sexta-feira, 20 de junho de 2008

Os melhores do mundo

Não se preocupem, sou português e bastante patriota mas não posso deixar de admitir que me sinto aliviado por, finalmente, ter acabado a febre do Campeonato Europeu de Futebol. Não lhe dou mais importância que a qualquer outro desporto. Para mim, todos os desportos têm a sua beleza e fazem bem ao corpo e à cabeça. Mas o futebol profissional deixou de ser um desporto para ser um espectáculo mediático que rende milhões aos mesmos de sempre. Daí não me espantar que os jogadores da selecção portuguesa regressem a casa mais cedo (seja ela em Portugal, no Brasil, em Inglaterra ou em Espanha). Pelo que vi, criou-se um mito à volta das capacidades dos jogadores portugueses (e brasileiros) estimulado pela comunicação social do nosso país, nunca ou raramente objectiva nestas coisas do futebol. Depois, pela mesma lógica do jornalismo dos nossos dias, patrocinou-se a funalização com o explorar das hipotéticas contratações de Cristiano Ronaldo e de Felipe Scolari pelo Real Madrid e pelo Chelsea, respectivamente. E, claro, o mito do "melhor do mundo", como se isso superasse a realidade de um jogo que se disputa entre equipas de 11 jogadores.

Por isso, largámos esse planeta longínquo, onde há gente que ganha milhões por jogar futebol (e às vezes mal) para regressarmos ao planeta azul onde se aprovam directivas que implementam as 65 horas semanais de trabalho, onde se aprovam códigos do trabalho que instituem o retrocesso social, onde a democracia se esconde na sombra dos que não respeitam a vontade dos povos, onde a luta é mais importante do que o futebol. Porque os melhores do mundo são os explorados que fazem andar esta coisa chamada Terra.

1 comentário:

Orlando Gonçalves disse...

Concordo e assino em baixo.
E assim se fala em bom Português.