domingo, 31 de maio de 2009

sábado, 30 de maio de 2009

Com Bolívar, com Manuel, com o povo ao poder!


Anteontem, a Coordenadora Simón Bolívar, organização popular do bairro 23 de Enero, em Caracas, realizou uma homenagem às FARC na Praça Manuel Marulanda. Assistiu-se a esta mensagem do comandante Ivan Márquez no 45º aniversário das FARC-EP.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Campanha eleitoral no Estado espanhol


Propaganda eleitoral do PCPE

Provavelmente, não elegerá qualquer deputado para o Parlamento Europeu. Assume-se marxista-leninista e não mendiga as migalhas que atira o Estado espanhol a outros partidos. E, muito importante, soube estar ao lado das organizações partidárias ilegalizadas pelos tribunais com o apoio do PSOE, do PP e da IU. Trata-se do Partido Comunista dos Povos de Espanha. Há poucas semanas, assinou o documento conjunto com mais de 20 partidos comunistas - entre os quais o PCP e o PC da Grécia - com uma posição histórica sobre a União Europeia. E ontem realizou em Madrid um comício com a presença de comunistas gregos.

Também ontem, não em Madrid mas em Langreo, onde se realizava um comício do PSOE, um militante do PCPE e sindicalista das Comisiones Obreras saltou para o palco e gritou "a crise capitalista que a paguem os ricos". Isto enquanto discursava Zapatero, secretário-geral do PSOE e chefe do governo espanhol. Prontamente, a segurança daquele partido agrediu-o e lançou-o do palco a uma altura de dois metros e meio. Outros jovens que se encontravam no comício e que se solidarizaram com Juan Pablo López Barroso foram igualmente agredidos e expulsos daquela iniciativa política.

Por sua vez a Esquerda Unida foi acusada por um músico de copiar a letra de uma das suas canções e de a utilizar na campanha eleitoral. Quinze mil euros é o que se pede pelos direitos de autor. Uma situação complexa para aquele partido uma vez que em 2006 aprovou com a direita a actual Lei da Propriedade Intelectual. Para além disso, ficar-lhe-ia mal contestar as decisões judiciais depois de ter dito, em relação à possível ilegalização da candidatura Iniciativa Internacionalista, que aceitaria qualquer que fosse a sentença. Portanto, ou se retracta ou cai numa grave contradição.

No País Basco, a Iniciativa Internacionalista soma e segue. O partido que esteve para ser ilegalizado sob a acusação de ter ligações à ETA, encheu várias salas com milhares de pessoas. Arnaldo Otegi, dirigente independentista basco, pediu o voto para esta formação. E apesar de a sua maior força estar nas zonas onde o independentismo é mais forte - País Basco, Catalunha e Galiza - também no resto do Estado espanhol esta organização recebe o apoio da esquerda desiludida com projectos que se têm social-democratizado e servido de muleta ao PSOE.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Caracas, há 20 anos


Há 20 anos, a 27 de Fevereiro de 1989, deu-se uma explosão social na Venezuela. Em Caracas, milhões de pobres levaram a revolta às ruas da capital. Este vídeo recorda esses dias.

terça-feira, 26 de maio de 2009

As FARC e o consumo de marijuana

A posição das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia sobre a venda e o consumo de marijuana. Como se pode ver, a organização guerrilheira não permite o consumo nas suas fileiras e não promove a sua venda. São ridículos aqueles que os tentam classificar de narcoterroristas.

Ver vídeo

Sobre a semana que passou

A semana foi marcada por importantes jornadas de luta e acontecimentos que tiveram o seu impacto. Antes de tudo, é importante a referência à marcha organizada pela CDU. Não só foi uma grande jornada de luta como ultrapassou as expectativas. Encher o centro de Lisboa com 85 mil pessoas é um acontecimento só ao alcance da CDU, pelo central papel que nessa coligação desempenha o Partido Comunista Português. Contudo, numa correcta perspectiva política, esta manifestação foi muito mais do que uma iniciativa eleitoral. Diríamos melhor: antes de tudo, foi uma acção de luta enraizada no forte descontentamento social e com o objectivo de abrir caminho a uma ruptura com o actual sistema político e económico.

Foi também a semana da Greve Geral no País Basco. Com um elevado grau de combatividade, os trabalhadores bascos saíram às ruas para lutar contra a crise e o capitalismo. Infelizmente, os sindicatos espanhóis - CCOO e UGT - puseram-se à margem. Também o Partido Comunista de Espanha não a apoiou. "Greve Geral sim mas não assim", afirmaram. E assim vai a credibilidade daquelas forças caminhando rumo ao precipício. De Portugal, foi uma saudação da CGTP à luta dos trabalhadores bascos e aos sindicatos daquele povo. Também no Estado espanhol, o Tribunal Constitucional revogou a sentença que ilegalizava a candidatura Iniciativa Internacionalista. Uma importante decisão que impõe uma derrota à vaga criminalizadora a tudo o que represente o mínimo perigo para o pensamento dominante.

Em Itália, milhares de jovens opuseram-se a uma cimeira do G8 em Turim. Fez-se sentir a repressão policial e isto promete ser apenas o prólogo do que se vai passar na cimeira central do G8 em Aquila. A cidade onde se fez sentir o terramoto foi a escolhida por Silvio Berlusconi para acolher os chefes de Estado dos países mais ricos. Não foi uma escolha inocente. O próprio primeiro-ministro italiano veio dizer que os manifestantes seriam incapazes de provocar distúrbios naquela cidade martirizada.

