sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Documentário das FARC-EP

Deixamo-vos aqui o primeiro de 13 vídeos do mais recente documentário sobre as FARC - A Insurgência do Século XXI - que foram introduzidos no Youtube. Há uns meses, referimos a perseguição do Estado colombiano à divulgação deste trabalho cujos autores se desconhecem. Agora, terão a oportunidade de o ver e de conhecer melhor a realidade de uma das mais importantes organizações comunistas da América Latina. Para além disso, alguns dos emocionantes factos retratados foram vividos directamente por redactores da Rádio Moscovo.

Viva Raúl Reyes, Jacobo Arenas e Manuel Marulanda!
Viva a resistência do povo colombiano!
A luta é o único caminho!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A revolução não será televisionada

Portugal está subterrado por escândalos. E como a excepção passou a norma, parece que ficámos anestesiados.

Dantes, o capital português resguardava-se mais. Havia algum recato. O processo contra-revolucionário amadurecia e o trabalho contra as conquistas de Abril começava a dar os seus frutos. O Partido Socialista implementava o seu “socialismo democrático” e o Partido Social-Democrata conduzia Portugal rumo à consigna “paz, pão, povo e liberdade”. Então, em nome do mercado livre, privatizou-se. E entre os mais violentos golpes desferidos, a comunicação social foi das primeiras a cair. Primeiro, jornais, revistas e rádios foram entregues de bandeja à iniciativa privada. Depois, os abutres conduziram as pequenas empresas à asfixia económica e construíram os seus impérios mediáticos.

Comecemos por baixo. Na base da cadeia alimentar, encontram-se os jornalistas estagiários. Por norma, recebem subsídio de alimentação e de transporte. Nada mais. Sujeitam-se a todo o tipo de trabalho. Nem sequer podem assinar as suas peças e tudo o que fazem pode ser alterado pelo editor. Há redacções que quase só funcionam com estagiários. São os mais vulneráveis. Querem um contrato de trabalho e, naturalmente, são facilmente manipuláveis. Depois, temos os jornalistas. A larga maioria tem um contrato precário. Ou seja, nunca sabem se estarão mais do que seis meses ou um ano naquela redacção. Estão altamente condicionados por esse facto. Há os que estão efectivos na empresa mas que se ousarem contestar as decisões editoriais serão “emprateleirados”. Ou seja, serão enviados para áreas onde não possam fazer grande mossa. Mais acima, estão os editores. Têm grande poder porque, efectivamente, são eles que aplicam as directrizes. Como qualquer capataz, podem ser objecto de grande ódio. Os directores estão lá longe, mais perto dos proprietários do órgão de comunicação social. Não se sujam.

É ali que se fabrica a realidade. Debaixo das nuvens de tabaco, em muitos casos, pesa a consciência dos jornalistas. Infelizmente, nem sempre. Pelo que se omitiu, pelo que se manipulou, pelo que se mentiu. E como, para a maioria das pessoas, o que passa nos media é o que realmente aconteceu, então, nada mais aconteceu. Tudo o resto vai para o cemitério de acontecimentos inverosímeis. Porque se tivesse acontecido teria passado no telejornal. Por isso, em 1971, Gil Scott-Heron cantava pelos bairros negros que a revolução não seria televisionada. Seria ao vivo. E o poder político e económico sabe disso. No outro dia, entre a lavagem de roupa suja, o director do semanário Sol - que tem estado a publicar escutas policiais que incriminam o primeiro-ministro português - afirmava que José Sócrates lhe havia dito que “tentar comprar jornalistas é um disparate, porque a melhor forma de controlar a imprensa é controlar os patrões”.

Esqueceu-se Sócrates de lhe dizer que ele próprio é a voz dos patrões. Ou pelo menos de alguns. Porque a imagem cândida de directores e editores escandalizados com as tentativas de controlo da comunicação social por parte do governo português são de quem perdeu qualquer vergonha. Com ou sem tentativas de controlo, os media sempre estiveram condicionados pelos que agora simulam espanto. Eles, em nomes dos patrões, ordenaram aos jornalistas a omissão, a manipulação e a mentira. Para esconder os reais problemas do país e as respostas válidas que se apresentam. Portanto, todos estes escândalos relacionados com a comunicação social não têm a ver com qualquer preocupação com a liberdade e a democracia. Têm antes a ver com jogos de bastidores, onde o Partido Socialista e o Partido Social-Democrata se degladeiam como representantes directos do capital.

