quarta-feira, 30 de abril de 2008

Está na hora do governo se ir embora!


Aí está. O Partido Comunista Português vai apresentar uma moção de censura ao governo do Partido "Socialista", dirigido por José Sócrates. Na perspectiva marxista-leninista, um partido revolucionário dirige as massas nas ruas e representa-as no parlamento. É, pois, hora de exigir a queda do governo e das políticas de direita. Nas bancadas, Jerónimo de Sousa, o secretário-geral do PCP, denunciou que o primeiro-ministro "está a escrever uma das páginas mais negras da história do PS" e que "se lhe restasse um neurónio social-democrata, que fosse, denunciava esta proposta de revisão do Código do Trabalho". Acrescentou ainda que se trata "de um perigo real de retrocesso de décadas" e que os comunistas pretendem "transportar o descontentamento, angústia e o protesto" da classe trabalhadora portuguesa contra esta ofensiva por parte do governo dos patrões. É caso para dizer que é um Código do Trabalho à medida dos amigos da Mota Engil e companhia.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Entrevista a Iván Márquez, das FARC


Patricio Echegaray, secretário-geral do Partido Comunista Argentino, entrevistou, há cerca de uma semana, Iván Márquez, um dos membros do secretariado das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo. A tradução é da Rádio Moscovo.

18.04.2008, Montanhas da Colômbia

Patricio Echegaray: Comandante, primeiro quero dar-lhe a si, à direcção das FARC e a toda a sua gente o nosso abraço, as nossas condolências pela morte dos que cairam na emboscada no passado 1 de Março. Como ficou prejudicado, com isso, o processo de diálogo e de troca humanitária [de prisioneiros]?

Iván Márquez: Quero enviar ao povo argentino e a todos os povos americanos a saudação e o abraço da parte do nosso comandante em chefe Manuel Marulanda Vélez, dos guerrilheiros e guerrilheiras que combatem por uma nova Colômbia com as ideias e com os fuzis. Com agradecimento especial a todas as manifestações de solidariedade contra a morte recente, através de um ataque militar combinado entre os governos da Colômbia e dos Estados Unidos, em território equatoriano, do comandante Raúl Reyes. Foi um duro golpe para as FARC. Tratava-se de um comandante muito valioso, que caiu procurando os caminhos para uma solução política para a situação dos prisioneiros de guerra na Colômbia. A troca [de presos] é imprescindível para abrir as portas da paz na Colômbia. O nosso objectivo estratégico fundamental é a paz e se nos levantámos em armas é pela paz neste país. O assassinato do Raúl dinamitou a estrutura de negociação construída pelo presidente Hugo Chávez e pela senadora Piedad Córdoba. Eles conseguiram coisas impensáveis até há bem pouco tempo, resultados animadores como a libertação de cinco congressistas capturados pelas FARC no desenvolvimento da guerra. Mas, depois destes acontecimentos, as possibilidades de continuarmos a libertar o resto das pessoas estão fechadas por agora.

Echegaray: Qual é a engenharia política, militar e diplomática que poderia reconstruir os caminhos da negociação, os caminhos da paz?

Márquez: Para retomar aquele esforço hoje só nos resta a via da desmilitarização, por 45 dias de Pradera e de Florida, dois municipios situados na região de Valle. Os nossos porta-vozes levaram esta proposta durante mais de três anos. Uma vez que o governo da Colômbia emita o decreto da desmilitarização destes dois municipios, nós enviaremos uma companhia guerrilheira para verificar se se cumpriu o acordo. Verificada a desmilitarização, enviaríamos os porta-vozes para que esperem os representantes do governo e se acordem, em território colombiano, os princípios da troca. Mal recebamos os guerrilheiros presos entregaremos também a gente que está connosco.

Echegaray: Quantos são os membros das FARC em poder do governo?

Márquez: Nós queremos tirar da prisão a cerca de 500 guerrilheiros mas Uribe colocou uma quantidade de condições inamovíveis, entre elas negar-se a desmilitarizar o território proposto, ou que os guerrilheiros libertados num eventual acordo não possam regressar à montanha e que deveriam ser desterrados para outros países, uma condição inaceitável para um revolucionário.

Echegaray: A mãe de Ingrid Betancourt acusou o governo colombiano de operações que perturbaram e perturbam seriamente a libertação da sua filha. Disse, inclusivamente, que a violência com que o governo colombiano avança sobre as populações civis é brutal. Terminou estas declarações, publicamente realizadas em Caracas e perante a presença do presidente Chávez, dizendo que não se sente segura na Colômbia e que a campanha sobre a saúde da sua filha podia ser uma manobra de Uribe para justificar distintas acções que possam terminar com a sua vida. Que me dizes disto?

Márquez: A Uribe não lhe importa o clamor humanitário dos familiares dos presos. Apesar de Uribe estar obrigado a realizar acções para preservar a vida destas pessoas, não mexe um dedo. Pelo contrário, todos os dias distribui ordens pelos seus generais para que tentem um resgate a sangue e fogo dos prisioneiros. É uma atitude irresponsável. Daqui antecipamos que em caso de um desenlace fatal dos acontecimentos, o presidente Uribe e o Estado da Colômbia serão os responsáveis. A atitude da senhora Yolanda Pulecio, mãe de Ingrid, foi muito corajosa e creio que o que expressou ultimamente surge da amargura de encontrar sempre os ouvidos surdos do presidente Uribe Vélez. Ela vê em Hugo Chávez a única esperança, e tem razão, porque Chávez desenvolveu um esforço desinteressado para concretizar a troca. Se há algo em que o presidente Chávez está interessado é na paz da Colômbia. Mas Uribe pretendeu retira-lo da intermediação, sendo que é a única intermediação que mostrou resultados concretos.