Na América Latina, comemora-se o 45º aniversário das FARC - Exército do Povo. A Rádio Moscovo saúda a resistência colombiana e condena a oligarquia narcoterrorista que pretende recandidatar Álvaro Uribe. Ao longo destes 45 anos, as FARC souberam manter um caminho revolucionário exemplar. Depois da superação do cerco a Marquetália, os guerrilheiros dirigidos por Manuel Marulanda e por Jacobo Arenas construíram um poderoso instrumento de luta do povo colombiano.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Amanhã, sem falta!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Debate sobre Venezuela bolivariana

Amanhã, quinta-feira, debate sobre a Venezuela bolivariana. Às 19 horas, no Centro Social da Mouraria. Organizado pelo colectivo-blogue Tirem as Mãos da Venezuela. Com a presença de Francisco Furtado, desta organização, e de Bruno Carvalho, correspondente da rádio Al Son del 23 (Caracas). Sobre a localização ver aqui.

Aparece e divulga!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

23 de Maio: Todos na linha-da-frente com a CDU!


O mítico grupo basco Kortatu toca La Linea del Frente. Como canta Fermin Muguruza, o encontro é às três. Desta vez, não nas barricadas em Bilbau mas no Saldanha, em Lisboa. No dia 23 de Maio.

Bom fim-de-semana para quem não trabalha.

As tristes figuras do PCE e da Esquerda Unida

Um conjunto de cidadãos do Estado espanhol decidiu apresentar uma candidatura ao Parlamento Europeu. Constituíram assim a Iniciativa Internacionalista. Pelo impacto que têm alguns dos intelectuais comprometidos que encabeçam a lista - como o escritor Alfonso Sastre - o Estado espanhol já veio afirmar que esta candidatura tem ligações à ETA. Há uma clara tentativa de ilegalizar uma lista que se assume como "esquerda radical e internacionalista". Para conhecer melhor esta organização, nada como ler o artigo de Angeles Maestro no odiario.info.

Entre os partidos que condenaram a possível ilegalização da Iniciativa Internacionalista pelas marionetas do governo espanhol nos tribunais estão a Esquerda Republicana Catalã, o Partido Nacionalista Basco, a Eusko Alkartasuna, a Aralar e o Partido Comunista dos Povos de Espanha. É amplamente reconhecido que nenhum deles apoia a ETA e a luta armada. Todos eles são insuspeitos e, na sua maioria, são partidos social-democratas ou de direita. O Partido Comunista dos Povos de Espanha é uma cisão à esquerda do PCE. Mas reconhecem que a criminalização da Iniciativa Internacionalista representa um ataque contra a democracia. Contudo, a Esquerda Unida - onde figura o Partido Comunista de Espanha - diz que o que decidam os tribunais está bem.

Através do seu eurodeputado Willy Meyer - pelo qual até nutria algum respeito - a Esquerda Unida afirma que "se um juiz ou um tribunal decide que determinada candidatura não se deve apresentar, pois então não se apresenta". Acrescentou ainda que "estamos num Estado de Direito e o que há que fazer é respeitar o Estado de Direito, o caso está nos tribunais que serão os que decidirão".

O estado a que chegou a Esquerda Unida e o PCE é triste. Uma organização que se afirma comunista não pode tecer este tipo de comentários quando está em causa a destruição de direitos fundamentais. Abrir caminho à repressão através do seu apoio servil ao aparelho burguês só fica bem aos lacaios do capital. Não sei se sobrarão muitas migalhas ao PCE mas a classe trabalhadora, mais tarde ou mais cedo, saberá dar a sua resposta.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Está na hora da mudança!


Um vídeo que retrata as imagens do principais protagonistas da política de direita e da contra-revolução que tem vindo a ser executada pelo PS, PSD e CDS-PP. Imagens da repressão brutal contra os trabalhadores da Marinha Grande e contra os utentes da Ponte 25 de Abril. E desde então nada mudou. Violência contra operários de cidades de várias regiões do país. Processos judiciais contra sindicalistas, dirigentes estudantis e militantes comunistas. Como diz José Sócrates, num Estado democrático não se pode atacar a polícia. O povo deve comer e calar. Quem diz que à violência da burguesia se deve ripostar com a auto-defesa da classe trabalhadora é um criminoso. Até ao dia em que nos levantarmos.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Contra o reformismo e a social-democracia, por uma outra Europa!

Ontem, a Rádio Moscovo dava conta de um documento histórico elaborado entre diversos Partidos Comunistas e Operários de toda a Europa. Nele ficava bem patente a caracterização política que estas organizações fazem da União Europeia. Mas também clarificava a sua posição perante partidos reformistas e oportunistas que integram o Partido da Esquerda Europeia (PEE). Hoje, publicamos uma animação criada por esse partido para a presente campanha eleitoral. Foi encontrada pela Rádio Moscovo no site do Partido Comunista de Espanha, organização que apela ao voto nos partidos que compõem o PEE, do qual faz parte o Bloco de Esquerda.

Naturalmente, a Rádio Moscovo apela ao voto esclarecido e combativo de todos os trabalhadores em organizações revolucionárias que lutam por uma outra Europa e pelo socialismo. Em Portugal, o Partido Comunista Português é o único que incorpora essas características.

Vejam a animação do PEE aqui.

Sobre as quotas para imigrantes

"As raças não nos separam. Separa-nos a classe social. O imigrante é teu amigo. O teu inimigo é o capital."

"Querem dividir-nos e que nos odiemos para manterem a exploração. Lutemos irmãos de todas as raças. Lutemos contra a agressão."