Daí, há a necessidade de expandir os meios alternativos. É imperativo criar formas de romper com o bloqueio informativo. Há 79 anos, nascia o «Avante!», Orgão Central do Partido Comunista Português. Nas condições mais adversas, aquela organização conseguiu levar a voz dos sem voz a milhares de trabalhadores. Foi o jornal comunista que, no mundo, mais tempo conseguiu estar sendo publicado de forma clandestina. Hoje, a comunicação social chega mais longe e, por isso, os efeitos de estar controlada pelos que dominam o poder económico e político são muito mais graves. Como dizia, e bem, Malcolm X, “se não andarem prevenidos, os meios de comunicação leva-los-ão a odiar os oprimidos e a amar os opressores”.

em Diário Liberdade

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Debate sobre o País Basco

Ainda só vamos no segundo mês do ano e já foram detidos dezenas de cidadãos bascos pelas polícias espanhola e francesa. Os relatos de tortura sucedem-se. Ontem, foi a vez de Ibai Beobide que depois da detenção teve de ser assistido pelos médicos num hospital. Por cá, a comunicação social prefere analisar até à exaustão o caso dos explosivos encontrados numa casa perto de Óbidos. Em momento algum vão às raízes do conflito. Escondem dos portugueses as razões que conduziram à luta armada. E independentemente de estarmos de acordo ou em desacordo com ela, não se pode falar do País Basco sem se falar dos presos políticos, da tortura, dos exilados e deportados, dos desaparecidos e assassinados, dos partidos ilegalizados, das organizações proibidas, dos jornais e rádios encerrados pela polícia.

Por isso, é que divulgamos um interessante debate organizado pela Associação de Solidariedade com Euskal Herria e que focará estas questões.

Quarta-feira, 17 de Fevereiro, 19 Horas
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Clube Estefânia (Rua Alexandre Braga, 24 A, Lisboa)

Com: Rui Pereira, jornalista e autor de Euskadi, A guerra (des)conhecida dos bascos, Edurne Iriondo, advogada basca, e um ex-preso político basco.

Várias entidades e organizações, entre as quais o Relator da Comissão da ONU contra a Tortura e a Amnistia Internacional, têm denunciado, ao longo dos anos, as sucessivas denúncias de tortura por parte de presos políticos bascos. Simulação de afogamento, asfixia através de saco, choques eléctricos nos genitais, tortura do sono e espancamentos são alguns dos métodos utilizados. Entre os milhares de casos destacamos alguns. Em 2001, Unai Romano saía com a cara irreconhecível de um interrogatório policial. Em 2004, foi publicado o relato chocante de Amaia Urizar, que num interrogatório viu o seu corpo ser violado com uma pistola. Em 2008, após ser detido, Igor Portu dava entrada no Hospital de Donostia com uma perfuração num pulmão.

Um Estado que tortura, proíbe partidos políticos e manifestações, fecha jornais e rádios e ilegaliza organizações juvenis e populares e que mantém os seus detidos durante mais de uma semana sem qualquer acesso a advogados, familiares ou cuidados médicos não pode ser considerado um Estado de Direito.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Terroristas em Portugal

Terroristas são os que põem milhões no desemprego e se servem da política para chegar às administrações das empresas, são os que usam a precariedade como chantagem para manter os salários baixos quando os seus são milionários, são os que aumentam a idade de reforma quando acumulam reformas de milhões, são os que roubam milhares de portugueses aos seus familiares e amigos lançando-os na emigração, são os que chafurdam no lodo da corrupção para manietar o país aos interesses de uma minoria, são os que conseguem dormir à noite depois de mentir através dos jornais, rádios e televisões apelando à paz social e são os que conseguem esboçar um sorriso solidário quando atrás das costas escondem o cassetete.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Lixo

Acabo de ver um anúncio do Pingo Doce que se aproveita da destruição na região do Oeste provocada pelo mau tempo. Noutro, a Ana Bola diz que se temos saudades do escudo é porque ainda não vimos os preços do Pingo Doce.

Por sua vez, abro a página d'A Bola e leio que o Exército Irlandês de Libertação Nacional (INLA) abandonou a luta armada. Mas qual não é o meu espanto quando vejo que a fotografia que ilustra a notícia é a de um grupo de pessoas a fazer campanha pelo 'sim' ao Tratado de Lisboa.