quarta-feira, 29 de julho de 2009

ETA: 50 anos de luta

"A luta armada é desagradável. Não agrada a ninguém e é dura. Como consequência, vai-se para a prisão, para o exílio, é-se torturado. Como consequência, pode-se morrer, é-se obrigado a matar e a pessoa endurece-se. Isso dói. Mas a luta armada é imprescindível para avançar. O governo espanhol sustem-se através do apoio do Exército e das Forças Repressivas. Para lutar contra esta força é imprescindível a força armada do povo. É indispensável que o povo organize a luta armada, na clandestinidade, na ETA."

Foi assim que 'Argala' descreveu o drama de gerações e gerações de bascos. E, provavelmente, não esperava que, ainda em 2009, as prisões espanholas e francesas estivessem a abarrotar de presos políticos bascos. Uma cifra impressionante: mais de 800 homens e mulheres encarcerados em ambos os Estados. Em todo o mundo, centenas de bascos vivem no exílio, estão deportados ou, simplesmente, na clandestinidade. Há alguns meses, desapareceu, em estranhas circunstâncias, um militante da ETA no que parece ser um prenúncio de tempos que não desapareceram. Desde então, as ruas e avenidas do País Basco enchem-se de manifestações denunciando. Na década de 70 e de 80, grupos armados, treinados e financiados pelo Estado espanhol torturaram e assassinaram políticos da esquerda independentista. Membros das Forças Armadas e de Segurança, assim como políticos, foram julgados e condenados. Cinco anos depois estavam em liberdade e, em alguns casos, condecorados com direito a subida na carreira. Muito diferente das penas a que estão sujeitos os independentistas bascos. Por exemplo, 'Gatza' está há 29 anos na prisão, mais do que Nelson Mandela. Essas acções de terrorismo de Estado conduzidas pelo governo de Felipe González provocaram um grande escândalo e arredaram a violência para o âmbito policial e militar. E apesar de os governantes e os jornais espanhóis insistirem que é uma estratégia da ETA para descredibilizar o Estado, a verdade é que a própria ONU reconheceu várias vezes o recurso à tortura contra cidadãos bascos. Desde a simulação do afogamento em banheiras, choques eléctricos nas zonas genitais, corte da respiração através de sacos de plástico, penetração de pistola na vagina com ameaça de disparo, vapores alucinogénicos, gravações de gente a ser torturada ou o habitual espancamento, tudo é possível para tentar arrancar uma confissão mesmo que falsa. Isto durante os dias que dura a incomunicação, um período aprovado pelo parlamento nacional e no qual os detidos não têm qualquer acesso ao mundo exterior. Nem ao contacto com a família ou com o advogado.

No País Basco, sente-se a tensão. Quase todas as organizações são ilegais. Nas últimas eleições municipais, a esquerda independentista ganhou em muitas localidades mas como os votos foram considerados nulos a presidência da Câmara Municipal passou, como por exemplo em Lizartza, para as mãos do Partido Popular que obteve a minoria absoluta de 12 votos. As pessoas revoltam-se. Têm familiares presos, as casas da juventude, antigos espaços abandonados ocupados, desalojadas pela força, manifestações proibidas e reprimidas a tiro. A sociedade basca vive num regime fascista em que uma boa parte da cidadania não pode expressar democraticamente a sua vontade. Há poucos dias, duas raparigas foram detidas porque levavam autocolantes independentistas. Um exemplo caricato desta democracia de fachada que há poucos meses decidiu arrancar as placas toponímicas que existiam há décadas nas ruas e avenidas do País Basco. O delito? Terem nomes de homens e mulheres que haviam sido combatentes da ETA. Das placas passaram para os cartazes. Em cada localidade, os familiares e amigos dos presos expõem publicamente as suas fotografias como forma de denúncia. Nas ruas, nos bares, nas fachadas das casas, qualquer lugar é bom para protestar. Mas agora, o Estado espanhol decidiu arrancar todas esses cartazes, faixas e pichagens e prender todos aqueles que participem nessa forma de protesto.

