quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Falta menos um ano para a revolução!


A Rádio Moscovo deixa-vos um forte abraço e o desejo de que 2010 seja inscrito na história como um importante ano para cada um de nós e para todos nós. Cada ano que passa, é menos um ano que falta para o fim da exploração e da opressão. Cabe a nós tomar o lugar que nos cabe nas trincheiras de cada batalha necessária. E não esqueçamos todos aqueles que dedicaram a sua vida a esta luta. Eles vivem nos combates que travamos. Também não esqueçamos todos aqueles que passarão a passagem de ano nas prisões do capitalismo e do imperialismo. Brindemos por todos. E que a burguesia e o seu governo se engasguem com as espinhas do bacalhau!

Saúde e Revolução!
Venceremos!

Nota: A Rádio Moscovo não emitirá nos próximos dez dias. Partimos para outras frequências mas sem abandonar a luta.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Governador colombiano sequestrado e degolado

Na segunda-feira, Luis Francisco Cuéllar, governador colombiano do Departamento de Caquetá foi sequestrado por homens que envergavam uniformes do Exército da Colômbia. De seguida, o presidente Álvaro Uribe acusou as FARC de estarem por trás do sequestro. Um dia depois, o corpo de Cuéllar era encontrado degolado numa zona rural.

A comunicação social portuguesa faz eco da notícia repetindo à letra as informações difundidas pela imprensa colombiana. Em nenhum lado se põe em dúvida a autoria deste sequestro e assassinato. Todos orientam as suas baterias contra as FARC e nunca questionam as palavras do governo colombiano. Até ao momento, nenhuma organização reivindicou o acto.

A família denunciou que Luis Francisco Cuéllar tinha pouca protecção, apesar de já ter sido sequestrado quatro vezes. Por norma, três polícias garantiam a segurança do governador. Na noite do sequestro, apenas um polícia vigiava a casa mesmo havendo rumores sobre um iminente atentado contra Cuéllar.

Na Colômbia, são vários os actores no cenário de guerra. Para além do Estado colombiano e das forças repressivas, para além das FARC e do ELN, existem vários grupos paramilitares relacionados com o tráfico de droga e com a oligarquia que semeiam a violência de forma indiscriminada. Surpreende-nos, pois, que a imprensa portuguesa não se dê ao trabalho de fazer um juízo minimamente crítico sobre o que se passa na Colômbia.

domingo, 20 de dezembro de 2009

"À guerra dos pobres chama-se terrorismo, ao terrorismo dos ricos chama-se guerra"

Pese as grandes diferenças entre a Rádio Moscovo e o blogue Cinco Dias, destacamos o debate encetado nos últimos dias a propósito do ataque ao primeiro-ministro italiano. A acção de Massimo Tartaglia contra Silvio Berlusconi teve um grande impacto. Para além da fractura nasal e dos dentes perdidos, há duas ilações que se podem tirar. Em primeiro lugar que o responsável pelo ambiente crispado em Itália é dele, do seu governo e da oligarquia italiana. Em segundo lugar que esta acção lhe permitirá lançar uma ofensiva contra o que resta da esquerda italiana. Essa campanha já foi iniciada e pretende colar a imagem de violentos e terroristas a todos aqueles que se opõem às políticas governamentais.

Mas o debate levantado pelo blogue Cinco Dias, independentemente das opiniões sobre o ataque a Berlusconi, teve o mérito de pôr o foco sobre a legitimidade da violência como forma de luta. Como sabemos, os comunistas não renunciam a qualquer forma de luta. Em cada momento, há que saber adaptar-se à etapa que se vive. Mas há por aí muito social-democrata encartado que entende que a violência não faz sentido porque o Estado deixou de ser violento. Nada mais falso. O Estado detém o monopólio da violência. E, hoje, com a mercenarização das Forças Armadas, as novas gerações deixaram de ter qualquer formação militar. Este é um dado importante e perigoso. Um povo que não se sabe defender é um povo ainda mais submetido à força do Estado e da burguesia.

A Rádio Moscovo, desde o seu inicio, com um forte pendor internacionalista, tem-se preocupado com dar a conhecer a luta de povos que foram obrigados a levantar-se em armas contra o capitalismo e o imperialismo: Colômbia, Sara Ocidental, Palestina, País Basco, Curdistão, Nepal, Iraque e Afeganistão. Com objectivos diferentes, com maior ou menor magnitude, com maior ou menor correcção político-militar, estes são os países onde a luta armada mantém o apoio popular mínimo para a manutenção de uma violência a longo-prazo.

Contudo, na maioria destes casos, com a excepção do País Basco, é fácil compreender-se, a partir de fora, a legitimidade do recurso à violência. Já discutir a violência nos países desenvolvidos assume um grau de dificuldade tremendo. Também daí a excepção basca. Aqui, não temos qualquer dúvida de que a violência existe e está presente nestes países. Que o digam os operários da Sorefame, da MB Pereira da Costa, da Valorsul, da Sisaqua, os jovens do Grémio Lisbonense e os excluídos dos guetos suburbanos.

Naturalmente, discordamos de actos violentos isolados que não correspondam à vontade da maioria do movimento operário. Mas o facto de nem sempre utilizarmos a violência não significa que ela esteja excluída. Porque sabemos que no dia em que a classe trabalhadora puser o poder em causa, os militares e a polícia tomarão as ruas. E seria um risco enorme se só nesse dia ganhássemos consciência disso e da necessidade da violência organizada.

Pese o fascínio pela violência de alguns elementos isolados da classe trabalhadora, influenciados por teses pequeno-burguesas, ninguém gosta de combater. Isso implica pesados sacrifícios e acontece como resposta a uma série de actos violentos por parte da burguesia. Como disse o padre guerrilheiro Camilo Torres, "se a burguesia ceder o poder de forma pacífica, nós toma-lo-emos de forma pacífica. Se resistir de forma violenta, então seremos obrigados a toma-lo de forma violenta".

Para as futuras respostas a este artigo deixo-vos, desde já, para reflexão, a opinião de Malcolm X: "A imprensa conhece tão bem o ofício de criar reputações que pode fazer passar o assassino por vítima e a vítima por assassino. Essa é a função da imprensa, desta imprensa irresponsável. Se não andarem prevenidos, os meios de comunicação leva-los-ão a odiar os oprimidos e a amar os opressores".

Solimar Cadenas, a tua voz não se cala!


Da Venezuela, chega a notícia triste e chocante de que morreu Solimar Cadenas, uma das jovens promessas da música de intervenção bolivariana. Até sempre, camarada!

sábado, 19 de dezembro de 2009

Unidade na luta contra o imperialismo

O comunicado conjunto das FARC e do ELN representa um passo importante para o reforço da luta contra a oligarquia colombiana e o imperialismo norte-americano. Depois da transformação da Coordenadora Continental Bolivariana em Movimento Continental Bolivariano, as forças anti-imperialistas da América Latina estão mais aptas para enfrentar os duros desafios que apresenta o futuro. As bases norte-americanas na Colômbia, o golpe de Estado nas Honduras e aquilo que parece ser a primeira derrota do modelo da terceira via latino-americana, no Chile, representam grandes desafios para os povos que se levantam naquela parte do mundo.

Deixamo-vos um excerto de um documentário que vai ser lançado em Estocolmo dentro de pouco tempo. Aqui, destacam-se os guerrilheiros que produzem os alimentos que sustentam as FARC.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Dalaiama, o artista que põe as paredes a lutar

Muito atentos ao trabalho do Dalaiama, deixamos um video do artista em acção.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Qual é o preço da dignidade?

