim e explicaram-me que foi ali que se deu o massacre do 1º de Maio de 1977. A polícia carregou sobre a manifestação e dispararam do topo dos edifícios que cercam a área. Nesse dia, morreram 36 trabalhadores.

Desde então, os sindicatos e os partidos de esquerda têm convocado as marchas do 1º de Maio na direcção daquela praça. Apesar das proibições, todos os anos tentam alcança-la para recordar os mártires de 1977 e todos os anos há confrontos, centenas de feridos e centenas de detidos. Contaram-me, aliás, os camaradas turcos, a história absurda de que a polícia esgotou, no ano passado, todo o stock nacional de granadas de gás lacrimogéneo só naquela manifestação. Entre os amigos que conheci, muitos foram alvo da brutalidade policial e visitaram os centros de detenção.

Os confrontos foram de tal ordem que a polícia impediu a chegada dos ferryboats que atravessam o Bósforo, que divide a cidade. Numa dessas ocasiões, os comunistas turcos, impedidos de atracar na parte asiática de Istambul, onde se encontra Taksim, tomaram o barco, içaram a bandeira do Partido e estenderam as suas faixas. Foi ali que fizeram o seu 1º de Maio.

Ontem, os confrontos repetiram-se, com as detenções a chegarem quase ao milhar, uma vez mais a repressão policial foi brutal para impedir os trabalhadores turcos de homenagearem os seus mortos. E os comunistas, como sempre, estiveram na linha da frente.

Em Portugal, a CGTP reuniu mais de 150 mil trabalhadores em todo o país. No regresso à Alameda, desfilaram cerca de 85 mil pessoas, uma das manifestações mais fortes dos últimos meses. Curiosamente, os meios de comunicação social preferiram dar destaque ao passeio da UGT pela Avenida da Liberdade que reuniu, segundo dizem, 25 mil pessoas. E onde não houve sequer palavras-de-ordem.