Agora tudo é pior. O PSOE está no governo do País Basco. Numa manobra inteligente, a ilegalização da esquerda independentista desequilibrou a balança de votantes que pendeu para o lado espanhol. Os partidos espanholistas como o PSOE, o PP e a UPD receberam mais votos que o PNV, a EA, a Aralar e a IU. Contudo, a maioria da população votou a favor da opção soberanista. Ou seja, aproximam-se anos muito duros para a esquerda independentista. Depois da proibição de jornais, rádios, organizações juvenis, associações humanitárias e de partidos políticos a situação ainda pode piorar. Os últimos redutos legais encontram-se no sindicato LAB, na organização de solidariedade internacionalista Askapena e em associações culturais. Tudo o resto move-se na clandestinidade. Há dias, incendiaram parte da casa dos pais de dois jovens independentistas bascos. Semanas depois, um grupo de homens combinou um trabalho com um independentista basco, operário da construção civil, e ao chegarem ao encontro raptaram-no e torturaram-no.

Há quem culpe a ETA pela actual situação. Mas a organização já afirmou estar disposta a negociar. Em troca de um referendo pela autodeterminação baixam as armas, incondicionalmente. Ou seja, é a única condição que apresentam para abandonar a luta armada. O receio de que ganhe a opção independentista e o efeito-dominó sobre a Catalunha e a Galiza assustam o Estado espanhol. Para além disso, a ETA assume-se como marxista-leninista e o socialismo mantém-se no seu discurso. Nas últimas negociações, ambos acordaram baixar as armas. A ETA não atacava e o Estado espanhol suspendia a repressão. Durante mais de um ano, durante a trégua, dezenas e dezenas de militantes independentistas foram presos e torturados. O Estado espanhol nunca cumpriu o acordado. A ETA cumpriu-o até que se fartou e fez explodir o estacionamento do Aeroporto de Barajas. Desde que surgiu, há 50 anos, a ETA tem estabelecido vários processos de negociação. Todos abortados pela intransigência dos representantes espanhóis que chegaram ao cúmulo de mandar prender os negociadores bascos.

Portugal teve e tem grandes amigos bascos. Vários dirigentes históricos da esquerda independentista viram na revolução de Abril uma mensagem de esperança para a luta que se vivia contra o franquismo. Por isso, muitos deles marcaram ao longo dos anos presença nas comemorações do 25 de Abril. Um deles, Joseba Alvarez, responsável pelas relações internacionais do Batasuna, encontra-se preso há mais de dois anos. Outro, que sempre teve um grande carinho pelo povo português morreu há poucos meses. Bernardo Arregi 'Tito' foi um dos que perdeu a juventude nas prisões espanholas. Depois de ter rebentado com um tanque militar espanhol, esteve cerca de 15 anos preso. Se lhe perguntassem se perderia outra vez a juventude por lutar por um País Basco livre e socialista, ele responderia que sim.

Podemos ser a favor ou contra a ETA. Isso não importa. O que importa é compreender que é um fenómeno com raízes políticas, económicas e culturais e que enquanto se derem as razões que a sustentam ela terá condições para existir. Por muito que o Estado espanhol diga, semanalmente, que está derrotada, há-de haver sempre jovens dispostos a sacrificar-se já não só pela independência e o socialismo mas também pela própria democracia. Amanhã, a ETA comemora 50 anos. Ontem e hoje, provaram que estão operacionais. Está na hora de acabar com a violência. A solução para o conflito é uma: que os bascos possam decidir o seu próprio futuro.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

FARC, a desculpa para tudo

Depois da decisão do governo colombiano de aceitar a transferência da maior base norte-americana na América Latina, a Base de Manta, no Equador, para o seu território, Álvaro Uribe dispara em todas as direcções. O repúdio geral que recebeu a sua decisão, tanto a nível interno como a nível externo, não só o enfraqueceu como o fez resgatar o já velho truque do computador de Raúl Reyes. Mas com novos artigos ilusionistas.