"A invasão soviética, em 1979, e o domínio dos talibãs, na década de 90, arrasaram por completo qualquer manifestação do Estado e o capital humano foi dizimado." em jornal i

"A palavra mais pronunciada pelos novos dirigentes do País Basco é normalidade. Uma constatação e um desejo. O nacionalismo perdeu o poder e não aconteceu o caos das suas amargas profecias. Há resistências à mudança. Não acabou o medo. Mas pela primeira vez em dez anos há esperança." em Público

"É o lado das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) que a guerrilha gostava de nunca ver revelado. Festas e bebedeiras, viagens pagas a prostitutas, oferta de operações plásticas, recruta de crianças e execuções sumárias." em Diário de Notícias

Nos três casos, trata-se de jornais ditos de referência e a que nós humildemente poderíamos catalogar de reverência. De reverência à mentira. De referência à ideologia dominante. De reverência ao capitalismo e ao imperialismo. Todos eles, de forma mais ou menos acentuada, cometem erros grosseiros que violam a ética e a deontologia jornalística e que, acima de tudo, servem os interesses de uma minoria. Qual é o preço da dignidade?

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Frente Polisário: Se Aminatu Haidar morre, acaba a via pacífica

A advertência foi feita pelo secretário-geral da Frente Polisário. Se Aminatu Haidar, que está em greve de fome no aeroporto de Lanzarote, morrer, acabam os argumentos de se manterem na via pacífica e tomarão posições mais radicais. Para além disso, acusa o Estado espanhol de colaborar com Marrocos. Uma posição muito diferente daquela que teve Portugal em relação à Indonésia, acrescentou.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A luta estudantil na Europa

No âmbito do seu 7º Congresso, os Colectivos de Jovens Comunistas, organização juvenil do Partido Comunista dos Povos de Espanha, vão organizar no dia 4 de Dezembro uma iniciativa pública sobre a luta estudantil na Europa. Com a presença da JCP, da Juventude Comunista da Grécia e da FMJD.

À luta, camaradas.

Um de Dezembro, dia da perda da independência nacional. Bem-vindos ao totalitarismo federalista europeu. Apertem os cintos. É capaz de haver alguma turbulência.

domingo, 29 de novembro de 2009

Maré humana no País Basco solidária com jovens independentistas


Estas imagens não as verão em nenhum telejornal da RTP, SIC ou TVI. Estas imagens não as verão em nenhuma capa do DN, Público ou I. Não as verão porque só lhes interessa passar os atentados da ETA e as manifestações espanholistas. Interessa-lhes que se pense que a luta independentista não tem qualquer apoio e que se trata da vontade de meia dúzia de loucos.

Criminoso Uribe em Portugal

Bem-vindo a Portugal. O nosso país foi brindado com a visita de um dos mais ilustres assassinos no activo. O presidente da Colômbia chegou a Lisboa. Com pompa e circunstância, foi recebido pelas autoridades do Estado português e vai participar na Cimeira Ibero-Americana. Não podemos dizer que conspurca o solo pátrio porque outros assassinos trataram de o conspurcar antes. Aliás, Portugal não tem falta de gente que se venda. E, ainda hoje, soldados portugueses tratam de envergonhar o nosso país no Afeganistão. Mas Uribe tem classe. Pertence à linhagem de traficantes de droga que se divertem a cortar braços e pernas a sindicalistas. E ainda que o cargo que hoje assume - graças ao apoio da oligarquia - não lhe permita divertir-se como antes, todos reconhecem o seu papel. Abriu caminho à estadia permanente e às claras dos Estados Unidos através do Plano Colômbia. E agora abre caminho à construção de sete bases imperialistas norte-americanas na pátria de Manuel Marulanda. Com o apoio do Nobel da Paz.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Moralismo conservador

Na altura, fixei o nome: Força Suprema. Um grupo de hip hop que participou activamente na campanha contra a despenalização do aborto. Não só editaram uma música como participaram em várias acções políticas. Hoje, saiu a notícia no Correio da Manhã de que cinco elementos do grupo foram presos por assaltos a cafés à mão armada. Sempre muito moralistas, os conservadores.

sábado, 21 de novembro de 2009

Arnaldo Otegi: "Não nascemos para resistir. Nascemos para ganhar."


Vale a pena ouvir o discurso de Arnaldo Otegi, dirigente da esquerda independentista basca e preso político. O discurso está acompanhado de um excelente vídeo que demonstra o apoio popular que têm aqueles que apostam na independência e no socialismo.

Revista Comunista Internacional e Quinta Internacional de Chávez

Desde que surgiu, a Rádio Moscovo tem tido a preocupação de evocar a reconstrução do movimento comunista internacional. O fim da experiência socialista no Leste da Europa debilitou gravemente as organizações e os movimentos da classe trabalhadora. Uns seguiram o caminho do reformismo e da social-democracia. Outros mantiveram-se firmes na linha revolucionária. Houve quem andasse entre um lado e outro. Hoje, com a derrota da tese do "fim da História" e com a crise do capitalismo, as organizações começam a definir-se. Na Europa, existem vários partidos que adoptam a linha social-democrata, onde se destacam os que integram o Partido da Esquerda Europeia. E há os que mantêm a concepção marxista-leninista. O Partido Comunista da Grécia (PCG) é o que assume mais claramente esta linha.

Esta semana, lançou-se uma publicação entre partidos que adoptam uma postura revolucionária. O PCG, com o Partido do Trabalho da Bélgica, o Partido Comunista dos Povos de Espanha e o Partido Comunista da Venezuela Venezuela, entre outros, lançaram a Revista Comunista Internacional. Certamente, um importante contributo para a análise da situação actual e uma importante arma para o combate ideológico.

Uma boa notícia que contrasta com o discurso de Hugo Chávez no Encontro Mundial de Partidos e Movimentos de Esquerda. Na reunião, o presidente venezuelano referia que aquela iniciativa devia ser "da esquerda verdadeira, disposta a fazer frente ao imperialismo e ao capitalismo". Aqui, não se percebe onde entra o PSUV, partido interclassista, perdido numa amálgama de ideias muitas vezes contraditórias entre si e que faz com que se possa ser tudo e nada ao mesmo tempo, e dominado por tendências social-democratas. Mas o chocante é que Hugo Chávez abriu caminho à divisão uma vez mais. Depois da proposta de criação de um partido - PSUV - que dispensasse outros, organização na qual - e bem - o PCV decidiu não integrar, o indiscutível referente do processo bolivariano deciciu propor a criação da Quinta Internacional Socialista.

A proposta não tem pés nem cabeça. Não só não estão criadas condições para uma estrutura internacional que congregue o movimento operário numa linha consequente e revolucionária. Neste momento, há demasiadas divergências e o peso da social-democracia e das teses reformistas é demasiado forte para permitir o sucesso de uma iniciativa deste tipo. E, acima de tudo, propor uma Quinta Internacional é dizer-se que houve uma Quarta Internacional, o que é falso e uma ofensa para os que seguem a linha marxista-leninista. Fica aberta a discussão.

domingo, 15 de novembro de 2009

Sankt Pauli, mais do que um clube


O Sankt Pauli é o clube de futebol de um bairro com o mesmo nome na cidade alemã de Hamburgo. Neste momento, encontra-se na segunda divisão da Bundesliga. O Sankt Pauli é conhecido mundialmente pela combatividade dos seus apoiantes. São anti-racistas e antifascistas. Envergam uma bandeira negra com a caveira, como a dos piratas. As suas coreografias são arrojadas e os cânticos imprimem uma alegria entusiasmante nos estádios.

No passado dia 2 deste mês, o Sankt Pauli jogou contra o principal rival, o Hansa Rostock. Depois da partida, o encontro era notícia por televisões e jornais de todo o mundo. Apesar das centenas de efectivos policiais, geraram-se tumultos durante várias horas. Tudo começou com as provocações da torcida do Hansa, conhecida pelas simpatias nazis. Ao longo do jogo, faziam a saudação romana e provocavam os adeptos do Sankt Pauli. Contudo, foi a equipa de Hamburgo que saiu feliz. Venceu por duas bolas a zero.