Sin Dios

terça-feira, 12 de maio de 2009

Por uma outra Europa

Numa conferência de imprensa, em que se apresentou um documento europeu conjunto de Partidos Comunistas e Operários, a secretária-geral do Partido Comunista da Grécia (KKE) teceu importantes declarações. Aleka Papariga afirmou que hoje a classe operária necessita de um projecto que confronte a União Europeia e que tal projecto está reflectido no documento apresentado. Assinalou que essa é a posição comum dos 21 partidos signatários. A União Europeia não reformável e, na medida em que a unidade comunista avance, fortalecer-se-á a posição dos trabalhadores e dos povos na Europa.

A secretária-geral do KKE expressou que "as posições dos que pretendem reformar a UE colocam-se ao lado das posições do capitalismo e não oferecem nada de distinto do que existe hoje. A camarada grega referia-se especificamente ao Partido da Esquerda Europeia (PEE) - onde está o Bloco de Esquerda, o PCE, o PCF e a Refundação Comunista Italiana, entre outros - que "não representa nenhuma mudança no desenvolvimento da política da UE e partilha de uma maneira ou de outra este projecto de capitalismo". A dirigente grega finalizou a sua intervenção afirmando que "é necessário combater estas posições como luta política e ideológica para evitar enganos à classe operária" e recordou que "é necessário prosseguir o trabalho para ampliar a unidade das forças revolucionárias e fortalecer o seu projecto político, pois beneficiará a classe operária em toda a Europa".

De seguida, falou o camarada Gyula Thurmer, presidente do Partido dos Trabalhadores Comunistas Húngaros que explicou a experiência concreta do seu partido, que no passado 1º de Maio abandonou o Partido da Esquerda Europeia de que foi fundador ao entender que "a prática demonstrou que o PEE apenas procura um capitalismo de rosto humano e não confronta o projecto imperialista".

Thurmer explicou que na Hungria o fim do projecto socialista desembocou num retrocesso generalizado das condições de vida da maioria da população - extremamente duras para 90 por cento do povo - e destacou a penetração generalizada do capital externo. Para os comunistas húngaros, finalizou, "o texto dos 21 partidos é de uma grande importância para a luta dos trabalhadores e o nosso partido continuará no futuro a trabalhar por este caminho".

O carácter político do documento é atestado também pelos signatários: Partido dos Trabalhadores da Bélgica, Partido Comunista da Bretanha, Partido Comunista da Bulgária, Partido dos Comunistas Búlgaros, Partido Comunista na Dinamarca, Partido Comunista da Estónia, Partido Comunista da Grécia, Partido dos Trabalhadores Comunistas Húngaros, Partido Comunista da Irlanda, Partido dos Trabalhadores da Irlanda, Partido Socialista da Letónia, Partido Socialista da Lituânia, Partido Comunista do Luxemburgo, Partido Comunista de Malta, Novo Partido Comunista da Holanda, Partido Comunista da Polónia, Partido Comunista Português, Partido Comunista Romeno, Partido Comunista da Eslováquia, Partido Comunista dos Povos de Espanha, Partido Comunista da Suécia.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Simón Trinidad, o homem de ferro

O livro fez sucesso na Venezuela. Milhares de pessoas compraram a obra de Jorge Enrique Botero. O jornalista colombiano havia escrito uma "mistura de biografia e reportagem" sobre Ricardo Palmera, conhecido como Simón Trinidad. Palmera fora um destacado gerente bancário e candidato da União Patriótica. Quando se dá o genocídio daquele partido de esquerda, alvo do ódio da oligarquia e do Estado colombiano, Palmera decide pegar em armas e adere às FARC. Passa a ser Simón Trinidad. A vida excepcional de um homem que preferiu perder tudo o que tinha a ser um vassalo do sistema. Preso e extraditado para os Estados Unidos, Simón Trinidad foi condenado a 60 anos numa cadeia de alta segurança. Longe do seu país e da sua Lucero, o comandante das FARC acredita que o socialismo é a única opção para fazer frente à barbárie capitalista.

Da direita para a esquerda, Simón Trinidad (Ricardo Palmera) e Mono Jojoy (Jorge Briceño)

