quinta-feira, 8 de maio de 2008

Israel: 60 anos de terrorismo com Estado

Montra de uma loja de fotografias em Damasco
@RadioMoscovo

Perante o ar cúmplice da comunidade internacional, Israel declarava, há 60 anos, a formação do seu Estado. Estava legitimada a ocupação da Palestina. Desde então, Israel desenvolveu-se como Estado terrorista ocupando os países vizinhos, cometendo massacres, empreendendo prisões massivas, obrigando ao exílio de milhões de pessoas, dotando-se de um poderio bélico horrendo. Tudo com o apoio dos Estados Unidos e da União Europeia. Mas, claro, como se afirmou hoje, na TVI, os milhares de mortos israelitas foram "vitimas de atentados terroristas". Tenta-se mascarar o verdadeiro agressor como agredido.

Quando estive na Síria, conheci inúmeros palestinianos exilados. Pelo menos em Damasco vivem cerca de cem mil, entre cerca de um milhão de sírios. Portanto, é normal que se acabe por falar com algum. Não houve um único que não tivesse saudades ou que não quisesse regressar à sua terra. Principalmente, aqueles que nunca a viram senão pelas fotografias dos seus pais e dos seus avós. E todos se mostraram agradecidos por tudo o que a Síria fez por eles. Na verdade, segundo alguns me contaram, é o país que melhor trata o seu povo.

Também recolhi impressões do outro lado. Os sírios vêem os palestinianos como irmãos e, pelas suas palavras, notamos que não há qualquer animosidade entre ambos. Em relação a Israel, a definição é clara: o inimigo. É isso mesmo que está exposto na pintura que decora a estação de caminhos-de-ferro de Alepo, a segunda maior cidade síria. Um quadro que ilustra os combates contra o exército israelita, há 41 anos, na guerra dos seis dias, que abriu feridas que ainda duram como a ocupação dos Montes Golã.

Muitos dos sírios falaram-me também das relações com os países socialistas europeus. Entre os quais, um médico explicou-me que havia estudado na Checoslováquia e que mantinha, hoje, no seu escritório uma fotografia de José Estaline. Num dos dias, depois de ver inúmeros jovens com t-shirts do Che Guevara, vesti uma com um símbolo soviético que me proporcionou uma interessante conversa com um vendedor de sumos naturais. Depois de me perguntar, com muita insistência, se lha podia oferecer, contou-me que não só via com admiração a experiência soviética mas também que encarava aquele símbolo como uma força anti-imperialista.

Naturalmente, o discurso anti-imperialista colhe muitos adeptos numa região que sofre com as ofensivas israelitas e norte-americanas. Um turista francês contou-me como num bar viu os clientes contestarem as afirmações da CNN que diziam que um helicóptero dos Estados Unidos se havia despenhado no Iraque por avaria. "Foi a resistência, mentirosos!". Aliás, esta solidariedade com os resistentes iraquianos provei-a eu no mercado de Damasco quando comprei as duas últimas t-shirts com a bandeira iraquiana. Os vendedores explicaram-me que era um dos produtos mais vendidos.

@France Press

Mas a solidariedade internacionalista do povo sírio não se dirige apenas para os palestinianos e iraquianos. O Líbano é encarado como mais do que um irmão. Em qualquer rua e em qualquer estabelecimento podemos ver cartazes, faixas, fotos e autocolantes com a cara do líder do Hezbollah. Mas também podemos assistir à nova moda. No meio do trânsito caótico das grandes cidades, os automóveis têm colada não só a cara do presidente da República mas também a de Nasrallah.

É um facto que não tem discussão. Os povos árabes têm razões de sobra para não gostar do Estado israelita. Poucos dias depois de sair do país, o exército sionista lançou um ataque sobre a Síria. Um ano antes, Israel havia invadido o Líbano, assassinando milhares de pessoas. A Palestina continua barbaramente ocupada.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Piada do dia

A UGT disse que alguns partidos querem condicionar a actividade sindical, a propósito da moção de censura apresentada pelo PCP contra o governo. Como se não fosse a UGT um braço do PS e do governo para condicionar as negociações.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Mosaico Insurreccional, novo álbum das FARC


A mais recente produção musical das FARC-EP chegou às páginas da internet. "Mosaico Insurreccional" tem a marca sonora dos camaradas farianos e transmite as vibrações dos combatentes colombianos por um mundo livre de guerra e de exploração. Faz o download e passa a mensagem. Porque não são terroristas, são revolucionários.