Um vídeo, supostamente enviado por uma guerrilheira ao governo, mostrava o heróico comandante Mono Jojoy a declarar aos combatentes das FARC que a organização comunista havia apoiado financeiramente a campanha eleitoral de Rafael Correa no Equador. Como se um assunto tão delicado como este pudesse ser referido com esta ligeireza. Para além disso, sabe-se que a operação militar, apoiada pelos Estados Unidos e por Israel, que levou à libertação de Ingrid Betancourt e de outros soldados, teve sucesso devido à infiltração nas comunicações da guerrilha. A imitação perfeita das vozes de comandantes levou ao engano e à execução de uma falsa ordem de libertação dos presos. Sabe-se que a capacidade da inteligência dos Estados Unidos e de Israel é quase infinita face aos movimentos de resistência. Agora, é a vez de Álvaro Uribe acusar Hugo Chávez de armar as FARC com material anti-tanque e com lança-foguetes de fabricação sueca.

De qualquer forma, não se tratam de assuntos melindrosos. A Rádio Moscovo apoia as FARC-EP e, nesse sentido, aplaude aqueles que rompam a parede de silêncio e ajudem o povo colombiano a resistir ao fascismo e ao imperialismo. Mas não acreditamos que Hugo Chávez e Rafael Correa tenham relações com as FARC. Assim como não acreditamos na mentira que circula agora nas Honduras. Os militares dizem que o povo que resiste nas ruas ao golpe de Estado são financiados pelas FARC...

domingo, 26 de julho de 2009

Viva Cuba socialista!


Hoje, é dia 26 de Julho. As ruas e avenidas de Cuba vão encher-se de festa. Recorda-se o ataque ao Quartel Moncada, em Santiago, pelas forças rebeldes dirigidas por Fidel Castro. Apesar da derrota, do assassinato, da tortura e da prisão, os sobreviventes daquela acção não demoraram a retomar a luta contra ditadura e a conquistar o apoio de toda a população. Seis anos depois, os guerrilheiros da Sierra Maestra, com Camilo Cienfuegos e Che Guevara, entravam em Havana. E apesar de todas as décadas de bloqueio por parte do imperialismo a pátria de José Martí resiste.

sábado, 25 de julho de 2009

25 de Julho: dia da pátria galega

Ao 25 de Julho deste ano, não vão faltar Giana e Ugio, presos políticos galegos libertados em Novembro do ano passado.

Nota: Membros da organização juvenil independentista galega Briga enviaram este vídeo à Rádio Moscovo que foi projectado no passado dia 24 durante as comemorações do dia da pátria.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

CGTP apela à solidariedade internacionalista!

Solidariedade com os trabalhadores e o povo das Honduras

Dia 28 de Julho, pelas 19H00
frente ao Consulado das Honduras
em Lisboa (Praça do Rossio, Nº 45)

A CGTP-IN, solidária com os trabalhadores, sindicatos e povo hondurenhos, considera que os trabalhadores e o povo português não podem ficar indiferentes face às inaceitáveis violações dos direitos humanos e da soberania do povo das Honduras.

A acção da CGTP-IN, no plano internacional, rege-se por um conjunto de princípios e valores fundamentais, onde se inscreve a solidariedade com os trabalhadores e povos que, pelo mundo, lutam contra a exploração e a opressão ou a agressão imperialista, pela justiça e pelo progresso, pela democracia, pela independência, pela paz.

Razão porque, desde a primeira hora, a CGTP-IN tomou posição pública de firme repúdio do criminoso golpe militar que, no passado dia 28 de Junho, ocorreu nas Honduras, sequestrando e expulsando do país o presidente democraticamente eleito, Manuel Zelaya.

Um golpe perpetrado com o apoio da extrema-direita e dos sectores mais reaccionários das Honduras, receosos dos resultados da consulta popular convocada pelo presidente Zelaya para decidir sobre a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, que viesse a plasmar, na Constituição, as mudanças democráticas que têm vindo a ter lugar.

Seguiu-se o decretar do Estado de Sítio, a militarização e o controlo das principais cidades, a investida violenta face à resposta popular, a censura mediática, a repressão sobre os trabalhadores, os sindicatos e movimentos sociais e populares, tendo já havido numerosas detenções e mortes que têm sido denunciadas por entidades de defesa dos direitos humanos.

Para travar este brutal esmagamento da esperança do povo hondurenho, está a consolidar-se uma grande resistência popular neste país centro americano, apesar da forte vigilância e repressão dos golpistas. Diariamente, as manifestações populares sucedem-se por todo o país, tendo sido convocada uma greve geral e lançado um apelo à comunidade internacional para se solidarizar com o povo das Honduras e mostrar com veemência o seu repúdio da ditadura e da brutal repressão iniciada desde o golpe militar.

