quarta-feira, 21 de julho de 2010

Um dos principais jornalistas espanhóis assume que vivemos numa ditadura

Vejam este vídeo. Este é Iñaki Gabilondo, um dos mais conhecidos jornalistas espanhóis. Foi director de um canal de informação e é uma das principais caras dos telejornais. Não é comunista. Não é progressista. É alguém do sistema.

Neste vídeo, Iñaki Gabilondo despede-se do seu programa, que vai para férias de Verão, e começa por referir que passámos a uma nova etapa após a "hecatombe financeira" e diz que "a naturalidade com que a doutrina que nos arrastou para o abismo nos impôs a sua lei abriu as cortinas a uma grande verdade": "somos súbditos dos mercados. O regime em que vivemos é uma ditadura. Uma ditadura muito particular, mas uma ditadura. Disfarçada com as roupagens da democracia, mas uma ditadura."

Depois, explica que "não nos deixam outros caminhos que aqueles que estão traçados, fora deles não há salvação. E que a nossa liberdade só se pode exercer no pequeno intervalo em que nos autorizam mover-nos".

Vale a pena ouvir e divulgar.

domingo, 18 de julho de 2010

KKE, um farol na luta contra a ofensiva do capital

Imagens da greve do sector naval na Grécia

Numa situação grave como a que vivemos, as análises que fazemos não podem seguir os mesmos critérios de sempre. Os acontecimentos e as decisões do capital sucedem-se e a esse mesmo ritmo devem suceder-se as análises e as respostas dos trabalhadores. E qualquer comunista só pode ficar orgulhoso quando vê o exemplo da luta dos trabalhadores gregos. Apesar da dura situação que se vive na Grécia, o Partido Comunista da Grécia (KKE) levantou-se como um farol e tem estado, como deve estar um partido comunista, na vanguarda da classe trabalhadora. É impressionante pensar no número de greves gerais que já se realizaram se se pensar no que significa organizar uma greve geral. Desde o primeiro momento, a sindical Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME), ligado ao KKE, tem arrastado todo o movimento sindical para a luta contra as medidas tomada pelo poder político e económico contra os trabalhadores gregos. E isto não sendo a força mais influente no seio do movimento sindical.

Também somos Mandela!

Nelson Mandela faz hoje 92 anos. Em 1990, o líder histórico da luta contra o apartheid era libertado após 28 anos de prisão. Dez anos antes, numa carta aberta enviada à direcção do Congresso Nacional Africano (ANC), Mandela fazia um apelo: "Unam-se! Mobilizem-se! Lutem! Entre a bigorna que é a acção da união das massas e o martelo que é a luta armada, devemos esmagar o apartheid!" Cinco anos depois, em 1985, recusava negociar o fim da luta armada em troca da sua libertação.

Como Nelson Mandela, muitos outros sacrificaram uma boa parte das suas vidas nas prisões. E, infelizmente, as prisões nunca deixaram de receber os heróis que lutam contra a opressão. Por exemplo, em 1981, quando faltavam ainda nove anos para a libertação de Nelson Mandela, foi preso, nos Estados Unidos, Mumia Abu-Jamal. Vai cumprir este ano 29 anos de prisão. Mas há pior. No ano anterior à prisão do jornalista e activista negro, era detido Jose Mari Sagardui, mais conhecido como Gatza. Como independentista basco, já experimentou 13 prisões e encontra-se há 30 anos privado de liberdade.

Mas há muitos outros casos de prisões por motivos políticos. A somar a Mumia recordemos os cinco cubanos presos nos Estados Unidos em 1998. Para aí foram extraditados os dois membros das FARC Sonia e Simón Trinidad. Também é importante lembrar Leonard Peltier, um activista pelos direitos dos povos originários dos Estados Unidos, que está preso desde 1976. Há 34 anos, imagine-se! A data prevista para a sua libertação é em 2040, quando tiver 96 anos. Mas estes são uma pequena parte da maioria dos presos políticos nos Estados Unidos.

Mas na Europa também os há. Para além do caso mais grave que referimos em relação ao independentista basco Gatza, temos o famoso Ilich Ramirez. No início dos anos 90, exilou-se no Sudão. Mas em 1994, não se sabe a que preço, o governo sudanês permitiu uma operação de sequestro dos serviços secretos franceses que o levaram para Paris. Em 1997, foi condenado a prisão perpétua. Apesar de ser uma figura controversa e, certamente, em muitos aspectos, questionável, o governo venezuelano tem pedido a sua extradição. A título de curiosidade, deixamos a resposta que deu na primeira audiência quando o juiz lhe perguntou a profissão. "Sou um revolucionário profissional na velha tradição leninista", disse.