O momento do jogo aconteceu quando Naki Jubel, alemão de origens turcas, do Sankt Pauli festejou o golo marcado. Correu para junto dos adeptos do Hansa Rostock que o insultavam e faziam a saudação nazi. Olhou-os e passou um dedo pelo pescoço. Depois do jogo, sob o apoio entusiástico dos ultras do Sankt Pauli e sob o ódio dos nazis do Hansa Rostock, os jogadores vitoriosos embrulharam-se nas bandeiras piratas da claque antifascista e Naki Jubel espetou a bandeira do clube na relva do Hansa. Houve, de imediato, uma tentativa de invasão de campo por parte dos adeptos da casa, que foi impedida pela polícia. Lá fora, os confrontos duraram horas.

Música guerrilheira

A música sempre foi uma das expressões políticas mais importantes das organizações e movimentos de luta um pouco por todo o mundo. Para este domingo, seguem algumas propostas de música de países onde os povos foram obrigados a levantar-se em armas:

Curdistão
Sara Ocidental
Nepal
Colômbia
Palestina
País Basco

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Senza memoria non c'è futuro!


Deixo um vídeo, especialmente ao Dalaiama e ao Carquistan, sobre a pintura de um mural em Milão dedicado a dois comunistas. A Giovanni Pesce, partigiano que não só combateu o fascismo italiano como também participou nas Brigadas Internacionais na Guerra Civil de 1936-39, e que se manteve comunista até à sua morte. E a Dax Cesare, que em 2003 caiu morto na cidade de Milão depois de ser esfaqueado por fascistas. O mural tem as caras dos dois heróis que viviam naquela cidade e diz: "sem memória não há futuro".

Nota: Como devem ter reparado, desapareceu a coluna que continha as ligações dos blogues. Acidentalmente, apaguei-os e tentarei repô-los nos próximos dias.

domingo, 8 de novembro de 2009

De Espanha, nem bom vento...

Fidel Castro, numa entrevista a Ignacio Ramonet, revela que entre os principais conselheiros de Mikhail Gorbachov estavam membros do PSOE. Entretanto, Helmut Kohl publicou um livro em que diz que dos aliados europeus, só um esteve desde o princípio ao lado dos que defendiam a reunificação: "o presidente do governo espanhol, Felipe González, que nem um só minuto permitiu que houvesse dúvidas de qual era a sua posição". Há poucos dias, li que as autoridades cubanas rejeitavam a mediação espanhola entre Havana e Washington. Percebe-se porquê.

Oktoberklub


O Oktoberklub foi um grupo musical de intervenção política que misturava o folk e o rock na RDA. Existiu entre 1966 e 1990.

sábado, 7 de novembro de 2009

Quem são os verdadeiros piratas?

Ganhavam entre seis e sete euros por dia com o trabalho no mar. Hoje, os pescadores conseguem entre 180 a 450 euros, como afirma um dos pescadores. A razão? Simples: os "piratas" somalis afastam os navios estrangeiros da costa. Durante anos, as grandes empresas de pescado roubaram o mar do Leste Africano. Mas não aparecem em nenhum jornal como piratas. Por isso, não posso senão estar solidário com aqueles que na costa africana lutam pela sua sobrevivência.

Ver vídeo

Outubro, sempre!


Foi há 92 anos. Operários, soldados e camponeses tomaram o céu de assalto. Depois da experiência de Paris, a Revolução de Outubro levantar-se-ia como um farol para todos os povos do mundo. A expressão deste acontecimento foi de um impacto tão profundo que não deixaria de influenciar todo o século XX. Em Portugal, anarco-sindicalistas seguiram o exemplo e construíram as bases para a formação do Partido Comunista Português.

Noventa e dois anos depois, a ofensiva ideológica é devastadora. Não se relembra os heróis que levantaram o primeiro Estado de operários e camponeses. Relembra-se com pompa e circunstância aqueles que o destruíram. Não é por acaso que é o 20º aniversário da queda do Muro de Berlim e não o 92º aniversário da Revolução de Outubro que enche os ecrãs das televisões, as capas dos jornais e os noticiários das emissoras de rádio.

Contudo, a queda do Muro de Berlim representa um acontecimento de importância colossal na história da humanidade. O fim da experiência socialista no Leste da Europa teve um impacto tão profundo que o movimento operário internacional ainda, com dificuldades, se tenta reerguer. Caiu a influência de partidos comunistas e de sindicatos que se deixaram levar pela linha social-democrata. A correlação de forças entre o trabalho e o capital teve uma variação tão significativa que arrastou consigo direitos fundamentais que a classe trabalhadora havia conquistado na primeira metade do século XX.

Não nos pode, pois, surpreender que ao lado da campanha anti-comunista esteja um conjunto de social-democratas que celebra o 20º aniversário da queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética. As colunas de opinião e a blogosfera estão cheias de exemplos. São os mesmos que defendem o "socialismo democrático", o "sindicalismo moderno", a "cidadania" e a "paz social". Serão derrotados como Fukuyama. E a bandeira vermelha voltará a ser desfraldada. Só depende de nós.

Viva Lénine!
Vivam os bolcheviques!
Viva a Revolução de Outubro!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

"E até os mortos vão ao nosso lado!"

Mural na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa

Viva a República Democrática Alemã!

"Cada vez mais alemães de Leste constatarão que tinham as condições de vida menos deformadas na RDA do que os alemães ocidentais com a economia “social” de mercado; que as crianças da RDA, nas creches, jardins-de-infância e escolas cresciam mais felizes, menos preocupadas, mais bem formadas e mais livres que as crianças da RFA (...). Os doentes constatarão que, apesar dos seus atrasos técnicos, o sistema de saúde da RDA os considerava como pacientes e não como objectos comerciais (...) Os artistas compreenderão que a censura da RDA, real ou imaginada, não era tão hostil aos artistas como a censura do mercado (...) Reconhecerão que na vida quotidiana, em particular no local de trabalho, tinham na RDA uma liberdade inigualável."

Erich Honecker

domingo, 1 de novembro de 2009

Honduras: o bom filho à casa torna

Ao longo do tempo, fomos denunciando as cedências de Manuel Zelaya. O acordo assinado entre o deposto presidente e o presidente golpista revela muito daquilo que se vinha criticando. Por isso, não podíamos estar mais de acordo com o artigo de Atilio Borón. O programa de Manuel Zelaya pressupõe três pontos fundamentais: restituição, amnistia e governo de reconciliação nacional. Três pontos que só podem representar uma traição às aspirações do povo hondurenho. Não faz sentido a restituição presidencial a pouco tempo das eleições, nas quais Manuel Zelaya não pode concorrer. Não faz sentido a amnistia a quem assassinou, torturou, prendeu e censurou. E um governo de reconciliação nacional é a solução ideal para os interesses da burguesia hondurenha e estrangeira e do imperialismo. Veremos qual a resposta da classe trabalhadora.

Revista Resistencia disponível para download

O último número da revista das FARC - Resistencia - já está disponível. Esta é a ligação onde podem descarregar o ficheiro que contém a publicação da organização comunista colombiana. Para além deste, esta página contém alguns números anteriores. Escusado será dizer que cabe a todos aproveitar a utilidade desta ferramenta de combate à desinformação produzida pelos meios do capitalismo.