A CGTP-IN, solidária com os trabalhadores, sindicatos e povo hondurenhos, considera que os trabalhadores e o povo português não podem ficar indiferentes face a estas inaceitáveis violações dos direitos humanos e da soberania do povo das Honduras.

Assim, apelamos às estruturas sindicais, em particular dos Distritos de Lisboa e Setúbal, para que mobilizem os trabalhadores e participem neste acto de protesto que a CGTP-IN promove, em conjunto com um amplo grupo de pessoas e entidades, no próximo dia 28 de Julho, pelas 19H00, frente ao Consulado das Honduras em Lisboa (Praça do Rossio, Nº 45).

Pelo restabelecimento da democracia, sem derramamento de sangue!

Pelo fim da repressão contra o povo das Honduras!

Pelo direito dos povos a decidirem o seu destino!

Graciete Cruz

Comissão Executiva da CGTP-IN
http://cgtp.pt//index.php?option=com_content&task=view&id=1397&Itemid=1

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Cartaz da Festa do «Avante!»


El Vals del Obrero dos Ska-P

A Festa do «Avante!» aproxima-se. E, apesar de todo o tipo de ofensivas contra o maior acontecimento político-cultural do país e o partido que a organiza, centenas de milhares de pessoas vão estar presentes na Quinta da Atalaia nos dias 4, 5 e 6 de Setembro. Este ano, será levantada a mais bela das festas e sempre com as mãos voluntárias dos seus construtores.

O jornal «Avante!» anuncia hoje os principais grupos que vão actuar durante o primeiro fim-de-semana de Setembro. A Rádio Moscovo destaca os Ska-P. Depois do regresso e do concerto apoteótico em Caracas em solidariedade com a revolução bolivariana, a banda espanhola pisa o palco 25 de Abril. O punk português também marca presença com os históricos Peste & Sida e os Gazua. Destacam-se ainda dois representantes da música folk: The Men They Couldn't Hang e Seth Lakeman. Para além disso, há Skalibans, Clã, Teresa Salgueiro, Blind Zero, Vitorino, Voces del Sur e o camarada Samuel do blogue Cantigueiro.

E como cantam os Ska-P, "este es mi sitio, esta es mi gente, somos obreros, la clase preferente".

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Protesta contra o cerco mediático!


O anúncio mais hipócrita da televisão. O Prós e Contras sempre deu apenas uma visão da realidade e é precisamente quem está por detrás da maioria da contestação social e política o mais censurado. Tenham vergonha.

A CDU Lisboa promove, hoje, quarta-feira, pelas 18.30, uma acção de protesto em frente às instalações da RTP na Avenida Marechal Gomes da Costa. Depois da participação de António Costa e de Santana Lopes na Grande Entrevista, a CDU exige o mesmo tratamento. Contra a bipolarização eleitoral e a censura a quem de forma consequente se bate pelos direitos dos que trabalham e vivem em Lisboa. Porque na democracia burguesia há uns que têm direito a um ponto de partida mais vantajoso na corrida eleitoral. E é mais grave no caso da televisão pública porque devia representar todos os portugueses.

Vamos romper o cerco mediático!
A luta é o caminho!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Povo hondurenho ultrapassa Manuel Zelaya

Durante semanas, reunião aqui e reunião ali. Todos os dias circulavam rumores de que Manuel Zelaya chegaria no dia seguinte às Honduras. "É amanhã", diziam. E enquanto os representantes do imperialismo norte-americano procuravam ganhar tempo para legitimar o golpista Roberto Micheletti, o presidente Zelaya deixava-se enredar em todo o ambiente diplomático que se lhe proporcionava. De forma vacilante, aceitou todos os pontos apresentados por Oscar Arias, presidente da Costa Rica. Entre eles o de um governo de reconciliação nacional em que havia lugar para os governantes legítimos e para os governantes golpistas e o de desistir de abrir uma quarta urna para escutar o povo hondurenho sobre a possibilidade de um futuro referendo constitucional. Digamos que, no fundo, Manuel Zelaya aceitou o que o imperialismo queria. E só não foi aceite porque a oligarquia hondurenha tem mais olhos que barriga e não aceita o regresso do legítimo presidente do seu país.