«Eu também tinha razões pessoais e inevitáveis para lançar-me nestas páginas pois havia conhecido Trinidad durante os diálogos entre o governo de Andrés Pastrana e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Vi-o a dar cursos tumultuosos a 200 candidatos a comandantes guerrilheiros nas selvas de Caguán. Esvaziei com ele várias garrafas de Old Parr discutindo o passado, o presente e o destino da Colômbia e conheci-o no seu invejável mundo afectivo amando sem tréguas a sua Lucero, a jovem que conquistou sendo já um quarentão. Também o vi no papel de pai afectuoso com a sua pequena filha Alix Farella, então com sete anos, ao mesmo tempo que me confessava a sua admiração por José Stáline.
Foi conversando com Trinidad que obtive uma das pistas chave para decifrar essa guerrilha enigmática a que chegou empurrado por factores externos mas também por decisões da sua alma rebelde. "As FARC - disse-me numa tarde, no meio de uma chuva apocalíptica no acampamento de Las Cachamas - têm dois nuncas: nunca esquecerão o genocídio contra a União Patriótica e nunca deixarão as armas".
Durante as minhas viagens frequentes como repórter à zona desmilitarizada de 42 mil quilómetros onde dialogavam os porta-vozes do governo e da guerrilha sempre procurei formas de passar algum tempo com o protagonista destas páginas. Falávamos durante horas percorrendo as estradas construídas pela guerrilha na profundidade da selva com ele ao volante da camioneta que lhe havia atribuído Mono Jojoy [comandante das FARC].
Passei dias e noites nos seus acampamentos onde comíamos cancharina e bebíamos café nas aprazíveis e incríveis aldeias móveis que a guerrilha vai construindo durante as suas deslocações por montanhas e selvas. Levou-me às emissoras de rádio, aos hospitais de guerra e às escolas onde se formavam militar e politicamente centenas de adolescentes. E, como não, discutimos amigavelmente sobre política (a sua paixão obsessiva) mas também sobre futebol, mulheres, música, guerra, literatura, cinema e...mais política.
No dia 12 de Fevereiro de 2002, o presidente Andrés Pastrana rompeu oficialmente os diálogos com as FARC e deu a ordem de bombardear nessa mesma noite várias localidades de Caguán.
Segundo as FARC, a ordem de Pastrana foi uma cobarde violação dos acordos assinados no inicio dos diálogos pois o governo comprometeu-se a dar um intervalo de dois dias antes de atacar no caso de que o processo se rompesse.
O próprio Pastrana confirma-o no seu livro La palabra bajo fuego, memórias do fracassado processo de paz com as FARC quando relata que depois de chegar a um acordo com a guerrilha sobre os limites geográficos da zona desmilitarizada e o funcionamento dos diálogos. "Disse a Marulanda que, se terminasse a zona, as FARC teriam 48 horas para sair dela antes do reingresso da Força Pública".
- Não ficou escrito mas foi um pacto de honra que fizemos com Pastrana e o presidente faltou à sua palavra - assegurou Mono Jojoy durante uma entrevista que lhe fiz há quase dois anos depois do fim do processo de paz.
O capítulo final daqueles três anos de aproximações e desconfianças apanhou-me numa aldeia chamada La Tunia que fica no caminho entre San Vicente e La Macarena onde esperava uma resposta a um pedido para entrevistar Marulanda.
Na véspera do rompimento, um comando guerrilheiro da coluna Teófilo Forero havia sequestrado em pleno vôo um avião da Aires que fazia a rota Neiva-Bogotá, obrigando os pilotos da aeronave a aterrar numa estrada próxima para levar como "preso de guerra" o senador Jorge Eduardo Gechen, numa operação tão cinematográfica como bem sucedida que teve grande destaque na imprensa nacional e internacional. Num relato do seu sequestro que consegui gravar com ele em meados de 2003, quando realizava o documentário Bacano salir en deciembre, Gechen disse-me que aquela havia sido uma operação muito bem planeada. Guerrilheiros da Teófilo Forero tinham cortado nessa mesma manhã as árvores que se levantavam nas bermas da estrada que une Hobo e Campoalegre enquanto um comando de combatentes vestidos de civil conseguiam entrar armados no avião para desvia-lo rumo à pista improvisada.
Recordo que vi as imagens daquele episódio na única televisão de La Tunia, cercado por dezenas de camponeses da zona. Ao terminar o noticiário, um deles levantou a voz e gritou a plenos pulmões que o melhor que podiam fazer todos os camponeses era empacotar rapidamente as suas coisas e fugir para o mais longe possível da zona desmilitarizada. A sua intuição, apurada pelos anos e pelos golpes, advertia-o de que o processo de paz estava a agonizar e que o exército não tardaria em chegar à região.
- E quando não encontrarem guerrilheiros somos nós que pagamos - avisou. Pagou a cerveja que havia tomado e partiu.
O prognóstico do camponês não falhou. A partir das primeiras horas do dia seguinte, caravanas de camionetas e camiões atestados de guerrilheiras e guerrilheiros das FARC desfilaram sem descanso pela estrada rumo à profundidade da selva deixando a pequena aldeia envolto numa nuvem de poeira que lhe dava a aparência desolada daqueles povoados do distante oeste norte-americano, abandonados pelos homens e habitados apenas pelo vento.
A gente do povo também iniciou a sua fuga no meio de uma grande desordem. Homens, mulheres, crianças e idosos disputavam aos encontrões um lugar nas camionetas da linha. Dito lugar podia ser um banco mas também no corredor, no tecto ou nas escadas; de tal forma que muitos passageiros acabavam literalmente colados ao autocarro.
Nisso andava La Tunia quando passou o comandante Simón Trinidad.
Conduzia uma camioneta azul onde se apertavam pelo menos 20 guerrilheiros. Ao seu lado estava Lucero. Trinidad viu-me e parou a marcha. Perguntou-me que diabo fazia eu ali e recomendou-me que tratasse de sair imediatamente da área.
- A corda não aguentou mais - concluiu.
E acrescentou que Pastrana anunciaria pela televisão o fim dos diálogos. "Pela noite, vêm os bombardeamentos".
- Eu estou à espera de uma entrevista com Marulanda mas acho que perdi a viagem - disse-lhe, explicando a minha presença na aldeia.
A Trinidad fez-lhe rir o meu comentário mas não me respondeu. Tinha pressa e demos um forte aperto de mãos enquanto Lucero se despedia com a sua frase de sempre: "Por favor, cuide-se muito, jornalista".»

domingo, 10 de maio de 2009

"Não se ataca a polícia"

Sobre os últimos acontecimentos no Bairro da Bela Vista, em Setúbal, o primeiro-ministro José Sócrates vem dizer que "nos Estados democráticos não se ataca a polícia". Obviamente que não. Nos Estados democráticos só a polícia é que pode atacar. Recordemos as cargas policiais sobre os operários da Sorefame, da MB Pereira da Costa e da Valorsul, para dar alguns exemplos. É esta a noção de democracia de José Sócrates. Podemos apanhar mas não nos podemos defender.