Também no site da Fighters+Lovers, associação de solidariedade com as FARC e com a FPLP, pode-se comprar uma série de artigos relacionados com a Colômbia e a Palestina. O lucro reverte para as duas organizações. No passado, os membros daquela associação - entretanto, considerada terrorista pelos EUA e pela UE - foram condenados por apoiar financeiramente as FARC.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Resultados do referendo contra o imperialismo


Entrevista e reportagem sobre o referendo

No referendo simbólico promovido pelas organizações sociais e políticas do bairro 23 de Enero, Caracas, votaram quase dez mil pessoas. Os resultados demonstram que cerca de 99,8 por cento dos votantes rejeita as bases imperialistas na Colômbia e o golpe de Estado nas Honduras. Mais importante que os resultados foi a mobilização popular e a discussão que se estimulou nas zonas mais pobres de Caracas em torno do questão.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Anti-comunista do mais furioso que se pode encontrar

"O PM Soares, de Portugal, visitou-nos. É muitíssimo impressionante. É socialista, mas procura investimento privado para a indústria de Portugal e é um anti-comunista do mais furioso que se pode encontrar. É um grande apoiante do nosso país e do Ocidente. Tivemos boas e proveitosas reuniões."

Ronald Reagan, no seu diário pessoal.

domingo, 25 de outubro de 2009

Página para votar no referendo

"As bases vão continuar a ser vossas mas vocês vão continuar a ser nossos"

A página na internet para a votação no referendo contra as bases militares norte-americanas e contra o golpe de Estado nas Honduras já está disponível. Como havíamos anunciado, esta é uma iniciativa que tem a responsabilidade de movimentos sociais e políticos do bairro 23 de Enero, baluarte do processo bolivariano na Venezuela.

Clica aqui para votar.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

No domingo, vota contra as bases imperialistas e contra o golpe de Estado nas Honduras!


O bairro 23 de Enero, situado em Caracas, baluarte do processo bolivariano e espaço de intervenção política, social e cultural de diversas organizações e movimentos, vai organizar no próximo domingo, 25 de Outubro, um referendo anti-imperialista. O objectivo é simbólico. Protesta-se contra as bases norte-americanas na Colômbia e contra o golpe de Estado nas Honduras através da votação referendária. Por trás desta acção, encontra-se uma forte discussão e mobilização popular anti-imperialista.

O referendo vai realizar-se no bairro 23 de Enero mas também noutros locais do território venezuelano. Simultaneamente, e com o mesmo valor, venezuelanos e estrangeiros vão poder votar através da internet. Apelamos, portanto, aos leitores da Rádio Moscovo para que mostrem a sua indignação em relação ao que se passa na Colômbia e nas Honduras votando na ligação da página http://www.aporrea.org que aqui deixaremos disponível no domingo entre 13 e as 19 horas. Apelamos também a que os outros blogues possam difundir esta acção.

As perguntas são as seguintes:

1. Aprova a instalação de bases militares dos Estados Unidos da América na Colômbia, América Latina e no mundo?

2. Aprova o golpe de Estado nas Honduras?

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O fascismo não acabou

Ora, vejamos bem esta notícia: "Mais de meio milhar de cidadãos tinham subscrito, até ao fim da tarde de ontem, uma nova petição na Net a defender a "reposição do nome original da Ponte Salazar".

Quem a subscreve?
"Entre os subscritores, muitos com apelidos de família conhecidos (Mendia, D'Orey, Mello, Roquette, Mantero, Van Zeller), a primeira assinatura é a de Maria Isabel Galveias, que acrescentou ao seu nome um comentário: 'A ponte deve ser sempre Ponte Salazar por imperativo histórico'."

Com toda a probabilidade, esta gente abjecta defende, no seu intimo, a reposição da perseguição política e da tortura.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Não às bases imperialistas na Colômbia!


No próximo dia 25 de Outubro, a Coordenadora Simón Bolívar, em conjunto com diversas organizações políticas e sociais do bairro 23 de Enero, baluarte do processo bolivariano, vai organizar um referendo contra as bases militares norte-americanas na Colômbia. Gustavo Rodriguez, amigo da Rádio Moscovo, é um dos activistas que dá a cara pela iniciativa.

Não às bases imperialistas!
Viva a resistência latino-americana!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Duas notícias graves


Duas notícias particularmente graves. A primeira diz respeito à detenção por parte da polícia espanhola de uma dezena de independentistas bascos. Entre os quais, Arnaldo Otegi e Rafa Diez. Mais um brutal ataque por parte do Estado espanhol aos direitos políticos e sociais do povo basco. Segundo as autoridades, estes cidadãos bascos estariam a cometer o grave crime- imagine-se - de reunir regularmente desde há meses para reconstituir o partido ilegalizado Batasuna. Aqui se vê quem quer a paz e quem quer a guerra. Esta é a democracia espanhola.

A segunda notícia grave chega-nos da Venezuela. Confrontos entre agrários e indígenas provocaram vários feridos entre os últimos. No meio da Sierra del Perijá, junto à fronteira com a Colômbia, a burguesia recebe o apoio das autoridades locais e das forças armadas. Por várias vezes, as comunidades indígenas são violentamente atacadas. Desta vez, trata-se da comunidade Yukpa. O líder, Sabino Romero, que vira o seu pai assassinado no Verão do ano passado, foi agora alvejado com três tiros. O seu genro foi assassinado e a sua filha de onze anos está ferida.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

"Aqui, no se rinde nadie!"

Imagem aérea do bairro 23 de Enero

Nove de Outubro de 1973. Há seis anos, Ernesto 'Che' Guevara cuspia na cara do seu carrasco e gritava: "Dispara que vais matar um homem!". Mas os canos das metralhadoras do imperialismo não tiveram tempo de arrefecer. Há menos de um mês, o sangue de Salvador Allende arrastou consigo o sangue de milhares de chilenos. Calou-se a voz de Victor Jara e a pena de Pablo Neruda.

Um grupo de jovens decide, pela primeira vez, assinalar a morte de 'Che' Guevara. Fazem parte da J-23. Esta é a frente armada que opera no bairro 23 de Enero, zona subversiva de Caracas. Reúnem e tomam a decisão. Há que relembrar o guerrilheiro argentino através de uma acção espectacular. Esta noite, dos telhados de todos os blocos, serão lançados centenas de foguetes.

Um pequeno grupo comanda a operação. Serão eles a dar o sinal. Juan prepara o foguete e espera. É meia-noite. Pisca o olho aos camaradas e em vez de o lançar ao céu aponta-o à janela do apartamento do bufo. Com uma pontaria irrepreensível, o foguete entra na habitação e rebenta na sala. De imediato, centenas de explosões interrompem o silêncio nocturno. A esposa do bufo corre para a rua, aos gritos e em cuecas.

Nove de Outubro de 1979. Há seis anos que todo o 23 de Enero relembra a morte de 'Che Guevara'. Mas mais do que isso, a luta contra o capitalismo endureceu. No bairro, a J-23 deu lugar às Milícias Populares. Centenas de jovens da capital venezuelana aderem à guerrilha urbana. Há confrontos todas as semanas. A polícia e o exército ocupam os blocos e fazem buscas casa-a-casa. Há que exterminar toda a dissidência com a ditadura puntufijista. O assédio repressivo utiliza o assassinato e a tortura como ferramentas de intimidação.

Apesar das dificuldades, as Milícias Populares decidem organizar o tradicional lançamento de foguetes. Se a polícia e os militares ocupam os telhados, os guerrilheiros descem às ruas. Se a polícia e os militares ocupam as ruas, os guerrilheiros sobem aos telhados. Os jovens combatentes, apesar da inferioridade material, jogam em casa. Conhecem o bairro como as palmas das mãos e têm o apoio da população.

Mas esta noite vão alterar as regras do jogo. Não só subirão aos telhados, não só ocuparão as ruas, como também cercarão a esquadra dos torturadores. Põem os passa-montanhas. Empunham as pistolas e as pistolas-metralhadoras. Outros sobem aos telhados, outros guardam as esquinas. À mesma hora, ouve-se o sinal. Por todo o lado, explodem foguetes. Ouve-se bater tampas de panelas. Ao fundo, um megafone amplifica a voz de um combatente que lê um comunicado. E as rajadas assaltam, sem descanso, o módulo policial.