Echegaray: E acusa-o perante o mundo de estar a finaciar-vos.

Márquez: Mente quando diz que recebemos armas e dólares da Venezuela. Se as tivéssemos recebido - e que não tenham a menor dúvida - já tinhamos derrubado este governo umas mil vezes.

Echegaray: Que se passou com o avião-hospital? O governo francês teve algum contacto convosco sobre isso?

Márquez: Não, nenhum contacto. O Raúl Reyes era o contacto. No mês de Janeiro demos uma resposta ao Comité Internacional da Cruz Vermelha, que havia solicitado às FARC permitir a entrada de uma missão médica para assistir, na profundidade da selva, os prisioneiros em poder das FARC. Explicámos-lhes porque motivo era inviável. Devido aos riscos militares que envolveria dar-lhes as coordenadas de um lugar. A nós interessa-nos preservar a vida dos nossos prisioneiros de guerra. Quando as FARC forem reconhecidas como força beligerante teremos outras condições para um trabalho desta natureza. De qualquer forma, sublinho que os médicos guerrilheiros dão a melhor atenção possível aos nossos prisioneiros.

Echegaray: Este ano é o 80º aniversário do nascimento de Ernesto Che Guevara e estão a preparar-se, em Rosario, na Argentina, uma série de celebrações. Para todas as organizações envolvidas nos festejos, a possibilidade de contar com a companhia de uma força que nas condições actuais segue desenvolvendo uma luta político-militar guerrilheira seria uma grande honra.

Márquez: Li por estes dias que certa vez o Che enviou a Salvador Allende o seu livro sobre a guerra de guerrilhas e na dedicatória dizia-lhe: "ambos lutamos pela mesma causa, ainda que por vias distintas". Creio que neste novo século devemos unir os nossos esforços. Na Colômbia é muito difícil ser oposição sem ter um fuzil ao ombro, ou como diria o poeta Herrera "o peito cruzado de cananas [espécie de cintos de cabedal que se colocam cruzados sobre o peito para armazenar as balas, era uma das imagens de marca dos combatentes mexicanos]". Até falar de Bolívar se converteu num delito na Colômbia. Nas operações stop militares, se encontram alguém com um livro de Bolívar passa a ser objecto de uma investigação. O pai da pátria, Bolívar, está a ser, na prática, proscrito, criminalizado, demonizado da mesma forma que nós. Agradecemo-vos esta oportunidade que nos dão para nos dirigirmos aos povos da nossa América e queremos estar presentes em Rosario com uma saudação, com um vídeo, para celebrarmos juntos o 80º aniversário do Che.

em Perfil.com

segunda-feira, 28 de abril de 2008

António é um barrete


Há duas semanas, António Barreto - sim, o que lixou a Reforma Agrária! - publicou um artigo de opinião no Público no qual se entretem a dissertar sobre um documento que apela ao terrorismo contra os colonos portugueses em Angola, principalmente contra as crianças, as mulheres e os velhos. Vale a pena passar os olhos, durante uns minutos, pela carta que supostamente teria sido escrita por Rosa Coutinho a Agostinho Neto. Contudo, não serão necessários mais do que breve segundos para que se constate a falsidade óbvia da correspondência. Ninguém que quisesse levar a cabo um acto desta natureza se dedicaria a escrever um documento que, provavelmente, seria tornado público. Para além disso, não referiria nomes desnecessários como o de Álvaro Cunhal, do PCP e do PCUS. É, obviamente, uma carta forjada para descredibilizar os elementos que nela estão presentes. Daí ter sido noticiada pelo Século de Joanesburgo, um dos jornais do apartheid.

Mas o que choca não é tanto o método utilizado pela reacção para denegrir a esquerda portuguesa e angolana. O que choca mesmo é, três décadas depois, António Barreto - sim, o ministro de Mário Soares! - utilizar as páginas do Público para sujar as mãos com semelhante material. E pior, desculpar-se com uma pequena nota, duas semanas depois, estilo "ah, eu pensava que...", como se não fosse perceptível para um qualquer, vá, democrata. Faz-me lembrar a história de mulheres de S. Bartolomeu de Messines, em Silves, que puseram o peito ao fresco nas janelas de casa porque uma médica - falsa, claro - lhes ligou a marcar uma "mamografia por satélite, através de raio laser". A diferença é a de que estas não tinham qualquer formação em medicina e António Barreto - sim, o que apoiou o Bloco de Esquerda! - é sociólogo e professor universitário. Razão tem o director do Avante!, José Casanova, António é um barrete.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

A luta vai ser dura, companheiro!