Nas ruas e avenidas de Tegucigalpa, apesar da gincana de Manuel Zelaya, o povo manifesta-se e é brutalmente reprimido. Nas Honduras, a Frente Nacional contra o Golpe de Estado recusa-se a aceitar a proposta de Oscar Arias, aprovada por Zelaya, e emitiu um comunicado em que diz só aceitar um dos pontos: o do regresso imediato de Manuel Zelaya à presidência. De resto, não só se mostra frontalmente contra como reforça o desejo de uma Assembleia Nacional Constuinte. É o povo quem está na dianteira da luta e quem assume a posição mais progressista e consequente.

Finalmente, Manuel Zelaya, provavelmente forçado pelos acontecimentos, apelou à rebelião e anunciou que vai entrar nas próximas horas nas Honduras. A partir de um bunker, algures perto de Tegucigalpa, vai dirigir com a Frente Nacional contra o Golpe de Estado a ofensiva para derrotar os usurpadores. Esperemos que desta vez a informação seja correcta e que dentro de poucas semanas os golpistas estejam não num governo de reconciliação nacional mas sim na prisão. E, acima de tudo, esperemos que a resposta popular sirva para empurrar as Honduras rumo a um sistema político e económico que tenha a classe trabalhadora como protagonista.

Filipa Vacondeus (e quanto mais depressa for melhor) ao Sol

Gosta de Política?
Muito. Desde pequena que comecei a ouvir falar de política. O meu pai era monárquico ferrenho e nós fomos educados nessa linha, mas sem sermos obrigados a segui-la. Lá em casa ninguém era salazarista, muito embora hoje reconheça que Salazar faz muita falta em muitas coisas

Em quê?
Em honestidade, em palavra... O grande defeito de Salazar foi ter-se metido dentro de casa e não saber o que se passava à sua volta (...) Mas foi um homem profundamente sério...

É possivel valorizar a honestidade e a seriedade de um governante quando tínhamos uma polícia política que prendia e torturava?
Vamos pôr as coisas de forma muito clara: A polícia política só fazia isso a pessoas do Partido Comunista, que era o papão do regime.

retirado do Spectrum

domingo, 19 de julho de 2009

Revolução Sandinista foi há 30 anos


No dia 19 de Julho de 1979, o povo nicaraguense tomou o poder e derrubou a ditadura de Somoza. Esperamos que se abram novos caminhos e que aquele povo volte a arrebatar o poder aos mais poderosos fechando o avanço à social-democracia e restituindo ao sandinismo a dignidade que merece.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Colômbia: Israel da América Latina


Resistência estudantil contra visita de George Bush

Durante meses, as autoridades norte-americanas negociaram com o governo colombiano o aumento da presença no território daquele país sul-americano. Depois da rejeição generalizada às bases militares dos Estados Unidos, Washington decidiu transferir a sua base mais importante, na América do Sul, do Equador para a Colômbia. Rafael Correa, presidente equatoriano, de tendência bolivariana, havia recusado prolongar a concessão da base de Manta. Não só por ser contra o imperialismo norte-americano mas também porque foi a partir dessa instalação que se planificou o ataque militar conjunto entre a Colômbia e os Estados Unidos contra o acampamento das FARC que se encontrava em território equatoriano, junto à fronteira colombiana. Foi aí que morreu Raul Reyes e dezenas de outros guerrilheiros e civis.

O acordo com Álvaro Uribe é sintomático do que tem sido a relação da Colômbia com os Estados Unidos nos últimos anos. Depois do Plano Colômbia, o governo norte-americano investiu milhões nas Forças Armadas colombianas. Sob o pretexto de combate ao tráfico de drogas, a Colômbia converteu-se numa potência militar. Não é por acaso que Hugo Chávez afirmou que o país vizinho era Israel da América Latina. E a partir de agora a tensão não deixará de crescer. Os novos acordos, naturalmente, provocam apreensão na Venezuela e no Equador. Ontem, na cerimónia do bicentenário da independência da Bolívia, Evo Morales deixava claro nada mais do que isto: "Todos aqueles que aceitem bases militares dos Estados Unidos são traidores".

