sexta-feira, 16 de maio de 2008

Cavaco: o exterminador implacável

Cavaco apoia os jovens. Não nos esqueçamos que a primeira medida que tomou como Presidente da República foi a promulgação da reforma do Ensino Superior adaptado ao Tratado de Bolonha. Depois, tomou-lhe o gosto e aprovou o Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior. Quando era primeiro-ministro, lançou a lei que, pela primeira vez, viria a implementar as propinas. Ou seja, em quase todas as políticas educativas orientadas para a destruição do Ensino Superior público está o nosso exterminador implacável. Mas Cavaco apoia os jovens. Aprecia-os.

"Chama-se Gilberto Raimundo, tem 21 anos, e foi ontem, à frente da Assembleia da República brutalmente espancado por um polícia. Um rosto, a sangrar, entre outros. Milhares de estudantes protestavam contra as propinas. A polícia investiu e nem o Major Tomé foi poupado. Atacaram pelas costas e foi isso que mais chocou os estudantes. Os traseuntes, também, que, estando ali por acaso foram alvo da bordoada. Um idoso foi espancado. Estava ao pé da paragem 100."

Cadi Fernandes, Diário de Notícias.
Quinta-Feira 25 de Novembro de 1993.


quinta-feira, 15 de maio de 2008

Os Camaradas


Os Camaradas é um telefilme francês dividido por três episódios de 90 minutos cada um. Foi realizado por François Luciani em 2006 e emitido em Janeiro e Fevereiro de 2007 na France 2. Entre as personagens principais encontram-se seis jovens resistentes comunistas, depois da Libertação. O genérico é bom. Mas como nem tudo o que parece é, há que vê-lo.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

É a democracia, estúpido!

Soldado israelita protege-se de terrorista

"Mas, note-se: a Venezuela de Chávez também não é exactamente uma democracia e José Sócrates está em Caracas a acautelar os interesses da comunidade portuguesa residente e dos homens de negócios que integram a sua comitiva. E ainda bem."

"Mas este Israel que celebra hoje 60 anos, e que é um caso raro de democracia e de prosperidade económica no Médio Oriente, é também um pequeno país que vive obcecado pela sua segurança, sentindo-se cercado pela hostilidade árabe e, sobretudo nos últimos tempos, também iraniana."

Editorial do Diário de Notícias

Admito-o sem problemas: não gosto da maioria dos comentadores. São arrogantes e assumem a defesa obstinada da ideologia dominante sem o mínimo sentido crítico. Mas tomara que isso fosse o pior. Normalmente, usam as suas colunas para sustentar a mentira.

Vejamos, então, o caso caricato do democrático Estado que tem as mãos sujas do sangue dos mortos de Sabra e Chatila - para dar apenas um massacre como exemplo - e que mantém nas suas prisões milhares de presos políticos. E, depois, passemos os olhos pela ditadura latino-americana que não segue os bons exemplos da União Europeia.

Por um lado, discordo do editorial do Diário de Notícias quando diz que Israel é um "caso raro de democracia". Infelizmente, devia ser raro - para não dizer impossível - classificar-se um Estado que se desenvolve através do terror sobre o povo palestiniano como um Estado democrático. Por outro lado, dá-me nauseas que alguém subverta a realidade transformando o agressor em agredido e o agredido em agressor. A "hostilidade árabe" não tem, infelizmente, aviões e tanques norte-americanos para se defender da democracia sionista. Portanto, continuaremos a assistir, nos próximos anos, à morte de civis palestinianos, à sua prisão e tortura, à destruição das suas casas, enquanto as democracias europeia e norte-americana apoiam Israel e legitimam a ocupação. Democrática, claro.

Quanto à Venezuela "de Chávez", não podia estar mais de acordo. Afinal, um país que elege o seu presidente através de eleições consideradas democráticas pelos observadores internacionais só pode ser uma ditadura. Mas isto não é o mais grave. A Venezuela bolivariana ousou ultrapassar todos os limites quando não seguiu o exemplo da União Europeia. Em 2007, o governo decidiu referendar uma nova Constituição que foi chumbada pelo voto popular. E pior: o ditador Hugo Chávez reconheceu o resultado! Assim não há democracia que sobreviva.

Edit: Luís Delgado, José Manuel Fernandes, João César das Neves e João Marcelino são apenas alguns dos pontas-de-lança do capital na luta das ideias. Basta recordar que há poucas semanas João César das Neves destacava a liberalização do mercado como solução para o fim da crise alimentar. Através do editorial do Diário de Notícias, João Marcelino demonstrou hoje, uma vez mais, qual a linha ideológica do jornal que dirige.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Imaginação? Trabalhadores ao poder!