Fascista cercado por militares
A luta vai ser dura, companheiro
Mas nada mudará o rumo à história
Lutando pela paz no mundo inteiro
Nós temos a certeza da vitória

A luta vai ser dura camarada
Mas nada se conquista sem canseira
Com o sangue vertido na jornada
Faremos palmo a palmo a sementeira

Por cada voz calada
Mil vozes vão nascer gritando a força deste povo
Que não se vai render

A luta vai ser longa companheiro
Mas quem sabe esperar não desespera
Teremos de lutar de corpo inteiro
Pois temos o futuro à nossa espera

A luta vai ser longa camarada
Mas cada passo em frente é mais um passo
Havemos de vencer a caminhada
Que o povo não se vence pelo cansaço

Por cada voz calada
Mil vozes vão nascer gritando a força deste povo
Que não se vai render

A luta vai ser dura companheiro
Mas nada mudará o rumo à história
Lutando pela paz no mundo inteiro
Nós temos a certeza da vitória

Por cada voz calada
Mil vozes vão nascer gritando a força deste povo
Que não se vai render
Grupo Outubro

É isso mesmo. A luta vai ser dura, camarada. Mas temos o futuro à espera que o conquistemos. Trinta e quatro anos depois, os contra-revolucionários cumprem a sua tarefa. A destruição dos direitos conquistados com o processo revolucionário avança a cada dia que passa. Contudo, mais devagar do que desejariam as hienas e as aves de rapina do capital porque os trabalhadores resistem. Cargas policiais e processos disciplinares contra o nosso povo. E os fascistas já não têm medo. Como o militar que assumiu ter avisado a PIDE de que ia haver o 25 de Abril. Como os que propõem - outra vez - erguer uma estátua em honra do bombista cónego Melo. Como os que durante dois anos construiram uma campanha mediática para reescrever a história e promover o carrasco Salazar. Mas o pior - naturalmente - está no governo. Aqueles que, diariamente, atacam os direitos elementares da classe trabalhadora e violam a Constituição da República Portuguesa. Pois é, a luta vai ser dura, camarada. Mas um dia voltaremos a pisar o fascismo e o capitalismo e - definitivamente - levantaremos a sociedade livre de exploração. E a luta é o único caminho para alcançarmos a vitória!

sábado, 19 de abril de 2008

Cavaco Silva, o cúmplice


Cavaco Silva ocupado com o bolo-rei

O Presidente da República não se pronuncia, para já, sobre a descida do IVA para 20%, anunciada hoje pelo Governo. Em declarações aos jornalistas em Moçambique, onde se encontra em visita oficial, Cavaco Silva sublinhou que não comenta no estrangeiro questões internas. 26.3.2008 Rádio Renascença.

Cavaco Silva prefere manter o direito à reserva para ser mais eficaz face às preocupações apresentadas do PS e do PCP em relação à qualidade democrática na Madeira.
16.4.2008 Expresso

PSD: Cavaco «tem opinião», mas não fala

«O Presidente da República deve ser sábio para nunca se intrometer na vida interna dos partidos», explicou.
18.4.2008 Portugal Diário

O Presidente da República, Cavaco Silva, escusou-se hoje, em León, Espanha, a fazer qualquer comentário sobre o comboio de alta velocidade em Portugal, alegando que se trata de um assunto que apenas deve ser tratado no país.
11.2.2008 Agência Lusa

Questionado sobre a situação em que se encontra o município da capital - que oficialmente caiu a partir das zero horas de hoje - o chefe de Estado recusou, contudo, fazer comentários sobre a "disputa partidária" que irá seguir-se.

"A última notícia que recebi é que iriam realizar-se eleições. É um acto de âmbito partidário. O presidente da República não deve fazer qualquer comentário, não deve entrar no campo da disputa partidária", sublinhou. 10.5.2006 Jornal de Notícias

À chegada ao Funchal, para uma visita de seis dias, Cavaco Silva recusou falar sobre a polémica em torno da sessão solene no Parlamento Regional e fez questão de elogiar as autonomias regionais.
14.4.2008 Rádio Clube Português

O Presidente da República escusou-se a comentar a venda prevista de 12 dos 40 caça F-16 da Força Aérea, preferindo salientar que o programa de modernização dos aparelhos está assegurado pela proposta de Lei de Programação Militar.
19.4.2008 Agência Lusa

O Presidente da República, Cavaco Silva, evitou esta segunda-feira comentar a decisão do Governo de analisar a opção de Alcochete para o novo aeroporto mas renovou o apelo ao consenso em torno deste projecto, escreve a Lusa.
18.6.2007 Portugal Diário

Cavaco não comenta Marcha da Indignação.
8.3.2008 Correio da Manhã

O Presidente da República, Cavaco Silva, escusou-se esta quarta-feira a comentar a presença do presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, na Cimeira UE/África, este fim-de-semana, defendendo, no entanto, a primazia dos direitos humanos nas relações entre os dois continuentes. 5.12.2007 Correio da Manhã

Questionado pelos jornalistas sobre o anúncio feito por Mário Soares de que os Estaleiros de Viana do Castelo não vão ser privatizados, Cavaco Silva recusou comentar para não ser acusado de interferir nas competências do Governo.
18.1.2006 TSF

Há umas semanas, o semanário Sol tentava explicar a "gestão cirúrgica do uso da palavra e do silêncio" de Cavaco Silva. Ou seja, aquilo que temia que fosse um problema nas cordas vocais ou timidez não é, afinal, mais do que uma questão política. E se a palavra pública é "um dos mais importantes instrumentos do presidente", como afirmou o próprio, então, das duas uma: ou se trata de incompetência ou se trata de cumplicidade.