Fica aqui a lista de canções:

01 SantaClara
02 Mosaico insurrección
03 El guerrero
04 Mi carrito
05 El Huracán
06 La expedición
07 La vida es lucha
08 Prisioneros
09 Soneto del Terreiro
10 Estrella Roja

11. No ha muerto mi Partido

12. Juro Que Te Adoro


Para ouvir outros álbuns clicar aqui

O povo unido jamais será vencido!


O povo boliviano viveu ontem uma dura prova de resistência. Contra o referendo divisionista e racista promovido pelas elites, levantaram-se os trabalhadores das zonas plebiscitadas. Por exemplo, nos subúrbios de Santa Cruz, bloquearam o acesso às áreas de voto, incendiaram as urnas e os boletins - alguns já manipulados. Mas não foi caso único. Nas estradas, houve piquetes para impedir a distribuição do material de votação para o referendo, não reconhecido por ninguém senão pelos promotores. Não faltou, no entanto, a violência contra quem defendia a legalidade. O povo teve de derrotar quem andou a tentar obrigar gente a votar.

Contudo, jornais, rádios e televisões de todo o mundo destacam o sucesso do referendo e a vitória dos separatistas. Os resultados anunciados dão conta de 85,9 por cento dos votos na opção secessionista. Afinal, quem tem razão?

Na verdade, 85,9 por cento dos votos escrutinados correspondem à opção secessionista. Mas a comunicação social comprometida com a burguesia não refere a abstenção. Mais de 40 por cento da população correspondeu ao apelo do governo de Evo Morales e recusou-se a reconhecer a validade do refendo. Para além disso, houve mais de 10 por cento de votantes que recusaram a divisão da Bolívia. Ou seja, mais de 50 por cento da população voltou costas às intenções da burguesia.

O motivo da manipulação dos factos deve-se, como sempre, à tentativa de criação de condições para derrubar o governo progressista de Evo Morales, o índio que chegou à presidência da Bolívia com o apoio de grande parte dos trabalhadores. Desde então, já procedeu à nacionalização de diversas empresas e tem promovido políticas contra a discriminação sobre os indígenas que conformam a maior parte da população. Na linha da oposição encontram-se os latifundiários e os patrões das grandes empresas apoiados pelos dólares norte-americanos.

domingo, 4 de maio de 2008

Só é terrorismo quando lhes importa


Trecho de "O bom povo"

A propósito da morte do Cónego Melo, o CDS/PP entendeu apresentar uma moção de pesar pelo falecimento do herói de todos aqueles que quiseram sabotar a nossa revolução. Naturalmente, para os populares, o "Monsenhor Eduardo Melo dedicou toda a sua vida à Igreja, aos outros, à sua cidade e ao País. Em 1975, teve um papel decisivo na luta pela preservação das liberdades e pela instauração de uma democracia parlamentar". O PSD, de forma evidente, corroborou estas palavras. Por sua vez, o PS afirmou que "jamais votaria contra o pesar pela morte de alguém". E de alguém que tanto ajudou o seu partido, poderia ter acrescentado.

A verdade é que todos estes partidos estiveram envolvidos com os terroristas que durante a revolução assassinaram e espancaram activistas de esquerda, rebentaram com sedes de partidos e organizações e espalharam o ódio anti-comunista por todo o país. Bem a propósito, o blogue Waiting For The Sun recolhe memórias desse tempo, que rapidamente se tentaram esconder para limpar as mãos sujas de sangue do CDS/PP, do PSD e do PS. Os artigos publicados evidenciam as ligações entre os três partidos e a rede bombista. E, naturalmente, descreve as personagens que são, hoje, muitas delas, acusadas de crime e de corrupção.

“Os financiadores do MDLP foram figuras ligadas à banca e à indústria no antigo regime, como António Champalimaud, Manuel Bullosa, Queirós Pereira e Miguel Quina. (...) A um outro nível, figuras como os industriais Ferreira Torres, (...) Rui Castro Lopo, (...) o comendador Abílio Oliveira, de Santo Tirso, Valentim Loureiro, foram financiadores mais ligados às estruturas operacionais do movimento (...)”