O plano dos Estados Unidos é a instalação de cinco bases com 800 militares e 600 civis. Uma parte das bases vai ser construída em zonas de forte presença guerrilheira. O anúncio deste acordo provocou grande polémica na Colômbia. Desta vez, não foi apenas a esquerda a contestar a perda de soberania nacional. Figuras da direita ficaram abismados com a decisão e concordaram que a Colômbia se ajoelha perante os Estados Unidos. Tal é a polémica que Álvaro Uribe teve de desmentir que se trata da transferência da base de Manta, no Equador, para a Colômbia. Mas não convenceu ninguém porque o próprio embaixador norte-americano confirmou-o há algumas semanas.

Entre os princípios do acordo, encontra-se um que dá absoluta imunidade aos cidadãos norte-americanos perante a justiça colombiana. Um outro cede à inteligência da Colômbia todas as imagens em tempo real dos satélites norte-americanos. Naturalmente, compreende-se que o objectivo não é o de combater o narcotráfico, como também já se afirmava com o Plano Colômbia, trata-se, sim, de combater a resistência popular. E quando falamos de resistência não nos referimos apenas às FARC e ao ELN. Referimo-nos também aos que na legalidade vivem a perseguição, a repressão e o assassinato. Comunistas, sindicalistas, estudantes e indígenas sabem bem o que isso significa. E, afinal, onde está a cooperação pacífica prometida por Barack Obama?

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Abriu a época de caça

Depois da provocação de Vital Moreira, durante o 1º de Maio, é João Jardim que abre a porta à ofensiva mediática contra os comunistas. O PSD/Madeira vai apresentar uma proposta de revisão constitucional que condene não só o fascismo mas também o comunismo. De imediato, Lobo Xavier, do CDS-PP, veio dizer que concorda com a alteração. E a comunicação social está a dar ampla cobertura ao caso. A mim, já me parecia estranho que, depois do resultado do PCP e com a proximidade de dois actos eleitorais, não se tivesse iniciado um ataque de conteúdo anti-comunista. Pois bem, aí está. Abriu a época de caça.

Nota: Entretanto, como previmos, o assunto arrasta toda a comunicação social. De forma escandalosa, o canal público de televisão vai promover esta noite um debate sobre se o comunismo deve ou não ser ilegalizado em Portugal. Há, neste momento, um inquérito a decorrer no site da RTP. E, há pouco, a SIC Notícias promovia também ela um debate nesse mesmo sentido.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Revolta em Belfast


Pela segunda noite consecutiva, centenas de jovens irlandeses combatem as forças policiais. Mais uma vez, uma marcha protestante a comemorar a vitória sobre os católicos provocou a revolta entre a população republicana. Mais do que uma luta contra os protestantes, esta é uma luta contra a ocupação britânica e a favor da reunificação da Irlanda.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Nota aos leitores

A Rádio Moscovo vai reduzir as suas publicações nos próximos tempos. Entretanto, não deixará de estar atenta à luta dos trabalhadores portugueses, à Festa do «Avante!» e às eleições legislativas e autárquicas. No plano internacional, importa acompanhar o que se passa nas Honduras, vítima de um golpe de Estado, no Irão, onde se tenta subverter a complexa situação política a favor do imperialismo, no Chile, onde o Partido Comunista do Chile fez um acordo com a social-democracia para romper a exclusão daquela organização no parlamento, em Cuba, onde há pouco tempo se purgou, com sucesso, dirigentes corruptos, numa trama que envolve os serviços secretos espanhóis e o representante do comércio basco na ilha, no Afeganistão, onde a resistência faz frente a uma ofensiva a larga escala das forças do imperialismo, em França, onde o social-democrata Partido Comunista Francês pensa constituir frentes unitárias com o esquerdista Novo Partido Anticapitalista. Estes são, sem dúvida, temas para se ir acompanhando e reflectindo. Esperamos os vossos contributos e as vossas opiniões.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Já se sabe o preço da Fundação José Saramago

Há quem se venda por um prato de lentilhas. Outros, vendem-se pela Casa dos Bicos. Prefiro mil vezes a verticalidade de um operário anónimo à traição de um qualquer intelectual, mesmo que seja um Prémio Nobel da Literatura. Que diriam agora os personagens de Levantado do Chão?

terça-feira, 7 de julho de 2009

Vodka Revolución!