Apesar de ser um dos principais responsáveis pela destruição do nosso país, através dos seus mandatos como primeiro-ministro, Cavaco Silva não é incompetente. Aliás, não gosto do rótulo que envolve a incompetência porque ele serve, na maioria das vezes, para justificar o insucesso de certas políticas. E, neste caso, o primeiro-ministro Cavaco Silva soube muito bem seguir à risca as orientações neoliberais.

Portanto, parece-me que é um silêncio cúmplice. O silêncio de quem sabe que não pode tornar pública a identificação com a política de direita do governo comandado por José Sócrates. O silêncio que forja uma falsa postura neutral perante os portugueses. Porque não quer ser impopular e não quer deixar de ter a imagem de dono da razão. Uma espécie de bombeiro que aparece quando os ânimos estão mais acesos.

Cavaco Silva é, pois, mais uma peça na engrenagem do sistema. Escolheu o silêncio para não estar contra quem o dirige e para não estar a favor de quem o elegeu.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Até sempre, camarada 'Dinamitera'!


"Um ano antes da guerra [civil espanhola] eu já pertencia ao Partido. Foi o único Partido a que pertenci, a que pertenço e ao qual pertencerei até que morra. [...] Perdi a mão. Não me importou. Ia disposta a perder a vida." Rosário 'Dinamitera'

A miliciana Rosario Sánchez Mora, 'Rosario la Dinamitera', imortalizada num dos mais conhecidos poemas de batalha de Miguel Hernández, morreu quinta-feira no hospital madrileno Gregorio Marañon aos 89 anos, segundo fontes do Partido Comunista de Espanha [PCE].

Nascida a 21 de Abril de 1919 em Villarejo de Salvanés (Madrid), Sánchez Mora foi, aos 17 anos, uma das primeiras mulheres a alistar-se nas milicias populares que combateram durante a Guerra Civil (1936-1939) as tropas franquistas na defesa da capital espanhola.


'La Dinamitera' perdeu uma mão nas trincheiras, foi presa durante o franquismo e condenada à morte, apesar da pena ter sido comutada para 30 anos de prisão, dos quais apenas cumpriu três.

Miguel Hernández escreveu um poema famoso sobre ela no qual dizia: "Rosario, dinamitera/ sobre tu mano bonita/ celaba la dinamita/ sus atributos de fiera/ .../ bien conoció el enemigo/ la mano de esta doncella/ que hoy no es mano porque de ella/ que ni un solo dedo agita/ se prendó la dinamita/ y la convirtió en estrella".

Depois de uma tentativa frustrada de escapar de Espanha após o fim da guerra e da sua passagem pela prisão trabalhou na produção de fósforos na praça de Cibeles e chegou a montar uma tabacaria no bairro de Vallecas.

em
elmundo.es

Foi comunista até morrer.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Israel mata câmara da Reuters


Operador de câmara regista a sua própria morte

terça-feira, 15 de abril de 2008

Os vampiros



*Fernando Nogueira:*
Antes -Ministro da Presidência, Justiça e Defesa
Agora - Presidente do BCP Angola

*José de Oliveira e Costa:*
Antes -Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais
Agora -Presidente do Banco Português de Negócios (BPN)

*Rui Machete:*
Antes - Ministro dos Assuntos Sociais
Agora - Presidente do Conselho Superior do BPN; Presidente do Conselho
Executivo da FLAD

*Armando Vara:*
Antes - Ministro adjunto do Primeiro Ministro
Agora - Vice-Presidente do BCP

*Paulo Teixeira Pinto:*
Antes - Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros
Agora - Presidente do BCP (Ex. - Depois de 3 anos de 'trabalho', Saiu
com 10 milhões de indemnização !!! e mais 35.000€ x 15 meses por ano até
morrer...)

*António Vitorino:*
Antes -Ministro da Presidência e da Defesa
Agora -Vice-Presidente da PT Internacional; Presidente da Assembleia
Geral do Santander Totta - (e ainda umas 'patacas' como comentador RTP)

*Celeste Cardona:*
Antes - Ministra da Justiça
Agora - Vogal do CA da CGD

*José Silveira Godinho:*
Antes - Secretário de Estado das Finanças
Agora - Administrador do BES

*João de Deus Pinheiro:*
Antes - Ministro da Educação e Negócios Estrangeiros
Agora - Vogal do CA do Banco Privado Português.

*Elias da Costa:*
Antes - Secretário de Estado da Construção e Habitação -
Agora - Vogal do CA do BES

*Ferreira do Amaral:*
Antes - Ministro das Obras Públicas (que entregou todas as pontes a
jusante de Vila Franca de Xira à Lusoponte)
Agora - Presidente da Lusoponte, com quem se tem de renegociar o contrato.

*António Mexia:*
Antes - Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações
Agora - Presidente do Conselho de Administração da EDP

*Marques Mendes:*
Antes - Ministro dos Assuntos Parlamentares
Agora - Administrador-Delegado da Nutroton Energia

Quando se juntam demasiadas cores...

a Esquerda Arco-Irís

Durante anos, tentou criar-se a imagem de que o Partido Comunista Português era um partido obsoleto, velho, caduco. Para evitar o desaparecimento do PCP, apresentaram os partidos comunistas de Itália e de Espanha como exemplos inovadores de organizações que se adaptaram às "novas realidades" e aos "novos tempos".

E aí está o resultado. Durante quatro anos, a Esquerda Unida [EU] desenvolveu políticas de cumplicidade com o governo do PSOE. Agora, o Partido Comunista de Espanha, através da EU, não obteve sequer um número mínimo de deputados para formar um grupo parlamentar próprio. Na luta sindical, perdeu influência nas Comisiones Obreras que, em muitos casos, tem assumido posturas reformistas.