“Os homens mais ligados à actividade ofensiva contra a esquerda em 1975 foram Alpoim Calvão, (...) Ramiro Moreira, chefe de segurança do então PPD, (...) e Manuel Macedo, industrial nortenho agora alvo de uma investigação da Polícia Judiciária por suspeitas de espionagem a favor da Indonésia (...)"

Mas no terreno misturava-se tudo: o MDLP era apoiado por um vasto leque de ex-agentes e oficiais da PIDE e da Legião Portuguesa(...)”

“(...) As relações com o CDS eram muito próximas, tal como com o PSD, por afinidades ideológicas, nessa altura já evidentes. (...)”

“A estrutura política do MDLP tinha, por assim dizer, três pólos.
Um primeiro gravitava à volta das movimentações de António Spínola, (...) Um segundo núcleo era constituído pelo grupo operacional que tinha um enorme peso nas decisões e que vivia sobretudo das movimentações de Alpoim Calvão. Por fim, os homens que formavam um grupo político encarregado de pensar o programa do movimento e definir passos estratégicos. (...)”

“MDLP assumia no seu programa que, "numa primeira fase", pretendia "enquadrar e apoiar o povo português na sua luta contra a implantação em Portugal de qualquer regime totalitário". Foi durante esta fase que a organização recorreu a todos os meios para encurralar o PCP numa investida que, no limite, poderia culminar na ilegalização deste partido. (...)”

em Publico.pt


Lista de atentados durante a revolução:

26/05/75 - Violência anticomunista. Ataque a sede do MDP em Bragança

03/06/75 - Atentados bombistas da direita, em Lisboa.

19/06/75 - Rebenta bomba junto da Igreja da Graça em Lisboa.

13/07/75 - Violência anticomunista. Começa a escalada de assalto a sedes de partidos de esquerda, com a destruição das sedes PCP e da FSP em Rio Maior.

21/07/75 - Assalto a sedes do PCP em Estarreja, Aveiro, Castelo Branco, Oliveira de Azemeis e Camanhã. Bomba destrói rádio-farol em Vilar Formoso. Destruída sede do MDP e sala da câmara em Matosinhos.

16/08/75 - Violência anticomunista. Boicote a comício do PCP em Alcobaça. Incidentes em Braga no fim de um comício do MRPP. Bombas contra sede do MES em Vila Nova de Gaia. Assalto a sede do PCP em Algoz.

26/08/75 - Assaltos em Leiria (MDP), Porto, na Areosa (PCP), Peniche (PCP) e bomba na FSP em Lisboa.

27/08/75 - Assaltos em Leiria (LCI e FEC) e Esmoriz (PCP)

31/08/75 - Assalto em Cinfães (MDP). Atentado bombista contra a Emissora Nacional na Madeira.

07/09/75 - Violência anticomunista. Bomba na Efacec em Matosinhos.

15/09/75 - Violência anticomunista. Explosões na Emissora Nacional da Guarda. Tentativa de assalto ao RCP de Miramar.

20/09/75 - Violência anticomunista. Bombas na Batalha

21/09/75 - Bomba na messe da Marinha em Cascais onde dormia Pinheiro de Azevedo

21/09/75 - Violência anticomunista. Bombas no Porto e em Leiria.

22/09/75 - Bomba contra sede do PCP na Marinha Grande

24/09/75 - Bomba contra sede do PCP em Vieira do Minho e na E. Nac. De Bragança

25/09/75 - Violência anticomunista/ Terrorismo de Direita. Bombas num automóvel em Monsanto. Morte de três elementos de um comando do ELP que tentavam fazer explodir antena da RTP.

09/10/75 - Atentado contra sindicalista em Montoito

09/10/75 - Bombas contra MDP e delegação do ministério da agricultura em Mirandela

10/10/75 - Atentado contra militante do PCP em Elvas

10/10/75 - Violência de Direita. Bombas em Lagos e Viana do Castelo

15/10/75 - Bomba contra militante do PCP em Fafe. No Porto contra sede da LCI. Em Elvas contra a Estação de Melhoramento de Plantas.