Nove de Setembro de 2009. Já não há módulo policial. Agora, no seu lugar, vive a Casa de Encuentro Freddy Parra. É ali que se encontra a rádio alternativa Al Son del 23. Também é ali que se ensina a população. Onde antes se torturava gente, há agora um info-centro onde se pode aceder à internet. Ao lado, um mercado que vende comida a preços sociais. Também muito perto, um centro de saúde onde duas médicas cubanas recebem a população. Já não há repressão. Quem vigia o bairro são os próprios habitantes que se organizam e mobilizam através de assembleias.

A Coordinadora Simón Bolívar, em conjunto com outros movimentos, decidiu realizar uma manifestação no bairro. Nela, não só se recorda 'Che' Guevara como se denuncia o imperialismo norte-americano e as sete bases que se vão concentrar na Colômbia. Centenas de pessoas percorrem o 23 de Enero reclamando o fim da interferência dos Estados Unidos na América Latina.

Durante a noite, juntaram-se nos telhados dos blocos do 23 de Enero. Uma vez mais, como em 1973, a noite de Caracas não se calou. Mas, desta vez, só houve a alegria de um povo que se levanta pelo futuro. Ninguém tapou o rosto. Ninguém fugiu das balas perdidas. Ninguém se escondeu.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Confrontos em Istambul


Milhares de pessoas saíram às ruas de Istambul para protestar contra a cimeira do FMI. Como sempre, sobressaiu a brutalidade da polícia turca.

domingo, 4 de outubro de 2009

Até sempre, Mercedes Sosa!


Faleceu, hoje, aos 74 anos, em Buenos Aires. A América Latina fica orfã de uma das suas mais importantes vozes. Este vídeo data de 1983 e Mercedes Sosa canta em Manágua, num concerto pela paz na América Central.

sábado, 3 de outubro de 2009

Pesos-pesados do revisionismo e da social-democracia assinam Compromisso à Esquerda

[Clique na imagem para aumentar]

A Rádio Moscovo convidou vários notáveis a assinar o Compromisso à Esquerda. Entre os pesos-pesados que aceitaram o repto, encontram-se Migas Gorbachov, Edu Bernstein, Santi Carrillo, Jójó Marchais, Alex Kerensky e Ricky Berlinguer. Qualquer um destes nomes dá credibilidade e confere o selo amarelo de garantia social-democrata à iniciativa portuguesa. Entretanto, e de forma inexplicável, estas assinaturas foram eliminadas do abaixo-assinado. Felizmente, a Rádio Moscovo tem as provas e publica-as para que também os leitores possam fazer um melhor juízo deste excelente manifesto dos traidores da classe trabalhadora.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Um partido sem notáveis. Mas notável.

Entra a noite. Ligam-se as câmaras e os repórteres ensaiam. Finalmente, o directo. "Nas sedes de campanha começam a entrar os notáveis". Soltam-se gargalhadas no bar do Centro de Trabalho Vitória. Pouco depois, os resultados. E há quem se pergunte. Porque gritam efusivamente centenas de pessoas? Afinal, a CDU foi ultrapassada pelo CDS-PP e pelo BE. Uma jornalista pergunta a Francisco Lopes: "A liderança de Jerónimo de Sousa está em causa?". No bar, contêm-se os risos e a chacota.

Efectivamente, a comunicação social portuguesa está a anos-luz de uma realidade que existe entre eles há quase um século. Insistem em acompanhar o PCP como se tratasse de um partido do sistema. Não conseguem compreender que o nosso papel na Assembleia da República é importante mas que não é a nossa prioridade. Não é entre a burguesia que nos sentimos em casa. Sentimo-nos bem nos locais de trabalho. Repetimos como Lénine que "a luta é o único caminho".

E serve isto não para desvalorizar os resultados eleitorais mas para evidenciar a incompreensão por parte de alguns de que o PCP é um colectivo e não uma organização de "notáveis", essa categoria criada pelos media e para a qual só se entra com o aval da burguesia. No PCP, assumimos as vitórias e as derrotas de forma colectiva. Porque o nosso trabalho é construído de forma colectiva. E os dirigentes do PCP limitam-se a seguir o que foi decidido colectivamente.

É essa a riqueza de um partido que conta unicamente com os seus militantes para fazer chegar a sua voz a todo o país. Portanto, ter mais 15 mil votos e mais um deputado que há quatro anos não é uma derrota mas antes uma vitória. Cada voto na CDU é um voto de coragem e de compromisso. É um voto contra-corrente. É o voto que mais consciência exige. E esta é uma vitória para toda a classe trabalhadora. Mesmo para aqueles que votaram noutros partidos. Recorde-se: defendemos os trabalhadores e a população de Lisboa mesmo quando o candidato do BE se aliou ao PS.

Hoje, centenas de milhares de activistas e apoiantes da CDU regressam às ruas para levar a campanha eleitoral a todos os cantos do país. Ao mesmo tempo, continuam a luta de todos os dias contra o capitalismo e pelo socialismo.

sábado, 26 de setembro de 2009

Ya sabes mi paradero...


O voto na CDU é o único que não provoca ressaca.

domingo, 20 de setembro de 2009

A Rádio Moscovo apoia a CDU

A Coligação Democrática Unitária (CDU), composta pelo Partido Comunista Português (PCP), pelo Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV), pela Intervenção Democrática (ID) e por milhares de cidadãos independentes, representa uma força que defende os interesses do povo português, com destaque para a classe trabalhadora.

Nela, podemos encontrar todo o tipo de gente. Como no metro ou autocarro na hora-de-ponta. Operários, trolhas, carpinteiros, mecânicos, serralheiros, enfermeiros, médicos, psicólogos, professores, estudantes, jornalistas, motoristas, empregados-de-mesa, reformados, actores, escritores, músicos. Cada um deles, para romper a censura mediática, dedica-se, nas horas livres, a colar cartazes, a levantar pendões, a pôr faixas, a conduzir carros-de-som, a distribuir panfletos e a contactar com outros.

É gente que encara a política com as mangas arregaçadas. Gente que não paga a outros para que façam o trabalho duro. Gente que não serve os interesses de outros que não os seus iguais. Gente que vive do seu trabalho e que luta contra a exploração. Gente que vive como a maioria do povo português. Gente com as mesmas dificuldades, com os mesmos problemas, com os mesmos dilemas. Gente que não quer nada para si senão for para todos.

É esse o motivo que leva a comunicação social a censurar a CDU. Servindo os interesses de quem manda, serve também os interesses dos nossos patrões. Por isso, há que calar a voz destes trabalhadores. Antes que ela se espalhe. É também por isso que surgem oportunistas que tentam confundir o povo português.

Quem se esquece de José Sá Fernandes, o Zé que fazia falta aos cidadãos de Lisboa, segundo o Bloco de Esquerda (BE), e que, depois, veio apoiar as políticas de direita de António Costa? Quem se esquece de António Chora, coordenador da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, protagonista do "sindicalismo moderno"? António Chora, membro da Comissão Política do BE e deputado à Assembleia da República, serviu os interesses do patronato. Abriu caminho à perda de direitos dentro da Autoeuropa, com grande apoio da comunicação social, até que os trabalhadores decidiram resistir. Pouco depois, foi visto no jantar de despedida de Manuel Pinho, o ministro da Economia que insultou o PCP. Sobre ele, viria a afirmar que se tratara de um dos melhores ministros. O mesmo que na China havia apelado ao investimento em Portugal por termos dos salários mais baixos da Europa.