Em Itália, tanto a Refundação Comunista como o Partido dos Comunistas Italianos assumiram pastas ministeriais no governo de Romano Prodi e apoiaram políticas económicas graves. Mas não só. Também apoiaram a participação de militares italianos em operações no Afeganistão e no Líbano. No campo sindical, a CGIL, à semelhança das Comisiones Obreras, tomou o caminho do reformismo. Passados dois anos de governo, ambos os partidos lançaram, com os Verdes, a coligação Esquerda Arco-Irís e este seria "o ano zero" da construção de um movimento forte. Uma das medidas, muito contestada, foi a não colocação da foice e do martelo no símbolo da coligação. Nas eleições, sofreram uma queda dos 10 porcento para os 3 por cento. Ou seja, no "ano zero", zero deputados. Afinal, parece que a inovação não resultou.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Berlusconi deve ganhar eleições


Os resultados divulgados, até ao momento, sobre as eleições legislativas em Itália, não são nada animadores. A vitória de Berlusconi é quase certa e a coligação de esquerda, onde participam a Refundação Comunista e os Comunistas Italianos, sofre uma grande queda. Nos próximos dias, não faltará espaço nos órgãos de comunicação social para a análise dos resultados. Contudo, pode prever-se que a coligação de esquerda foi afectada, fundamentalmente, pelo voto útil e, acima de tudo, pelas posições que alguns dos seus representantes assumiram no seio do último governo, chefiado por Romano Prodi. Nomeadamente, em relação à participação de tropas italianas no Afeganistão e no Líbano e à aprovação de algumas reformas laborais contra os trabalhadores.

domingo, 13 de abril de 2008

Não há circo sem palhaço


Afinal de contas, não pode haver circo sem um palhaço. E assim foi. No dia 20 de Março, o circo foi a Roma com muitas surpresas. Entre elas, um milagre que devolveu a vida às pernas de um paraplégico. Mas não um paraplégico qualquer. Um paraplégico que que assassinou centenas de pessoas. Em Cuba.

Um circo preparado pelo Comité de Defesa da Revolução [cubana] de Roma. Importa ler um pouco da vida do nosso protagonista para compreendermos a importância da iniciativa desta organização contra a apresentação de Armando Valladares na capital italiana.

Armando Valladares foi polícia da ditadura de Fulgencio Baptista. Depois da revolução cubana, em 1959, protagoniza uma campanha de atentados contra o país. As vitimas foram numerosas e a maior parte era constituida por civis. No dia 4 de Março de 1960, faz explodir o navio belga 'La Coubre' e em resultado da acção terrorista morrem 101 pessoas. Nesse mesmo ano, Valladares é preso enquanto preparava um novo atentado. O tribunal condena-o a 30 anos de prisão.

Nos anos 80, com Reagan na presidência dos Estados Unidos, será utilizado para tentar descredibilizar a revolução cubana e inventa um passado de poeta. Armando Valladares finge-se paraplégico e lança-se uma campanha mundial pela sua libertação. As autoridades cubanas não cedem.

Depois da sua libertação, não há qualquer poesia recente que se lhe reconheça. A última produção literária data de há 20 anos e trata-se de um livro de memórias que foi reeditado pela editora italiana Spirale.

Actualmente, é um gestor de sucesso numa empresa imobiliária com sede em Miami e que tem desenvolvido uma profunda especulação através deste negócio no norte do Estado espanhol. Com a subvenção pública da União Europeia de 60 milhões de euros.

sábado, 12 de abril de 2008

A burguesia serve-se da mulher na política

[Claudia Schiffer num anúncio da Citröen]
Dantes, a imagem da mulher vendia automóveis nos anúncios publicitários

[Nova ministra espanhola da Defesa]
Agora também vende governos ditos progressistas

"José Luis Rodríguez Zapatero confirmou o seu novo Governo, com uma maioria de mulheres nos ministérios. Nove contra oito homens. Trata-se 'do primeiro Governo da história onde há mais mulheres que homens', afirmou um orgulhoso Zapatero." El Mundo

Todos os direitos conquistados pelas mulheres foram-no através da luta de gerações e gerações de trabalhadores. Dos quais, a conquista da despenalização da interrupção voluntária da gravidez é apenas a vitória mais recente de uma longa batalha que há por travar. Na sociedade capitalista, não ter um pénis é a garantia, na maioria dos casos, de que se vai receber um salário inferior à média.

Contudo, agora há uma nova moda. A da paridade nos órgãos de soberania, nos quais se tenta igualar a participação de ambos os géneros. Através de um artificio, a burguesia tenta mascarar a sociedade. Não é através dessa receita que se vai melhorar a condição social, económica e laboral da mulheres trabalhadoras. Porque não é o género que dita a consciência política e social, por exemplo, dos deputados mas a classe social que defende.