Os Skalariak, ao vivo em Barcelona, tocam uma das suas míticas faixas. Vodka Revolución é dedicada às revoluções bolchevique e cubana.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

António Chora na despedida de Manuel Pinho

Manuel Pinho, o ex-ministro da Economia que insultou o presidente da bancada parlamentar do PCP, fez um jantar de despedida no restaurante Solar dos Presuntos, em Lisboa, com a companhia de...António Chora, da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa e membro destacado do Bloco de Esquerda. Durante a refeição deixou escapar que foi um "ministro que fez muito pela indústria no país". Palavras para quê?

Provavelmente, por causa da Ronaldomania fiquei um pouco mais analfabeto e esqueci-me de dizer que este foi o ministro que disse na China para que se investisse em Portugal porque a mão-de-obra é barata. Pronto, assim caracteriza-se melhor Manuel Pinho e percebe-se melhor quem é António Chora e o seu partido, o Bloco de Esquerda.

domingo, 5 de julho de 2009

Todos esperam Manuel Zelaya

A qualquer momento, chegará Manuel Zelaya ao aeroporto de Tegucigalpa, capital das Honduras. Um momento histórico que pode ser acompanhado através da Telesur. Chegam com ele o secretário-geral das Nações Unidas. Milhares de pessoas concentram-se junto ao aeroporto que os militares e a polícia têm ocupado. Sabe-se que não há autorização para a aterragem. O desfecho é imprevisível mas a justiça está do lado do povo hondurenho e do seu presidente.

sábado, 4 de julho de 2009

A ofensiva diplomática da OEA nas Honduras

Ontem à noite, o golpista Roberto Micheletti anunciou a retirada das Honduras da Organização dos Estados Americanos [OEA]. Esta foi a resposta ao ultimato apresentado pelo secretário-geral dessa estrutura que viajou àquele país da América Central. Nas ruas, concentram-se milhares de pessoas. Desta vez, com a mobilização da direita hondurenha para mostrar algum apoio interno à actual situação política. Contudo, por todo o país, há uma grande expectativa sobre a chegada do legítimo presidente Manuel Zelaya, o que pode acontecer entre hoje e amanhã.

Nos últimos dias, algumas forças políticas latino-americanas de esquerda alertavam para a "armadilha da OEA". Mostravam-se preocupadas pelo adiamento da chegada de Manuel Zelaya a Tegucigalpa e para o reforço do apoio dos golpistas. Na verdade, o tempo joga a favor dos que usurparam o poder através do golpe de Estado. E ter-se adiado a viagem do presidente constitucional por causa da ofensiva diplomática da OEA, pode ter sido um erro.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Pick me! Pick me!


O Bloco de Esquerda queria ficar na fotografia e não sabia como. Primeiro, escreveram um comunicado a exigir um pedido de desculpa a Manuel Pinho pelo gesto que dirigiu à sua bancada. Depois, escreveram a notícia sobre o acontecimento apagando Bernardino Soares e o PCP da fotografia. E não daria qualquer importância ao caso, não fosse o Bloco de Esquerda estar sempre a acusar outros de apagar gente das fotografias. É que atirar pedras ao ar quando se tem telhados de vidro...

Manuel Pinho no seu melhor


Manuel Pinho teve de se demitir do governo mas a Rádio Moscovo sabe que já arranjou trabalho. E não é numa empresa favorecida pelo executivo de José Sócrates mas numa corrida de touros em Barrancos.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Honduras: o cerco aperta-se

A ofensiva golpista prossegue. Agora, os deputados que apoiam o governo fascista de Micheletti aprovaram o Estado de Sítio. Naturalmente, não o denominam assim. Sob a mesma fachada democrática com que tentaram mascarar o golpe de Estado tentam agora justificar a restrição de direitos e liberdades. Para além do ataque ao direito de reunião, associação, manifestação e circulação, a polícia pode agora violar o domicílio sem qualquer aprovação judicial. É suspensão das garantias constitucionais por um governo que diz não ter cometido qualquer golpe.