Também não podemos esquecer Manuel Alegre. Ele que sempre, e principalmente durante este mandato, tentou mostrar-se de esquerda. Quem esquece o semblante carregado, qual socialista furioso com o rumo de direita do Partido Socialista (PS)? Seria o mesmo que esteve, ontem, em Coimbra a apoiar o amigo José Sócrates e a defender o carácter de esquerda do PS e das políticas do governo? Seria o mesmo que esteve em fóruns com o BE? Nós sabemos quem é o verdadeiro Manuel Alegre. Como o sabe Francisco Louçã. Por isso, ontem, apesar do apoio de Manuel Alegre a José Sócrates, o líder do BE não teve qualquer problema em o defender. Porque aos oportunistas não importa quem se apoie desde que isso lhes traga algum benefício.

Contra a direita e o oportunismo, leva a luta através do voto na CDU!

sábado, 19 de setembro de 2009

Feios, Porcos e Maus

Apesar de estarmos em tempo de vindimas, por estes dias, não se lavam cestos. Lava-se, sim, muita roupa suja e em público. Os partidos da burguesia batem-se na arena tentando conquistar os votos que lhes bastam para prosseguir o domínio nos próximos quatro anos. Como as diferenças no campo político são mínimas, a batalha tem de se travar com outro tipo de armas que não incluem o debate sobre temas essenciais.

Depois da questão de Manuela Moura Guedes - de que se suspeita que possa ser jornalista - e de José Sócrates - de que se suspeita que possa ser licenciado -, surgem novas peças de roupa para lavar. Desta vez, roupa interior bem suja. Saíram notícias de que o PSD paga a militantes para que votem no próprio partido. Outras, destacam que destacados dirigentes do Bloco de Esquerda investiram em PPR's e em acções. Mas a notícia que marca a actualidade informativa é a de que o Público tem lançado a suspeita de espionagem governamental sobre a Presidência da República com base numa encomenda feita por um assessor de Cavaco Silva.

Foi a este ponto que a campanha eleitoral chegou. Para gáudio da comunicação social, que é por este tipo de notícias que se orienta. Sobre o PCP, nicles, niente, rien, nada. Porquê? Porque não protagoniza escândalos. Como afirmava José Alberto Carvalho, director de informação da RTP, numa audiência parlamentar, o PCP tem um discurso mimético e pouco atractivo, sabe-se sempre o que vão dizer. Os diversos comentadores do PCP alinham todos pela mesma bitola. E como o que importa, nestas coisas, é a incoerência, a contradição e o espectáculo, o PCP fica de fora.

Mas esta versão politizada do Feios, Porcos e Maus, inteligente filme de Ettore Scola, tem um fundo de verdade. Na película italiana, o velho Giacinto, que recebeu uma indemnização por ter perdido um olho num acidente de trabalho, vê a fortuna cobiçada pela família que a quer roubar. Todos os estratagemas são válidos. E, no final, tentam envenenar Giacinto. Por cá, ainda não chegaram a tanto. Mas o nível dos ataques já desceu abaixo das tubagens de esgotos.

O caso das escutas configura um assunto muito grave. Num país normal, um dos dois demitir-se-ia. O Presidente da República ou o primeiro-ministro. Mas como vivemos em Portugal, tanto um como o outro adiaram a questão para depois do acto eleitoral. Contudo, há algo que me repugna. A ser verdade, o conteúdo do e-mail de Luciano Alvarez, dirigido a José Talentino Nóbrega, representa uma violação grave dos princípios mais básicos do Código Deontológico pelo qual se orienta - ou devia orientar-se - o jornalismo em Portugal. E indicia aquilo que muitos de nós sabemos, a comunicação social serve os interesses da classe que domina e este é um exemplo de como se pode orientar uma investigação jornalística a partir de fontes que estabelecem como deve ser a notícia (que as beneficia).

Neste aspecto, Belmiro de Azevedo, patrão da Sonae, e por sua vez do Público, foi esclarecedor. Não só se solidarizou com o jornal como exortou os trabalhadores a não se deixarem assustar pelos governantes. Mas, mais uma vez, trouxe para a ribalta um elemento que clarifica a posição dos comunistas sobre a comunicação social. O governo quer influenciar o jornal "sem pôr lá dinheiro nenhum", acusou. E devemos agradecer-lhe a honestidade. Afinal, assume que o Público serve os interesses de quem o financia e podemos, agora, compreender melhor porque vale a pena manter um jornal que dá prejuízo. A verdade, é que o Público, como ferramenta de propaganda do capital, vale cada euro de prejuízo. E vale cada pontapé de José Talentino Nóbrega na língua portuguesa. Não fosse este um caso sério e estariamos a discutir como pode um jornalista escrever pior que uma criança de doze anos.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

"Política do Medo"


Os grupos Violadores del Verso e Soziedad Alkoholika juntaram-se para lançar uma potente faixa que denuncia as mentiras e o medo usados como arma política pelos que dominam. Também isso está em jogo nas eleições legislativas no nosso país. Nas últimas eleições, como me dizia um amigo, os ricos foram eleitos com os votos dos pobres. É assim há mais de 30 anos. E só o voto na CDU, onde participa o Partido da classe operária e de todos os trabalhadores, pode mudar isso. É a batalha do momento. Depois, não vale a pena desarregaçar as mangas. A luta é o único caminho.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

CDU organiza debate sobre a Comunicação Social

A comunicação social vive dias difíceis. Os despedimentos, a precariedade, o Estatuto do Jornalista e a concentração dos meios de comunicação, contribuem não só para piores condições laborais mas também para um jornalismo menos democrático e de pior qualidade. Neste contexto, a CDU convida-te a debater a realidade do sector na próxima quinta-feira, 17 de Setembro, às 18h30, na Casa da Imprensa. Participa e divulga.

Participação:

Rosário Rato, Vice-Presidente do Sindicato dos Jornalistas
Alferes Gonçalves, Jornalista
Bruno Dias, Deputado do PCP à Assembleia da República

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Victor Jara, presente!


"Los que mueren por el pueblo no pueden llamarse muertos" (Ali Primera)

Nota: No mesmo dia em que se assinala o golpe de Estado no Chile, morreu um dos heróis da revolução cubana. O comandante Almeida faleceu aos 82 anos. Participou no assalto ao Quartel Moncada e foi um dos guerrilheiros que a partir da Sierra Maestra plantou a liberdade. Almeida era ainda o vice-presidente de Cuba. É dele a célebre resposta às ordens de rendição por parte das tropas de Batista: "Aqui no se rinde nadie, carajo!"

Obama igual a Bush

O governo dos Estados Unidos afirmou esta quinta-feira que o seu homólogo colombiano respeita os direitos humanos e que por isso o Congresso norte-americano pode autorizar as verbas destinadas às Forças Armadas da Colômbia. Penso que, com isto, está tudo dito sobre a seriedade e a suposta honestidade do presidente Barack Obama perante quem a social-democracia europeia se ajoelhou. Mas também está tudo dito sobre o seu carácter democrático. Depois de todas as contradições na avaliação dos Estados Unidos do golpe de Estado nas Honduras, o Comando Sul das Forças Armadas norte-americanas vai realizar manobras militares conjuntas com as sua congénere hondurenha, protagonista da acção fascista que derrubou o legítimo governo de Manuel Zelaya. Isto depois de Washington ter afirmado, no mês passado, que suspenderia toda a cooperação militar com o golpista Micheletti. Palavras para quê?

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Sobre emissão de hoje

Talvez tenham conseguido reparar, o programa 'Aló 23' começou e acabou uma hora mais cedo. Agora, emite a partir das 16 horas (21h30) e acaba às 18 horas (23h30). Infelizmente, não só não fui avisado em tempo útil como não pude informar-vos. Peço desculpa e deixo então a informação de que a minha participação passará a ser entre as 23h e as 23h30.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Todos à Festa do «Avante!»