Apesar de o imperialismo ser protagonizado pelos Estados Unidos e pela Europa, também na América Latina há presos políticos. A Colômbia é, certamente, o país que mais se destaca. Mas há outros. No Peru, a norte-americana Lori Berenson foi libertada este ano após 15 anos de prisão por militar no Movimento Revolucionário Tupac Amaru. Muitos outros continuam nas prisões peruanas. No caso das Honduras, o golpe de Estado lançou uma vaga repressiva sobre os movimentos populares e as detenções e os assassinatos sucedem-se. No Chile, dá-se o caso menos conhecido dos presos mapuche. Os mapuche são um povo que vive em território chileno e argentino e que lutam pelo reconhecimento pelo seu direito à terra.

Em África, para dar um exemplo, centenas de sarauís enchem as prisões marroquinas e na Ásia temos vários países, entre os quais a Turquia que mantém os independentistas curdos, entre outros, encarcerados. É assim com Abdullah Ocalan, preso desde 1999.

Infelizmente, a realidade das prisões por motivos políticos não acabou. É o silenciamento dos media que faz com que pareça ter acabado. Hoje, falar-se-á muito de Nelson Mandela nos telejornais enquanto milhares apodrecem nos cárceres. É uma realidade que não acabou e não vai acabar enquanto persistirem os motivos que levam milhões de seres humanos a lutar: o reconhecimento do direito à autodeterminação, o fim da opressão e da exploração do homem pelo homem e a igualdade entre todos os seres humanos. É uma luta pela qual vale a pena dar o melhor das suas vidas e pela qual a prisão não tem qualquer signo de culpa ou de peso na consciência. É um orgulho lutar-se por tais motivos!

Colômbia volta a provocar a Venezuela

A poucos dias da tomada de posse de Juan Manuel Santos, o herdeiro do presidente colombiano Alvaro Uribe, lançou-se mais uma campanha mediática contra o governo bolivariano de Hugo Chávez. Agora, o governo de Bogotá diz ter todas as provas dos locais, em território venezuelano, onde as FARC e o ELN supostamente estão. Caracas já mandou vir, da Colômbia, o seu embaixador. Espera-se um aumento da tensão nos próximos tempos. O objectivo é claro. Aproximam-se as eleições legislativas venezuelanas e há que lançar todas as armas contra o governo de Hugo Chávez.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

A hipocrisia sobre os "presos políticos cubanos"

Na próxima quinta-feira, vão ser julgados dezenas de cidadãos por motivos políticos. Qualquer leitor mais distraído poderia pensar que se trata de cubanos que enfrentam o "terrível regime cubano". Mas não. Não se trata de inimigos da revolução cubana. Por isso, não recebem os focos das principais agências de notícias. Por isso, se trata de silenciar o que ali se passa.

A Audiência Nacional espanhola - tribunal de excepção onde figurava o tão aplaudido Baltasar Garzón - vai julgar mais de 20 autarcas bascos. A estes, podemos acrescentar os 37 sentenciados do processo 18/98 que já estão na prisão. Entre eles, encontram-se vários jornalistas. Infelizmente, não são cubanos porque, então, seriam apelidados de "jornalistas independentes" e de "heróis da liberdade de expressão".

E os 75 jovens independentistas bascos presos, jovens aos quais não se pôde imputar nada mais do que a sua militância em organizações independentistas? E as dezenas de dirigentes da esquerda independentista basca que estão na prisão processados por fazer política? Que são todos eles senão presos políticos?

domingo, 11 de julho de 2010

O capitalismo não tem pátria

Há alguns anos, num golpe de oportunismo publicitário, o Banco Espírito Santo patrocinava milhares de bandeiras penduradas nas janelas portuguesas. Com o patriotismo na ponta da língua, Ricardo Salgado imitava outros capitalistas interessados em mostrar o seu amor por Portugal. Enquanto arrancavam fábricas de Portugal e as implantavam em países com mão-de-obra barata largavam lágrimas de afecto pela pátria. Agora, Ricardo Salgado mostra-se chateado com o governo português por ter utilizado a 'golden share'. Como Durão Barroso, outro patriota, que se lança indignado contra este ataque ao mercado livre. Como sempre, as elites mostram que o capital não tem pátria e que são os povos os que acabam sempre por lutar pela soberania nacional.

Não se trata de apoiar a manutenção da Vivo no seio da PT. Também não se trata de apoiar a venda da Vivo à Telefónica. No fundo, num mundo diferente, a Vivo seria do povo brasileiro, a PT do povo português e a Telefónica do povo castelhano. E não haveria qualquer instituição supranacional a dizer o que cada um pode ou não fazer com as suas próprias companhias de telecomunicações.