O mesmo se passa em relação aos governantes. O facto de o Chile e de a Alemanha serem governados por mulheres não melhorou substancialmente a condição de vida das mulheres desses países. E não houve menos vítimas das políticas imperialistas dos Estados Unidos por Condoleeza Rice ter assumido a pasta do Departamento de Estado. Assim como um dos governos mais duros para a classe trabalhadora britânica, nas últimas décadas, foi o de Margaret Tatcher. Portanto, deve prevalecer a convicção de que o facto de o governo espanhol estar encabeçado por uma maioria de mulheres não quer dizer que isso reverta a favor de políticas com uma outra 'sensibilidade', como se gosta de afirmar. Não é por haver uma ministra da Defesa que o Estado espanhol vai abandonar o Afeganistão ou o Líbano.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

A anedota é uma arma


Naturalmente, o anedotário da classe trabalhadora é sempre uma forma de elevar o ânimo da nossa luta. Foi isso, aliás, que afirmou a dirigente comunista Margarida Botelho durante o programa Corredor do Poder da RTP1. Para romper o desânimo que provocam as traições constantes dos que nos governam, o povo caricatura-os.

A Rádio Moscovo publica aqui uma dessas anedotas que circulam pela internet e que representam bem o actual sentimento do povo português em relação aos responsáveis pelo actual estado de coisas.

Estava o engenheiro Sócrates em campanha pelo Alentejo, quando se depara com um alentejano a descansar. Decide então impingir-lhe a lenga-lenga do seu discurso de campanha. Os dois ficam ali a trocar palavras, até que Sócrates lhe pergunta:
- Se tivesse que trabalhar para o PCP, quando horas por dia faria ?
- Para o PCP ? Nem uma.
O engenheiro todo contente: este ao menos não é comuna, pensava para si.
- E para o CDS-PP, quantas horas faria ?
- Bom, para esses talvez umas 3, 4 horas diárias.
- E para o PSD ?
- Ah, para esses já trabalhava umas 8, vá lá, 10 horas.
- E aqui para o meu PS ?
-Oh engenheiro, trabalharia as horas que fossem necessárias. 24 sem parar.
Sócrates ficou impressionado pela dedicação.
-Assim é que é, compadre! Já agora, qual é a sua profissão?
-SOU COVEIRO!

Simpsons censurados na Venezuela?


"O Governo de Hugo Chávez proibiu a série norte-americana Os Simpsons, emitida no canal privado Televen, por considerar que esta ficção é "uma má influência" para todos os jovens." Diário de Notícias

"A Venezuela ‘tirou do ar’ Os Simpsons e chamou a atenção para a má influência que os desenhos animados amarelos podem ter nas crianças.
" Sol

"Los niños venezolanos ya no podrán ver Los Simpson. El gobierno de Chávez ha obligado a cambiar a Televen, un canal privado de televisión, el horario de la mítica serie protagonizada por Homer, Marge, Bart, Lisa y Maggie. La razón, es "una mala influencia" para los menores." El País

"Imaginemos que o departamento de protecção audiovisual para a infância do México ou do Peru requeria a uma televisão do seu país a mudança de horário da série Simpsons por não considerar adequada a sua emissão durante o horário infantil. Alguém imaginaria meia centena de capas de jornais [...] do tipo "Mexicanos não vão poder ver os Simpsons", "México proibe a emissão dos Simpsons" ou "Calderón [presidente mexicano] não gosta dos Simpsons"? Evidentemente, é difícil imaginar que dezenas de jornais possam fazer capa de uma notícia destas. Contudo, como isto se passa na Venezuela, a coisa muda de figura."

"O que aconteceu na Venezuela foi que o organismo regulador denominado Conselho de Telecomunicações, depois de receber várias queixas, determinou que, segundo a Lei de Responsabilidade Social na Rádio e Televisão que proíbe as "mensagens que atentam contra a formação integral das crianças e adolescentes", a série Simpsons devia abandonar o horário infantil no qual se emitia através da cadeia de televisão Televen. Portanto, todas as manchetes anteriores são falsas: não se proibe, não se impede a sua emissão (só se muda o horário), não se veta, os venezuelanos continuarão a vê-la, nem sequer se impede as crianças (que poderão faze-lo fora do horário infantil). Não sabemos Chávez gosta ou não [da série], o presidente [venezuelano] não ataca nenhuns desenhos animados nem os estrangula...A única censura que sofreram os Simpsons foir do seu próprio canal norte-americano, a Fox, que censurou num capítulo a frase "This sure is a lot like Irak will be", que poderia traduzir-se como "Isto parece-se muito com o Iraque". Faziam referência à imagem devastada de Springfield, a cidade dos Simpsons, que teria sido atacada por marcianos numa guerra em que a desculpa fora as armas de "desintegração" maciça."

Este excerto do artigo de Pascual Serrano que podemos encontrar no sítio Rebelión destapa bem os ridículos ataques que se tentam travar contra o governo venezuelano. Através da mentira e da manipulação, os jornais, entre os quais portugueses, tentam, novamente, conduzir a opinião mundial contra Hugo Chávez.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Estado perdoa dívida da UGT


"As Finanças perdoaram uma dívida de aproximadamente 10 milhões de euros de IVA ao Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI) [que pertence à UGT], respeitante a reembolsos obtidos indevidamente pelo sindicato entre 2003 e 2007."
Jornal de Negócios

Esta notícia não teve muito destaque. Mas convém resgata-la para que os leitores da Rádio Moscovo possam ter a noção de que respeitamos - e muito - o ditado popular "amizade com amizade se paga". E não é a primeira vez que a central sindical amarela se safa destas andanças. Também no ano passado, o tribunal absolveu a UGT na acusação de desvio de verbas do Fundo Social Europeu. A verdade é que se têm esforçado bastante para bloquear a luta dos trabalhadores e por abrir caminho - qual quebra-gelo - às políticas de direita. Portanto, eles mereceram.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Con Bolívar, con Manuel, con el pueblo, al poder!