Em relação à Bela Vista, a repressão policial nada resolverá. Aquela população, revoltada por um acontecimento concreto mas que evidencia um mal-estar normal nas condições em que aquela gente vive, quer viver em paz. E só a resolução pacífica do conflito através da requalificação dos bairros e da integração social permitirá acabar com o problema.

Noto algumas análises apressadas que tentam comparar aquela situação à de Paris e à da Grécia. Se em relação a Paris se podem tecer algumas comparações, isso não é possível no caso grego. A contestação violenta na Grécia teve uma forte componente política e organizada. A violência em Paris teve o seu foco nos bairros pobres de imigrantes e não era algo organizado ou politizado.

Lutemos contra os fascistas e o fascismo!


Carlos Palomino foi assassinado há dois anos e meio em Madrid. O jovem de 16 anos dirigia-se com amigos para a contra-manifestação que ia contestar uma concentração fascista. No metro, foi esfaqueado por um militar de ideias nazis. Dois anos e meio depois, o jornal El País publicou os vídeos captados pelas câmaras de vídeovigilância do metropolitano de Madrid. Imagens chocantes. Neste mundo, não devia haver lugar para gente deste tipo. Mas há. E o nazi-fascismo é estimulado e propagado não só pelos que o defendem mas também pelos que nada fazem contra ele. Em Portugal, prosseguem as manifestações de exaltação desta ideologia execrável que contraria a Constituição da República Portuguesa. O lugar dos fascistas é na prisão e a luta dos trabalhadores será a tumba do fascismo.

À memória de Carlos Palomino.

sábado, 9 de maio de 2009

Dia da Vitória


No Dia da Vitória, a Rádio Moscovo presta a sua homenagem a todo o Exército Vermelho e à União Soviética. Grandes foram os sacrifícios que aquele povo escreveu naquelas páginas inesquecíveis da história da humanidade. Frente à barbárie nazi-fascista, milhões de vidas foram estupidamente perdidas numa guerra que avançou por culpa da burguesia europeia. Só a participação do Exército Vermelho sob a direcção de Stáline conseguiu suster o avanço das hordas nazis e lançar-se numa ofensiva que só parou com a bandeira vermelha içada em Berlim.

Depois do fim da URSS, a propaganda apagou o papel da pátria de Lénine na libertação da Europa. Poucos sabem, entre as gerações de hoje, que foi o povo soviético o mais sacrificado. Poucos sabem que logo após o fim da II Guerra Mundial o prestigio da URSS e de Stáline era gigantesco. Muitos povos do mundo abraçaram a causa pela qual lutamos. Prestigio que desde cedo os Estados Unidos e as potências capitalistas europeias tentaram destruir. Mas não só não o conseguiram como foram obrigados a ceder uma série de direitos à classe trabalhadora dos seus países. A vitória sobre o nazi-fascismo não foi apenas uma vitória militar. Foi também uma vitória política, social e económica.

Viva o Exército Vermelho!
Viva a União Soviética!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Apontamentos sobre a Venezuela


Uma das coisas que mais me surpreenderam na Venezuela foi a explosão de meios de comunicação. Como na Europa e nos Estados Unidos, um dos cursos da moda é o de jornalismo. Mas ali a perspectiva é a de fechar as cortinas à mentira e à manipulação abrindo caminho à democratização da comunicação social. A maioria dos jovens estudantes com que falei tinham um sentido crítico e um background cultural muito apurado. Muito diferente daquilo a que assistimos nas faculdades portuguesas. Quando na Europa e nos Estados Unidos se fecham jornais e rádios, os bisnetos de Simón Bolívar dedicam-se a abri-los. Com uma diferença. A comunicação social deixou de estar apenas nas mãos da oligarquia.

Cada bairro tem a sua emissora televisiva e radiofónica. Lembro-me bem da CátiaTV, numa das favelas mais pobres de Caracas. Também da rádio Al son del 23. Em nenhum destes meios vi a falta de profissionalismo a que estamos condenados aqui. Há também centenas de jornais e revistas com uma orientação editorial de esquerda. Naturalmente, tudo isto convive com o que de pior produz a burguesia venezuelana. E como em todos os processos revolucionários e progressistas sente-se uma radicalização da opinião e das perspectivas com que se encaram os acontecimentos noticiados.

Entre os programas a que assistia contava-se uma telenovela que não era mais do que a vida de um casal que ia recordando os momentos mais importantes do processo bolivariano. A maior parte da sua duração era ocupada por flashbacks com imagens reais de tempos tão conturbados como o golpe de Estado ou a paragem petrolífera. Bem longe das ridículas telenovelas portuguesas que não fazem mais do que reproduzir a cultura dominante.

Havia um canal de televisão, a ÁvilaTV, produzido por e para jovens. Mas não tinha nada a ver com a SIC 'Radical'. Era, efectivamente, radical. Tão radical que quando a actual governação de direita ganhou em Caracas ameaçou transforma-la. Centenas de jovens concentraram-se em frente à sede do canal. No dia seguinte, Hugo Chávez passava a propriedade da emissora para as mãos do poder central. Ali promove-se a cultura juvenil alternativa. Promove-se a participação, o debate e a acção.

O vídeo que aqui deixo mostra o ambiente descontraído que se vive no programa de análise política La Hojilla. Um grupo de jovens de distintos agrupamentos musicais canta pela revolução no Dia da Juventude. Bem mais agradável que ouvir Marcelo Rebelo de Sousa e bem mais acutilante e consequente que ouvir o social-democrata Daniel Oliveira.