"Tornaste-me indestrutível porque, graças a ti, não termino em mim mesmo".

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Sintoniza a emissora anti-imperialista!

A partir de agora, a participação de um dos editores da Rádio Moscovo no programa semanal Aló 23 da emissora venezuelana Al Son del 23 passa a estar disponível online. Todas as terças-feiras, entre as 23.30 e as 24, um resumo dos principais acontecimentos políticos internacionais sob a voz de Pedro Bala.

A rádio Al Son del 23 é uma das principais emissoras livres da Venezuela. Situa-se no bairro 23 de Enero, na Casa de Encuentro Freddy Parra. Ali, onde antes estava uma esquadra da polícia e das forças anti-guerrilheiras, a população ao lado de organizações revolucionárias, onde se destaca a Coordenadora Simón Bolívar, levantou-se a emissora do povo.

Esta semana, demos nota da campanha mediática na Europa e Estados Unidos contra a Venezuela e contra a Lei Orgânica da Educação. Referimos as eleições fraudulentas no Afeganistão e a queda de popularidade de Barack Obama por não avançar com reformas no sistema de saúde. Destacámos a presença de uma delegação do PCP no Fórum de São Paulo, o encontro do eurodeputado João Ferreira com o presidente hondurenho Manuel Zelaya e o seu périplo pela capital hondurenha, Tegucigalpa, para se encontrar com diversas organizações progressistas e democráticas. Inevitavelmente, descrevemos o que é a Festa do Avante! e como é construída, só possível por ser organizada por um Partido Comunista revolucionário e militante. Para terminar, a denúncia da prisão de uma cidadã basca de 60 anos que foi condenada a 7 anos por insultar uma autarca do PP que venceu na sua localidade porque o partido mais votado foi ilegalizado.

Na próxima semana, já sabem. Sintonizem a emissora Al Son del 23, que na Venezuela ocupa a frequência 94.7 FM, entre as 23.30 e as 24. Contudo, aproveitem para ouvir todo o programa que começa às 22.30 e acaba às 24.30 e que é conduzido por Gustavo Rodriguez, um dos fundadores da guerrilha tupamaro nas ruas e becos das favelas de Caracas.

domingo, 23 de agosto de 2009

"Quando o povo acorda é sempre cedo"


Antigos membros do já extinto grupo basco Skalariak criaram os Vendetta

Como os nossos leitores já devem ter reparado, a produção da Rádio Moscovo não só diminuiu como perdeu profundidade nos textos apresentados. A Festa do «Avante!» e as batalhas eleitorais que se avizinham merecem uma prioridade que, justamente, retiram a disponibilidade necessária para a actualização que se exigia. Contudo, procuraremos, dentro do possível, manter a emissão aberta sobre o que se passa em Portugal e no mundo.

Na América Latina, as contradições agudizam-se. A decisão de impor ao povos latino-americanos sete bases militares norte-americanas na Colômbia agravou as relações entre vários países daquela região do globo. O objectivo dos Estados Unidos não é outro que o de combater a influência da linha bolivariana e o de vietnamizar a Colômbia, onde combatem as heróicas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC-EP).

Na Venezuela, a oposição tenta uma vez mais provocar o caos. Desta vez, o propósito é o de derrotar a Lei Orgânica da Educação (LOE). Nas ruas da capital, organizaram uma manifestação violenta provocando vários estragos. Os confrontos não são uma novidade. Há mais de uma semana, jornalistas protestaram também contra esta lei. Nesse contexto, foram agredidos e não em trabalho como se tenta fazer passar em toda a imprensa europeia. A resposta às tentativas de destabilização não se fez esperar e centenas de milhares de venezuelanos encheram Caracas para apoiar a LOE. Mas há que estar atento. A tensão cresce e alguns opositores já afirmam que se vivem dias como os prévios ao golpe de Estado.

Nas Honduras, nada mudou. Como a Rádio Moscovo havia afirmado, apesar de bem intencionado, Manuel Zelaya não esteve à altura do que se lhe exigia. Deixou-se enredar pelos cantos de sereia da pseudo-neutralidade imperialista. Quando percebeu o logro era tarde. Depois deixou-se cair num pacifismo inexplicável perante a violência fascista. Apesar disso, o povo prossegue jornadas históricas de luta contra a ditadura de Micheletti e companhia. Porque "quando o povo acorda é sempre cedo".

Em Portugal, a comunicação social encaminha-se para continuar o que sempre tem feito. Bipolariza a campanha eleitoral, destaca o Bloco de Esquerda e censura o PCP. Devemos, portanto, através do melhor instrumento de luta que tem o povo português, o Partido, levar a luta da classe trabalhadora até ao voto na ruptura com as políticas de direita e numa verdadeira alternativa de esquerda. Com uma forte bancada parlamentar do PCP, estaremos em melhores condições de levar a voz da luta de massas aos órgãos da burguesia. Porque, perante o cenário político que se apresenta, inevitavelmente, teremos que reforçar e radicalizar a luta.

Nesse combate, não estará presente o actor comunista Morais e Castro. Mas estará a sua bandeira e a de tantos outros que não estando vivos nunca estarão mortos. Porque o Partido não é só os que estão, é também aqueles que estiveram.

sábado, 22 de agosto de 2009

Carolina Patrocínio: diz-me com quem andas...

A mandatária do PS para a juventude é perfeita. Carolina Patrocínio encarna o individualismo, a futilidade e o conservadorismo. Faz gala de ser filha de uma família rica, de que não gosta de passar despercebida e de que odeia os caroços da fruta. Só a come quando a empregada lhe tira as graínhas. O homem dos seus sonhos terá de pedir ao pai a sua mão em casamento. Vale a pena perder tempo a conhecer o retrato desta jovem apoiante do PS. Faz-nos ter mais a certeza de que estamos do lado certo da barricada. E de que eles estão do outro lado.

Entrevista a Carolina Patrocínio

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Zeca Afonso e os jovens

terça-feira, 11 de agosto de 2009

E quando a corja topa da janela...

Ontem, o blogue 31 da Armada içou a bandeira da monarquia portuguesa na Câmara Municipal de Lisboa. Muito próprio de um país que vive ventos muito diferentes daqueles que sopraram entre 1974 e 1975. Voltaram os empresários, os torturadores e os bombistas, que em muitos casos são as três coisas. As televisões promovem concursos e telenovelas que destacam ditadores de outros tempos. A extrema-direita ameaça e agride. Um ex-membro da União Nacional que é presidente da Região Autónoma da Madeira propõe a criminalização do comunismo e a direita parlamentar aplaude lado a lado com directores de importantes jornais e revistas. Caem cargas policiais sobre os trabalhadores, são detidos sindicalistas, julgam-se jovens comunistas e antifascistas por pintarem murais. Monta-se um gigantesco aparelho de vigilância sobre os cidadãos com a colaboração dos operadores de telecomunicações. Ameaça-se com a criminalização da apologia do "terrorismo". E que outra opção nos sobra senão a luta?

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Hip Hop de intervenção


Immortal Technique interpreta Golpe de Estado. Vê a letra aqui.

Ataque brutal contra democracia e liberdade

A partir de hoje, os registos das comunicações que produzimos através de telefone móvel e fixo e através da internet vão ficar armazenados nos operadores de telecomunicações à disposição da justiça durante um ano. Como podem ler na lei, as nossas chamadas, os nossos e-mails, os nossos sms, os endereços que visitamos na internet, tudo isso vai ser alvo de retenção. A data, a hora do inicio e do fim e a duração das comunicações, com quem comunicamos e a localização mas - dizem eles - não o conteúdo.