16/10/75 - Bomba em Alcácer do Sal contra instalações do ministério da agricultura

17/10/75 - Bomba anticomunista em Melgaço

18/10/75 Incendiada sede da UDP no Porto

21/10/75 - Bomba contra livraria comunista no Porto.

23/10/75 - - Violência anticomunista. Tiros em Lisboa contra viatura do RALIS

25/10/75 - Terrorismo de Direita/Violência anticomunista. Cinco bombas em Lisboa contra carros de militares de esquerda

25/10/75 - Violência anticomunista. Bomba contra a Editorial Inova do Porto

29/10/75 - Bombas contra militante do PCP no Porto.

30/10/75 - Bomba anticomunista em Mirandela

31/10/75 - Bombas anticomunistas em Fafe e Vila Nova de Famalicão

02/11/75 - Violência anticomunista. Bombas em Chaves, em Lisboa e na Madeira.

03/11/75 - Terrorismo de Direita. Bomba em Lisboa contra viatura da Academia Militar.

05/11/75 - Violência anticomunista. Petardos em águeda, évora, Gaia, Porto e no Comando Naval dos Açores. Bombas contra sindicalistas no Porto e em Beja

06/11/75 - Bomba contra militante comunista em Valpaços.

14/11/75 - Bombas no Porto contra a Intersindical, a UEC e o Rádio Clube Português.

16/11/75 - Bombas em Melgaço e Matosinhos.

17/11/75 - Violência de Direita. Bomba em Coimbra contra militante da LCI. Assalto ao munícipio de Alfândega da Fé.

18/11/75 - Terrorismo anticomunista. Bomba em Lisboa contra livraria do Diário de Notícias

27/11/75 - Bombas em Braga, Viana do Castelo e no Porto

30/11/75 - Bomba contra sede do PCP em Fafe

04/12/75 - Bomba contra sede do PCP em Vila Nova de Famalicão

23/12/75 - Bombas contra sedes do PCP em Freamunde e Póvoa do Varzim.

25/12/75 - Terrorismo anticomunista. Bomba contra livraria comunista em Vila Nova de Gaia.

02/01/76 - Rede bombista de direita. Assalto a centro de trabalho do PCP no Montijo. Começa a vaga de ataques da rede bombista de direita. Metralhada a livraria Vitor em Braga

07/01/76 - Rede bombista. Bomba na cooperativa árvores do Porto. Petardo no domicílio de militante do MDP na Póvoa do Varzim.

08/01/76 - Violência anticomunista. Petardo contra militante do PCP em Fafe. Bomba em carro de funcionário do IRA em Coruche. Bomba em Amarante contra autarca. Rajadas de metralhadora em Braga contra carro de turistas espanhóis

13/01/76 - Rebentam uma série de bombas contra militantes ou instalações ligadas aos comunistas em Rio Tinto, Porto e Monchique. Agredido militante do PS em Fátima

14/01/76 - Bombas em tabacaria e pastelaria no Porto

16/01/76 - Bombas em Montemor-o-Novo (contra PCP), Vila do Conde (sessão do MDP) e évora (sede do PS). Petardos contra navio soviético em Leixões. Incidentes em Esposende (bomba contra autarca). Petardos contra casas de militantes de esquerda em Fafe

17/01/76 - Terrorismo anticomunista. Bomba contra militante do MDP em Santo Tirso. Outras bombas em Viseu, Viana do Castelo e Olhalvo.

19/01/76 - Petardo contra casa de militante do PCP em Bragança.

20/01/76 - Bomba contra sede do MES em Faro.

21/01/76 - Bombas da Direita. Rebentamentos em Mértola, Santo Tirso, Porto, Arruda dos Vinhos, Seia, Gouveia, Braga, Lisboa, S. Martinho do Porto e Braga.

29/01/76 Incêndio destrói sedes do MES, UDP, FSP e FEC na Covilhã. Seis atentados em Braga.

30/01/76 - Violência de Direita. Comandos CODECO assaltam instalações da Standard Eléctrica em Cascais.

03/02/76 - Assalto a sede do PCP em Mirandela. O últimos dos centros comunistas ainda em funcionamento em Trás-os-Montes.

07/02/76 - Violência de direita. Bombas em Penalva do Castelo e Mangualde.