"Se o povo vir em nós guerrilheiros autênticos, sentir-se-á ligado à luta e reforçará a sua solidariedade. Quando esta solidariedade conseguir elevar o nível da sua consciência, o movimento guerrilheiro crescerá. Crescerá então todo o movimento revolucionário". Manuel Marulanda

No momento em que foi assassinado Jorge Eliécer Gaitán, candidato do Partido Liberal às eleições presidenciais colombianas, um jovem estudante cubano caminhava pelas ruas de Bogotá. Fidel Castro, então representante da Federação de Estudantes Universitários [FEU] de Cuba, dirigia-se para o escritório de Gaitán, onde haviam combinado um encontro. Foi nas ruas que teve conhecimento do atentado que conduziria a uma das vagas mais violentas da história da Colômbia. Prontamente, Fidel aderiu à revolta, naquele que foi o seu baptismo de fogo. Para o futuro revolucionário, a experiência do levantamento contra o assassinato de Gaitán - conhecido como Bogotazo - foi essencial.

Mas esta experiência foi também essencial para a história presente do povo colombiano. A resposta popular à agressão fascista esteve na origem da criação de movimentos armados comunistas e liberais. A burguesia, através do presidente golpista Rojas Pinilla, procurou acabar com a violência, aliando conservadores e liberais, e ofereceu a amnistia a quem entregasse as armas. Desconfiados, os comunistas, que defendiam a capacidade de auto-defesa dos camponeses, acossados pela burguesia, recusaram cede-las. A reacção do Estado colombiano foi a de lançar a sua perseguição e repressão contra estes movimentos. Daí surgiu a Zona Libertada, criada por comunistas e alguns liberais dissidentes na região de Marquetália.

Naturalmente, na década seguinte, a experiência na Zona Libertada ganhou prestigio junto dos camponeses que a multiplicaram. Como em todas as vezes que o povo ousou tomar o poder e decidir o seu próprio destino, a burguesia, já na altura com o apoio dos Estados Unidos, lançou uma ofensiva contra as populações acusando-as de separatismo. Em 1964, como resposta ao ataque, um grupo de 64 guerrilheiros, essencialmente camponeses, parte para a selva e cria o Bloque Sur. E dois anos depois, na II Conferência do Bloque Sur, através da decisão do Partido Comunista, assume-se como Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia [FARC].

Num livro publicado por Jacobo Arenas, um dos principais ideólogos do movimento, em 1971, Manuel Marulanda, comandante das FARC, sustenta que "para a organização de uma guerrilha há que partir de princípios políticos e militares, de acordo com as características e as particularidades de cada região, e atender à situação política existente e às perspectivas do movimento revolucionário no país". Para tal, acrescenta, "uma guerrilha não conseguirá desenvolver-se nem fazer penetrar a sua política nas massas, se não existem condições políticas nacionais que garantam a popularidade das acções armadas".

Foi perante essa perspectiva que assumiu que é o Partido, "como destacamento revolucionário de vanguarda [que] dirige e orienta esta ligação com as massas, e traça para o movimento guerrilheiro a linha política e militar a seguir". Os revolucionários devem dar em cada dia à revolução o mais possível de si mesmos, acrescenta Marulanda. "É por isso que, cada dirigente, cada comandante, cada guerrilheiro, deve elevar o nível dos seus conhecimentos, deve assimilar a linha política do Partido e deve trabalhar dia e noite para o triunfo da nossa causa".

Uma das maiores provas de que as FARC não são uma organização terrorista foi dada em 1984. Durante o governo de Belisario Betancourt, a organização comunista vai acordar o cessar-fogo e assinar um acordo de paz. Correspondendo aos anseios do povo colombiano, não desperdiçou essa oportunidade para tentar alcançar o fim do conflito armado. Daí surgiu a formação da União Patriótica, movimento político que obteve grande apoio popular nas eleições. Uma vaga terrorista patrocinada pelos paramilitares apoiados pela burguesia levou à morte de mais de 4 mil membros da União Patriótica. Esta barbárie levou a que as FARC compreendessem que não havia lugar para a actividade legal e pacífica e continuou a luta armada.

Apesar da propaganda dos meios de comunicação social burgueses, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo [FARC-EP] ganharam o apoio de uma parte importante da população colombiana. Daí que mais de quatro décadas depois, a organização guerrilheira esteja presente em quase todo o território com quase 20 mil combatentes. Um número que, naturalmente, não inclui todos os que envolvidos na luta de massas trabalham por uma verdadeira mudança política num país onde só nos primeiros três meses de 2008 já foram assassinados 17 sindicalistas.

Uma realidade que não importa para os jornais, rádios e televisões que lançam sobre as FARC o epíteto de terroristas. Foram as FARC que através da intervenção de Hugo Chávez libertaram unilateralmente uma série de detidos. A resposta do presidente colombiano Alvaro Uribe atesta a sua vontade de alcançar a paz: assassinou o principal responsável pelas negociações para a libertação de prisioneiros. Se não bastasse a morte de Raúl Reyes para demonstrar o carácter fascista do Estado colombiano, bastaria a descrição do assassinato de milhares de sindicalistas para provar que a democracia na Colômbia é uma ilusão.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Criminalização da apologia do 'terrorismo'



Num colóquio sobre "Terrorismo e Segurança", organizado pela Academia de Ciências e pela revista "Segurança e Defesa", o ministro da Administração Interna Rui Pereira declarou que a apologia do terrorismo será crime em Portugal. Muito bem acompanhado pelo antigo ministro do Ultramar, no Estado fascista, Adriano Moreira, Rui Pereira sustentou a criminalização do apoio àquilo a que os Estado decidam que é ou não terrorismo.