Ouve mais canções no programa La Hojilla:
Teleficción (Dame Pa Matala)
Fuera yankee imperialista (Pinky)
Hombre (Solemar Cadenas)
La luna en mi pensamiento (Amaranta Pérez)
De la gran Humanidad (Solemar Cadenas)

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Burguesia lança novo diário

O "i", nome registado para o título, dirige-se à classe alta, "um público que olha para a informação com rigor e exigência". Martim pensa que "há um enorme mercado não preenchido. Temos a certeza que não vamos fazer sumir leitores dos outros jornais".

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Vamos con todo!


Durante meses, ouvi-a vezes sem conta.

Vaiar não é um crime

Como um blogue que se orienta por princípios revolucionários, a Rádio Moscovo combate não só a direita mas também a social-democracia. Entre os artigos que já aqui se publicaram encontram-se muitos que denunciam a verdadeira natureza do Bloco de Esquerda. Contudo, não embarcamos na identificação e denúncia de membros do Bloco de Esquerda que vaiaram o Vital Moreira. Desde a primeira hora, condenámos a provocação do cabeça-de-lista do Partido Socialista ao Parlamento Europeu. Também condenámos a comunicação social pela mentira que construíram. E, fundamentalmente, denunciámos o oportunismo de partidos como o BE, o PSD e o CDS. Entre eles, destacámos que durante os factos ocorridos havia todo o tipo de gente. Houve, provavelmente, gente do PS, do BE e do PCP. E, claro, gente sem partido. A existência de membros dos dois primeiros partidos foi aqui referida para enquadrar o oportunismo dessas organizações em querer condenar e encostar o PCP à parede. Mas não podemos tolerar que se ande pela internet a identificar quem participou na vaia. Não só porque vaiar não é um crime - antes um direito de qualquer trabalhador revoltado - mas também porque a bufaria que por aí anda a circular em nada prestigia quem a promove. Deve-se sim denunciar o oportunismo do Bloco de Esquerda.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Homenagem a Vasco Granja

Morreu Vasco Granja. Ao grande divulgador da banda desenhada e da animação de gerações e gerações de crianças, adolescentes e adultos que nunca deixaram de ser jovens a Rádio Moscovo deixa a sua homenagem. Mas principalmente ao militante comunista.

João Paulo Paiva Bóleo (JPB) - No capítulo da política esteve mesmo ligado a partidos, etc.?
Vasco Granja (VG) - Ao Partido Comunista. Foi sempre o meu e continua a ser.
JPB - Quando é que entrou no Partido Comunista, lembra-se? O que o levou a filiar-se?
VG - Foi uma questão de simpatia.
JPB - Mas tinha alguns antecedentes na sua família?
VG - Não, mas eu lia muito, estava muito ligado... Olhe, foi por causa da Guerra de Espanha. Na rua onde eu morava havia muitos tipos que nós chamávamos "Piolhos Verdes". Eram legionários que iam combater ao lado dos franquistas, contra a esquerda. E nós, miúdos, sei lá, aí com 15 anos, tínhamos repulsa por esses tipos, que eram uns alienados, e começou a haver da minha parte um grande distanciamento. Mas nós, na rua Cecílio de Sousa, convivíamos todos; havia os da esquerda, os da direita, como era comum nessa época.
Maria José Pereira (MJP) - E quando foi preso pela primeira vez?
VG - Fui preso duas vezes, em meados dos anos 50. Foi no Capitólio. O Capitólio era o meu cinema favorito e, então, fui preso por recolha de fundos para o Partido Comunista. Mas organizei - eu e os meus companheiros - muitas sessões de cinema no Capitólio.
MJP - Então, ouça lá, fazia amigos em todo o lado e não conseguiu fazer amigos na PIDE? (risos)
VG - Amigos na PIDE? Passei dois anos na prisão.
JPB - Mas seguidos ou por várias vezes?
VG - Várias vezes, em 1955, 1963..., mas no total, dois anos. Tanto que fui parar a Peniche. Quando apareci em Peniche, já só faltava um mês para sair em liberdade e os guardas responsáveis disseram: «Isto é inacreditável, mandar para cá uma pessoa que daqui a um mês está cá fora».
JPB - E com que base é que o prendiam?
VG - Por ser do Partido Comunista.

[excerto de entrevista realizada a Vasco Granja para o livro Vasco Granja - Uma vida... 1000 imagens.]

domingo, 3 de maio de 2009

Dez povos. Dez lutas. Dez filmes.

A Rádio Moscovo propõe dez filmes que resgatam a memória histórica das lutas de dez povos:

1. Batalha de Argel. Filme realizado por Gillo Pontecorvo (Itália) sobre a luta da Frente de Libertação Nacional da Argélia. Em 1965, foi proibido em França. Em 2003, foi projectado no Pentágono para estudar como combater a Resistência Iraquiana.
2. 1900. Filme realizado por Bernardo Bertolucci (Itália) sobre a luta entre camponeses e agrários durante a primeira metade do século XX. Um bom retrato sobre o fascismo italiano e a luta da classe trabalhadora.
3. Sal da Terra. Filme independente realizado por Herbert Biberman (Estados Unidos) com o apoio único do Sindicato dos Mineiros. A maioria dos actores são mineiros que não tinham qualquer experiência. O principal papel é desempenhado por Juan Chacón que acaba, na vida real, por se destacar como dirigente do Partido Comunista dos Estados Unidos. Esta obra foi proibida nos Estados Unidos e foca não só a luta dos mineiros mas, principalmente, a luta das mulheres.
4. Operação Ogre.
Filme realizado por Gillo Pontecorvo (Itália) sobre o atentado da organização independentista basca ETA contra o almirante Carrero Blanco, presidente do governo fascista espanhol.
5. Sou Cuba. Filme realizado por Mikail Kalatozov (URSS) sobre as desigualdades existentes em Cuba durante a ditadura de Batista. Também retrata a luta do povo cubano. Considerado uma obra-prima do ponto de vista técnico.
6. Olga. Filme realizado por Jayme Monjardim (Brasil) sobre a comunista alemã que ao serviço da Internacional Comunista protegeu o histórico dirigente do Partido Comunista Brasileiro Luiz Carlos Prestes. Baseado no livro de Fernando Morais publicado em Portugal pela editorial «Avante!».
7. Omar Mukhtar, Leão do Deserto. Filme realizado por Moustapha Akkad (Estados Unidos) sobre a luta de libertação nacional do povo líbio contra a ocupação italiana. A película foi proibida em Itália por "danificar a imagem e o orgulho das forças armadas italianas".
8. Brisa de Mudança. Filme realizado por Ken Loach (Inglaterra) sobre a luta de libertação nacional do povo irlandês encabeçada pelo IRA.
9. Quando voam as cegonhas. Filme realizado por Mikail Kalatozov (URSS) sobre a realidade soviética durante a guerra contra o nazi-fascismo.
10. Canção de Carla. Filme realizado por Ken Loach (Inglaterra) sobre uma viagem à Nicarágua. Um retrato sobre a Frente Sandinista de Libertação Nacional durante a guerra suja dos CONTRAS.

Tenham um bom serão.

Abram alas que McCarthy está de volta

Ao longo destes dois últimos dias, tenho lido vários artigos, reportagens e textos em blogues sobre os incidentes no 1º de Maio. Na sua maioria, seguem a melhor tradição mccarthista de perseguição ao PCP e aos comunistas. A farsa montada pelo Partido Socialista e por Vital Moreira foi seguida não só pela direita mas também por personalidades do Bloco de Esquerda. Daniel Oliveira, numa sanha persecutória, típica de um anti-comunista, ilustra o seu blogue com uma caricatura de Vital Moreira a levar um soco de um comunista. Esta é a verdadeira embriaguez de violência. A embriaguez de algo que não existiu mas que queriam que tivesse existido.

Indignados, como freiras inocentes, bloquistas apressam-se a acusar o PCP de sectarismo. Responsabilizam-no pelos incidentes e condenam a sua reacção. Juntam-se ao coro dos que lhe exigem desculpas. Uns dizem mata. Os outros gritam esfola. E timidamente, assustam-se, porque começa a circular na internet as imagens de um quadro do Bloco de Esquerda a gritar contra Vital Moreira. À Rádio Moscovo pouco lhe importa a que partidos pertencem os que participaram nos incidentes. As dezenas de milhares de pessoas que ali estavam estavam porque são afectas à CGTP.

A raiz do problema, mais uma vez, não é a reacção dos trabalhadores à delegação do partido do governo e a Vital Moreira. O eixo do problema encontra-se na provocação do Partido Socialista e do candidato às eleições europeias. Só compreendendo isso se pode compreender tudo o resto. Só compreendendo tudo o que disse o PS e Vital Moreira sobre a CGTP e os trabalhadores se pode analisar o que se passou no 1º de Maio. Este é o governo que mandou processar sindicalistas. Que autorizou cargas policiais sobre trabalhadores. Houve até um secretário de Estado que falou em trucidar os trabalhadores. Mas essas, claro, não foram agressões.

Ontem, já se lançavam acusações sobre um sindicalista em Melgaço. Parece que a delegação de José Sócrates foi recebida com apupos numa feira. Os apupos sucedem-se há meses. O governo e o PS acusam os comunistas de o perseguir. Contudo, sabem muito bem que é o povo quem protesta. É o desempregado, o trabalhador com vínculo precário, o sindicalista processado, o operário agredido pela polícia, a mulher discriminada no trabalho, o endividado, o idoso que tem de se deslocar quilómetros para ir a uma consulta, a pensionista que não tem dinheiro para os medicamentos, os estudantes que não conseguem pagar as propinas. São estes que BE, PS, PSD e CDS-PP perseguem.

Mas nesta perseguição não participa apenas a direita e a social-democracia. Num surpreendente - ou não - artigo de opinião no Diário de Notícias, José Saramago pede a identificação e a expulsão dos que sendo militantes do PCP participaram nos insultos. É certo que o Prémio Nobel da Literatura já atropelou dezenas de artigos dos Estatutos do PCP mas não tem qualquer pudor em juntar-se ao grupo dos que gritam esfola e ainda pede a expulsão de quem hipoteticamente do Partido tenha participado nos incidentes. Ele que neste artigo até se descreve como um "militante disciplinado" nem parece o mesmo José Saramago que atacou Cuba, que classificou os combatentes das FARC como um grupo de bárbaros narcoterroristas, que propôs uma coligação com Alberto Costa em Lisboa.

Felizmente, não nos derrotarão. Estamos e estaremos ao lado dos trabalhadores. Estamos e estaremos contra a minoria que detém o poder político, económico e mediático. Somos a única alternativa ao actual sistema capitalista. Não queremos a sua manutenção como a maioria dos partidos. Ou a sua humanização como o Bloco de Esquerda. Tampouco queremos Cuba ou a Coreia do Norte em Portugal, como disse o presidente da CIP. Com todo o respeito pelas opções daqueles povos, queremos um socialismo construído e dirigido pelos trabalhadores portugueses. Nas próximas eleições, tentaremos devolver a esperança de Abril ao nosso povo. Mas não só nas urnas. Também nas ruas. E o próximo dia 23 de Maio será de mobilização obrigatória.