13/02/76 - Assalto a centro de trabalho do PCP em Mirandela.

15/02/76 - Assalto a centro de trabalho do PCP em Tortosendo.

12/03/76 - Dois elementos do PCP são espancados em Braga

15/03/76 - Granadas contra sede do PCP em Espinho.

03/04/76 - Morte do Padre Max da UDP na zona de Vila Real, por atentado bombista

29/04/76 - Suspensão do MDLP. Spínola, no Rio de Janeiro, suspende a actividade do MDLP.

em ISCSP

sábado, 3 de maio de 2008

Todos com a Bolívia


"O processo de mudanças a favor das maiorias na Bolívia corre o risco de ser brutalmente coartado. A ascensão ao poder de um presidente indígena, eleito com um apoio sem precedentes nesse país, e os seus programas de beneficio popular e de recuperação dos recursos naturais, tiveram que enfrentar desde os primeiros momentos as conspirações oligárquicas e a ingerência imperial.

Nos dias mais recentes, a escalada conspirativa alcançou as suas cotas máximas. As acções subversivas e anticonstitucionais com que os grupos oligárquicos pretendem dividir a nação boliviana reflectem a mentalidade racista e elitista destes sectores e constituem um perigosíssimo precedente, não só para a integridade desse país, mas também para a integridade de outros países da nossa região.

A história mostra com sobrada eloquência as terríveis consequências que em todos os terrenos têm tido para a humanidade os processos divisionistas e separatistas induzidos e respaldados por poderosos interesses forâneos.

Diante desta situação, os abaixo-assinados queremos expressar o nosso apoio ao governo do Presidente Evo Morales Ayma, às suas políticas de mudança e ao processo constituinte soberano do povo boliviano. Ao mesmo tempo, rejeitamos o chamado Estatuto autonómico de Santa Cruz pelo seu carácter inconstitucional e por atentar contra a unidade de uma nação da nossa América.
Chamamos todas as pessoas de boa vontade a unirmos as nossas vozes para denunciar por todas as vias possíveis esta manobra divisionista e desestabilizadora numa hora histórica para a América Latina."

Assina!

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Trabalhadores de todos os países, uni-vos!


1º de Maio de 1983 em Moscovo

No ano passado, tive a oportunidade de conhecer alguns comunistas turcos em Istambul. Levaram-me, na altura, à Praça Taksim e explicaram-me que foi ali que se deu o massacre do 1º de Maio de 1977. A polícia carregou sobre a manifestação e dispararam do topo dos edifícios que cercam a área. Nesse dia, morreram 36 trabalhadores.

Desde então, os sindicatos e os partidos de esquerda têm convocado as marchas do 1º de Maio na direcção daquela praça. Apesar das proibições, todos os anos tentam alcança-la para recordar os mártires de 1977 e todos os anos há confrontos, centenas de feridos e centenas de detidos. Contaram-me, aliás, os camaradas turcos, a história absurda de que a polícia esgotou, no ano passado, todo o stock nacional de granadas de gás lacrimogéneo só naquela manifestação. Entre os amigos que conheci, muitos foram alvo da brutalidade policial e visitaram os centros de detenção.

Os confrontos foram de tal ordem que a polícia impediu a chegada dos ferryboats que atravessam o Bósforo, que divide a cidade. Numa dessas ocasiões, os comunistas turcos, impedidos de atracar na parte asiática de Istambul, onde se encontra Taksim, tomaram o barco, içaram a bandeira do Partido e estenderam as suas faixas. Foi ali que fizeram o seu 1º de Maio.

Ontem, os confrontos repetiram-se, com as detenções a chegarem quase ao milhar, uma vez mais a repressão policial foi brutal para impedir os trabalhadores turcos de homenagearem os seus mortos. E os comunistas, como sempre, estiveram na linha da frente.

Em Portugal, a CGTP reuniu mais de 150 mil trabalhadores em todo o país. No regresso à Alameda, desfilaram cerca de 85 mil pessoas, uma das manifestações mais fortes dos últimos meses. Curiosamente, os meios de comunicação social preferiram dar destaque ao passeio da UGT pela Avenida da Liberdade que reuniu, segundo dizem, 25 mil pessoas. E onde não houve sequer palavras-de-ordem.