"Creio que uma das dimensões fundamentais da França de 68 foi a de juntar, um ao lado do outro, o capitalismo e o comunismo. Sessenta e oito é o principio da desconstrução do comunismo." Daniel Cohn-Bendit, protagonista do Maio de 68.

Nuns sítios dizem que foi uma revolução. Noutros dizem que não foi apenas uma revolução, foi a revolução mais importante do século XX. Há quem diga que desde então nada ficou como dantes, que tudo mudou. Mas sou jovem - "não explicam, pá!" - e fico espantado quando me dizem que não estão a falar da Revolução de Outubro. É o Maio de 68, estúpido!

Pelo que se diz, com a mesma rapidez com que se insurgiram, recolheram em suas casas. Faz-me lembrar a malta que, nos domingos, vai aos estádios libertar a raiva. Neste caso, foi um domingo que demorou um mês. Mas, para que não digam que sou má-língua, admita-se: houve conquistas salariais e isso, naturalmente, é importante. Ora, daí a que se diga que foi uma revolução vai uma distância como de Lisboa a Camberra.

Aborrece-me que se endeuse o Maio de 68 e que se crie uma atmosfera mediatizada em seu torno que não reflecte o que realmente foi. Naquele tempo, o foco esteve no movimento estudantil e daí o fascínio e a paixão de muitos intelectuais. Não foi um acontecimento conduzido pela classe trabalhadora. Normalmente, essa é aborrecida e não há aquela espontaneidade que anima qualquer circo de variedades. Porque a luta de classes é uma guerra, exige disciplina, estratégia e consequência.

Não queria deixar, no entanto, de recordar a poesia nas ruas de Paris para sustentar que o mais importante é o conteúdo e não a forma. As parisienses com as suas mini-saias eram belas. Mas as camponesas do Alentejo eram revolucionárias e não as trocaria por nada.

Algumas pérolas do Maio de 68:

"Trabalhador: Tens 25 anos mas o teu sindicato é do século passado"

"Faça o favor de deixar o Partido Comunista tão limpo ao sair como gostarias de encontra-lo ao entrar" (Isso já não é preciso, a esfregona eurocomunista limpou tudo, também em Itália e em Espanha)

"Não queremos um mundo onde a garantia de não morrer de fome suponha o risco de morrer de aborrecimento"(Os filhos da burguesia francesa não morriam de fome, disso já sabiamos)

Algumas pérolas do meu Maio de 2008:

"O Maio de 68 pariu um rato"

"Nas barricadas de 68, fogo só de vista"

"Só a imaginação esteve no poder"

E porque a maioria dos dirigentes estudantis do Maio de 68 se transformaram em burocratas do capitalismo "com rosto humano", não resisto em deixar esta máxima lançada por eles:

"A humanidade não será feliz até ao dia em que o último burocrata seja enforcado com as tripas do último capitalista".

sábado, 10 de maio de 2008

O Homem não veio do macaco


João César das Neves quando tinha dez anos. (Pronto, não é. Mas podia ser.)

Petróleo? Não, obrigado.

Soldado americano no Iraque (ou na Amadora se tivessemos petróleo)

Bem sei que andamos mal de combustíveis. Mas não deixei de ficar aliviado quando António Oliveira, presidente do Estrela da Amadora, para justificar o não pagamento dos salários dos jogadores, afirmou que o clube não tem qualquer poço de petróleo. Com estas coisas não se brinca e é caso para se ter medo - eu, pelo menos, não o desejo a ninguém. É que, normalmente, por trás de uma jazida de petróleo há um bombardeamento norte-americano à espreita.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

"Democracia" burguesa e o "autoritarismo" popular

O Presidente da República, Cavaco Silva, acaba de promulgar o Tratado de Lisboa. É assim que funciona a democracia burguesa, só se deve perguntar ao povo se ele aceitar responder o que nós queremos. Aliás, foi isso que aconteceu aquando da vitória do Hamas nas eleições legislativas palestinianas. Em vez de a União Europeia respeitar os resultados preferiu dizer que foi uma má resposta do povo e cortou-lhe as ajudas financeiras.

Mas é interessante ver países como a Venezuela, cujo governo é considerado autoritário pelo União Europeia e Estados Unidos, referendarem a sua Constituição e aceitarem democraticamente o resultado negativo. Também é interessante o exemplo dado hoje pelo senado boliviano de agendar um referendo revogatório para ouvir a vontade do povo. Naturalmente, foi uma proposta dos representantes do capital mas foi aprovada pelos representantes do governo. Tanto Hugo Chávez como Evo Morales não pertencem à estirpe da canalha que nos governa. Não têm medo do povo.

Valha-nos a Irlanda.