Todos à Marcha da CDU!
A luta é o único caminho!

sábado, 2 de maio de 2009

Fantasminha brincalhão


Entre as curiosidades que assaltam o colectivo da Rádio Moscovo, está a de saber se a candidatura de Vital Moreira às eleições europeias teve alguma influência na venda de discos do Avô Cantigas.

Vital Moreira: a construção de uma vítima

As direcções dos jornais, rádios e televisões pertencem a uma classe abjecta. Seguem sem questionar os alinhamentos da classe que representam. E importa sempre manipular e construir a realidade que sirva os seus interesses. Nos incidentes que ontem se verificaram no 1º de Maio, o próprio Vital Moreira deu a chave para a compreensão dos acontecimentos: "Eu já vi esta cena há muitos anos na Marinha Grande".

A 14 de Janeiro de 1986, Mário Soares decidiu visitar aquela cidade operária. E foi muito mal recebido pelos populares que se lhe apareceram à frente. Contudo, é comummente aceite que isso não só o colocou no papel de vítima mas também que o impulsionou para uma vitória nas urnas. O Partido Socialista quis repetir a situação. Num momento em que aparece profundamente descredibilizado perante o povo português, nada melhor que construir uma vítima daqueles que são os mais perigosos.

Senão vejamos, há dias que empresários alertavam para a necessidade da existência de um Bloco Central. Um deles, o presidente da CIP, admitia que todos os partidos eram aceitáveis menos o Partido Comunista Português. E existe, entre a burguesia portuguesa, um medo não só do que a crise possa trazer no que diz respeito a contestação social - incluindo, a violência de outros países - mas também de uma alternativa radical que, naturalmente, seria encabeçada pelo PCP.

Portanto, o PS e Vital Moreira procuraram a confrontação. Depois de anos e anos, a lançar as piores acusações contra a CGTP, quem se lembra de tentar cumprimentar a direcção da central sindical numa delegação do partido do governo quando nem sequer se é membro do PS e, pior do que isso, se é o primeiro candidato ao Parlamento Europeu? Para além disso, Vital Moreira sabia que a sua condições de traidor das ideias comunistas lhe iam trazer dissabores numa manifestação com dezenas de milhares de trabalhadores filiados no PCP.

Curiosamente, isto sucede no mesmo dia em que há uma falsa ameaça de bomba ao desfile da UGT que encerrou com o discurso de João Proença numa postura igualmente vitimista sobre esse acontecimento. E sucede poucos dias depois de que membros da UGT arrancaram e roubaram pendões da CDU tendo sido parte deles identificados pela polícia depois de terem sido apanhados por militantes comunistas. Um deles que entretanto fugiu agrediu uma militante do PCP.

Mas não foi por nenhuma destas perspectivas que a comunicação social viu os acontecimentos do 1º de Maio. Vital Moreira chegou ao cúmulo de ilibar a CGTP e acusar o PCP de ser o responsável pelas supostas agressões que sofreu. Contudo, quem esteve lá - menos os jornalistas que são míopes - viu gente com ou sem filiação partidária a insultar Vital Moreira. Havia igualmente gente do Bloco de Esquerda. As próprias imagens da televisão mostram-no. O problema é que tudo estava já dirigido para um ataque brutal ao PCP.

Entre a fraseologia mais modesta dos jornalistas que lá estiveram recordo uma que demonstra bem o trabalho da comunicação social. Paulo Moura, repórter do Público, escreve: «"Párem! Não Façam isso! A democracia é de todos", brada Ana Rosa para os manifestantes que já estão em cima do socialista, numa embriaguês de violência. Todos se voltam, subitamente domados pela veemência da rapariga. Ana Rosa consegue chegar a Vital Moreira. "Quero pedir desculpa"».

Esta "embriaguês de violência" de que fala Paulo Moura na sua reportagem que intitulou de "Vital Moreira foi insultado e as palavras de ordem foram esquecidas" não é mais do que o reflexo de embriaguês de violência dos próprios jornalistas. Ninguém esteve em cima do "socialista" e não houve nada para além da violência verbal, arma usada por Vital muitas vezes contra a CGTP. E bem depois dos insultos a Vital Moreira a manifestação decorreu com toda a normalidade. Ninguém deixou de gritar, de protestar e de cantar. Na verdade, Vital Moreira foi insultado mas isso nada é na vida de pessoas que vivem com a corda ao pescoço. Pouco depois já ninguém se lembrava disso. Só das contas para pagar, do desemprego e das péssimas condições de vida. Infelizmente, isto não se soube porque a realidade é construída pelos porta-vozes dos que todos conhecemos.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Todos ao 1º de Maio

Todos, sem excepção, devemos participar nas acções do 1º de Maio. Dentro de poucas horas, milhões de trabalhadores vão percorrer avenidas de todo o mundo. Na Turquia, onde estará um representante da CGTP, a classe trabalhadora enfrenta, ano após ano, a violência repressiva das forças policiais. Na Colômbia, apesar do fascismo estatal e paramilitar, centenas de milhares de trabalhadores despem o medo e desafiam o terrorismo da oligarquia. E, naturalmente, em Cuba, no ano em que se celebra o 50º aniversário da revolução, milhões de cubanos marcharão pelo socialismo.

Viva o 1º de Maio!
Viva a Classe Trabalhadora!
Venceremos!