Nas ruas, o povo desafia os golpistas. Com grande coragem, podemos vê-los manifestar-se por todo o país através da Telesur porque a comunicação social hondurenha continua sob a censura apertada dos gorilas de Micheletti. Enfrentam a repressão e a brutalidade porque sabem que o governo de Manuel Zelaya foi o único que teve preocupações com as aspirações da classe trabalhadora. O legítimo presidente das Honduras não é comunista, nem sequer socialista, mas tomou corajosas decisões que provocaram a fúria de uma oligarquia habituada a concentrar em si todo o poder político e económico.

Entretanto, o mundo aperta o cerco. Não há um só Estado que apoie o golpe de Estado. E se isso acontece muito se deve à unidade e ao reforço da esquerda na América Latina. Noutras circunstâncias, provavelmente, os Estados Unidos e a União Europeia não condenariam o golpe como não fizeram há sete anos com a Venezuela. Contudo, isto não quer dizer que a CIA não esteja envolvida no que se passa nas Honduras. Mesmo dentro do governo norte-americano já ouvimos declarações ambíguas como as que proferiu Hillary Clinton apelando à conciliação entre golpistas e constitucionais. E entre os neo-conservadores há um claro apoio à acção da oligarquia hondurenha. Um apoio que na Europa é protagonizado por José Maria Aznar.

Em Portugal, há um silêncio ensurdecedor sobre o assunto. Sinceramente, não sei se o Bloco de Esquerda tomou alguma posição mas até agora só assistimos à condenação clara do golpe de Estado por parte do PCP. Do governo, naturalmente, nem uma palavra. O ministro português dos Negócios Estrangeiros mais ocupado em bajular os Estados Unidos e em apoiar a ofensiva contra o povo afegão não se referiu uma única vez às Honduras e José Sócrates nem aproveitou o seu novo perfil de comiseração para condenar o golpe e solidarizar-se com a democracia.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Palavras Resistentes

"[...] Creio que foi por essa altura que resolveram dar uma existência organizada à luta contra a injustiça. Quando imprimiram o meu nome nos jornais produzidos na velha tipografia escondida dos olhos da polícia, a realidade endureceu. Vieram as greves e as manifestações. Vieram as prisões e as torturas. As mães dos operários encheram os cemitérios ao Domingo. Como um grito vermelho na noite escura, os cravos resistiam nos seus fatos enlutados. Muitos tombaram por não revelarem o meu nome. “Filho da puta comunista!”, saía dos peitos encharcados de ódio dos carcereiros. Depois a tortura do sono até à exaustão. O cavalo-marinho. As beatas apagadas nos mamilos. Os eléctrodos nos genitais. A asfixia por afogamento na banheira. [...]"

no novo blogue Palavras Resistentes

Lê e divulga. Passa a outro e não ao mesmo.

PCP condena golpe de Estado nas Honduras

Sobre o golpe de estado nas Honduras

O PCP condena firmemente o golpe de estado consumado nas Honduras no domingo, 28 de Junho, visando impedir a livre expressão política do povo hondurenho e liquidar o processo democrático em curso no país. Expressa a sua solidariedade com a resistência e a crescente mobilização dos trabalhadores, das massas populares e das forças democráticas e progressistas hondurenhas pelo imediato restabelecimento da legalidade democrática naquele país da América Central.

Do mesmo modo, o PCP expressa o mais profundo repúdio e inquietação perante as medidas de repressão empregues contra o movimento popular que se manifesta nas ruas e a instauração pelo poder golpista de um regime de bloqueio informativo e cerceamento das liberdades, que trazem à memória um negro passado recente de golpes militares fascistas nas Honduras e na América Central e Latina em geral.

O PCP, valorizando a generalizada condenação internacional do golpe e as vastas acções de solidariedade com o povo hondurenho, muito especialmente por parte das forças revolucionárias e progressistas latino-americanas, alerta para eventuais manobras que, a coberto da condenação formal do golpe de Estado que afastou o presidente das Honduras, Manuel Zelaya, pretendam na realidade legitimar os objectivos deste acto anti-constitucional perpetrado pela oligarquia e as forças mais retrógradas hondurenhas, dando continuidade às tentativas do imperialismo para travar e fazer reverter os processos de emancipação e cooperação entre os povos que hoje se afirmam na América Latina e Caraíbas.

01.7.2009

O Gabinete de Imprensa do PCP