Quando se deu o 11 de Setembro, o governo norte-americano soube que estavam criadas as condições para um ambiente favorável à deriva securitária e repressiva que hoje se verifica. Para além disso, com a implosão da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas [URSS], o movimento operário internacional sofreu um forte abalo, do qual ainda não recuperou.

É neste contexto que se desenvolvem as guerras imperialistas que já ceifaram a vida de milhões de pessoas em todo o mundo. Mas também é neste contexto que os representantes do capital, através dos seus governos, destroem direitos conquistados por gerações e gerações de trabalhadores. As políticas nacionais e internacionais correspondem aos interesses da mesma classe.

Por isso mesmo, agitam a bandeira do medo. Através das armas poderosas que possuem, como os meios de comunicação social, confundem as populações. Um combatente da Resistência Iraquiana é um terrorista mas Durão Barroso e José Sócrates que apoiaram militarmente a ocupação do Iraque e do Afeganistão são democratas. Nas mãos de cada um deles, há o sangue de todos os que morreram sob as balas do imperialismo.

Ainda assim, levantaram-se milhões de pessoas por todo o mundo contra a acção criminosa destes e doutros governantes. Apesar da implosão da URSS e da supremacia militar e económica dos Estados Unidos, os povos animam-se perante um reforço constante da sua força. Até porque sabem que a supremacia moral não está do lado do capitalismo.

A resposta securitária e repressiva dos Estados capitalistas não se deve à guerra internacional contra o terrorismo mas à guerra internacional contra os povos. É disso mesmo que se trata, de uma ofensiva generalizada e planificada contra os trabalhadores de todo os países.

Não admira, pois, que o governo português defenda a aprovação de uma lei que criminalize a apologia do terrorismo. Porque sabemos que, como afirmou Alfonso Sastre, para a comunicação social dominante, a guerra dos povos contra os ricos é considerada terrorismo e o terrorismo dos ricos contra os pobres é considerado guerra. Lembremo-nos da luta pela libertação nacional empreendida pelos povos de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Timor-Leste, etc.

Esta lei vai ser, certamente, construída à medida das organizações e associações políticas que no nosso país, honradamente, estão solidárias com as FARC-EP [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo] ou com a FPLP [Frente Popular de Libertação da Palestina]. Ou seja, amanhã, seremos criminalizados pelo simples acto de defendermos, por exemplo, quem luta pela libertação nacional da Palestina, do Iraque, do Afeganistão, do Curdistão, do País Basco. E depois de amanhã seremos criminalizados por defendermos os que foram, entretanto, ilegalizados por estarem do lado desses povos.

Rádio Moscovo, um farol na luta pelo socialismo


Durante quase um século, a Rádio Moscovo foi um farol na luta contra o imperialismo e pelo socialismo. Nas condições mais duras, muitas vezes na mais absoluta clandestinidade, os militantes comunistas e antifascistas encontraram na Rádio Moscovo um foco de ânimo e de esperança. Naturalmente, este blogue não tem tão elevada pretensão. Pretende-se, unicamente, dar mais um contributo para a luta. Para romper o bloqueio informativo dos meios de comunicação social da classe dominante, escuta mais um sinal combativo na frequência anti-imperialista!

A Rádio Moscovo deu inicio às suas transmissões em 1922 com uma estação RV-1 na capital russa. Em 1925, montou-se um segundo posto de transmissão em Leninegrado. Já em 1939, transmitia, através de onda curta e média, em cinco idiomas: francês, inglês, italiano, alemão e árabe. Transformou-se, assim, num posto avançado de informação contra o nazi-fascismo.

A Rádio Moscovo chegou aos Estados Unidos no inicio da década de 50. Mais tarde chegou ao Oeste norte-americano com estações transmissoras em Vladivostok. As primeiras transmissões para África realizaram-se no fim dessa mesma década em inglês e em francês. A partir de 1961, passa a emitir em três idiomas desse continente: amarico, suajili e hausa. Com o passar do tempo, a audiência africana teve a oportunidade de sintonizar a estação soviética noutras oito línguas. O primeiro noticiário unificado saiu para o ar em Agosto de 1963 e alcançou ouvintes em todo o mundo.

Na década seguinte, foi transmitido desde Moscovo o programa 'Escuta, Chile' elaborado por dirigentes, jornalistas e intelectuais do Partido Comunista do Chile no exílio. O programa teve a sua estreia uma semana depois do golpe fascista encabeçado pelo general Augusto Pinochet e que levou à morte do presidente Salvador Allende. Foi emitido, praticamente, até ao fim da ditadura.

A Rádio Moscovo chegou a transmitir em mais de 70 idiomas distintos a partir das suas mais de 30 estações de elevada potência situadas na União Soviética, no Leste Europeu e em Cuba. O sistema de transmissão por onda curta da emissora soviética nunca foi igualada em potência, orientação e alcance.

Fonte: Wikipédia