Esta é uma directiva europeia aplicada agora na nossa legislação e que foi implementada primeiro em Inglaterra depois dos atentados no metro de Londres. Não só é um ataque brutal à privacidade mas mais do que isso é um violento atentado à democracia. Desde o 11 de Setembro de 2001 que o "terrorismo" serviu de desculpa à vaga securitária que tanto a burguesia desejava. Impor uma legislação que permitisse a vigilância total sobre os cidadãos era um desejo antigo.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

ETA: 50 anos de luta

"A luta armada é desagradável. Não agrada a ninguém e é dura. Como consequência, vai-se para a prisão, para o exílio, é-se torturado. Como consequência, pode-se morrer, é-se obrigado a matar e a pessoa endurece-se. Isso dói. Mas a luta armada é imprescindível para avançar. O governo espanhol sustem-se através do apoio do Exército e das Forças Repressivas. Para lutar contra esta força é imprescindível a força armada do povo. É indispensável que o povo organize a luta armada, na clandestinidade, na ETA."

Foi assim que 'Argala' descreveu o drama de gerações e gerações de bascos. E, provavelmente, não esperava que, ainda em 2009, as prisões espanholas e francesas estivessem a abarrotar de presos políticos bascos. Uma cifra impressionante: mais de 800 homens e mulheres encarcerados em ambos os Estados. Em todo o mundo, centenas de bascos vivem no exílio, estão deportados ou, simplesmente, na clandestinidade. Há alguns meses, desapareceu, em estranhas circunstâncias, um militante da ETA no que parece ser um prenúncio de tempos que não desapareceram. Desde então, as ruas e avenidas do País Basco enchem-se de manifestações denunciando. Na década de 70 e de 80, grupos armados, treinados e financiados pelo Estado espanhol torturaram e assassinaram políticos da esquerda independentista. Membros das Forças Armadas e de Segurança, assim como políticos, foram julgados e condenados. Cinco anos depois estavam em liberdade e, em alguns casos, condecorados com direito a subida na carreira. Muito diferente das penas a que estão sujeitos os independentistas bascos. Por exemplo, 'Gatza' está há 29 anos na prisão, mais do que Nelson Mandela. Essas acções de terrorismo de Estado conduzidas pelo governo de Felipe González provocaram um grande escândalo e arredaram a violência para o âmbito policial e militar. E apesar de os governantes e os jornais espanhóis insistirem que é uma estratégia da ETA para descredibilizar o Estado, a verdade é que a própria ONU reconheceu várias vezes o recurso à tortura contra cidadãos bascos. Desde a simulação do afogamento em banheiras, choques eléctricos nas zonas genitais, corte da respiração através de sacos de plástico, penetração de pistola na vagina com ameaça de disparo, vapores alucinogénicos, gravações de gente a ser torturada ou o habitual espancamento, tudo é possível para tentar arrancar uma confissão mesmo que falsa. Isto durante os dias que dura a incomunicação, um período aprovado pelo parlamento nacional e no qual os detidos não têm qualquer acesso ao mundo exterior. Nem ao contacto com a família ou com o advogado.

No País Basco, sente-se a tensão. Quase todas as organizações são ilegais. Nas últimas eleições municipais, a esquerda independentista ganhou em muitas localidades mas como os votos foram considerados nulos a presidência da Câmara Municipal passou, como por exemplo em Lizartza, para as mãos do Partido Popular que obteve a minoria absoluta de 12 votos. As pessoas revoltam-se. Têm familiares presos, as casas da juventude, antigos espaços abandonados ocupados, desalojadas pela força, manifestações proibidas e reprimidas a tiro. A sociedade basca vive num regime fascista em que uma boa parte da cidadania não pode expressar democraticamente a sua vontade. Há poucos dias, duas raparigas foram detidas porque levavam autocolantes independentistas. Um exemplo caricato desta democracia de fachada que há poucos meses decidiu arrancar as placas toponímicas que existiam há décadas nas ruas e avenidas do País Basco. O delito? Terem nomes de homens e mulheres que haviam sido combatentes da ETA. Das placas passaram para os cartazes. Em cada localidade, os familiares e amigos dos presos expõem publicamente as suas fotografias como forma de denúncia. Nas ruas, nos bares, nas fachadas das casas, qualquer lugar é bom para protestar. Mas agora, o Estado espanhol decidiu arrancar todas esses cartazes, faixas e pichagens e prender todos aqueles que participem nessa forma de protesto.

Agora tudo é pior. O PSOE está no governo do País Basco. Numa manobra inteligente, a ilegalização da esquerda independentista desequilibrou a balança de votantes que pendeu para o lado espanhol. Os partidos espanholistas como o PSOE, o PP e a UPD receberam mais votos que o PNV, a EA, a Aralar e a IU. Contudo, a maioria da população votou a favor da opção soberanista. Ou seja, aproximam-se anos muito duros para a esquerda independentista. Depois da proibição de jornais, rádios, organizações juvenis, associações humanitárias e de partidos políticos a situação ainda pode piorar. Os últimos redutos legais encontram-se no sindicato LAB, na organização de solidariedade internacionalista Askapena e em associações culturais. Tudo o resto move-se na clandestinidade. Há dias, incendiaram parte da casa dos pais de dois jovens independentistas bascos. Semanas depois, um grupo de homens combinou um trabalho com um independentista basco, operário da construção civil, e ao chegarem ao encontro raptaram-no e torturaram-no.

Há quem culpe a ETA pela actual situação. Mas a organização já afirmou estar disposta a negociar. Em troca de um referendo pela autodeterminação baixam as armas, incondicionalmente. Ou seja, é a única condição que apresentam para abandonar a luta armada. O receio de que ganhe a opção independentista e o efeito-dominó sobre a Catalunha e a Galiza assustam o Estado espanhol. Para além disso, a ETA assume-se como marxista-leninista e o socialismo mantém-se no seu discurso. Nas últimas negociações, ambos acordaram baixar as armas. A ETA não atacava e o Estado espanhol suspendia a repressão. Durante mais de um ano, durante a trégua, dezenas e dezenas de militantes independentistas foram presos e torturados. O Estado espanhol nunca cumpriu o acordado. A ETA cumpriu-o até que se fartou e fez explodir o estacionamento do Aeroporto de Barajas. Desde que surgiu, há 50 anos, a ETA tem estabelecido vários processos de negociação. Todos abortados pela intransigência dos representantes espanhóis que chegaram ao cúmulo de mandar prender os negociadores bascos.

Portugal teve e tem grandes amigos bascos. Vários dirigentes históricos da esquerda independentista viram na revolução de Abril uma mensagem de esperança para a luta que se vivia contra o franquismo. Por isso, muitos deles marcaram ao longo dos anos presença nas comemorações do 25 de Abril. Um deles, Joseba Alvarez, responsável pelas relações internacionais do Batasuna, encontra-se preso há mais de dois anos. Outro, que sempre teve um grande carinho pelo povo português morreu há poucos meses. Bernardo Arregi 'Tito' foi um dos que perdeu a juventude nas prisões espanholas. Depois de ter rebentado com um tanque militar espanhol, esteve cerca de 15 anos preso. Se lhe perguntassem se perderia outra vez a juventude por lutar por um País Basco livre e socialista, ele responderia que sim.

Podemos ser a favor ou contra a ETA. Isso não importa. O que importa é compreender que é um fenómeno com raízes políticas, económicas e culturais e que enquanto se derem as razões que a sustentam ela terá condições para existir. Por muito que o Estado espanhol diga, semanalmente, que está derrotada, há-de haver sempre jovens dispostos a sacrificar-se já não só pela independência e o socialismo mas também pela própria democracia. Amanhã, a ETA comemora 50 anos. Ontem e hoje, provaram que estão operacionais. Está na hora de acabar com a violência. A solução para o conflito é uma: que os bascos possam decidir o seu próprio futuro.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

FARC, a desculpa para tudo

Depois da decisão do governo colombiano de aceitar a transferência da maior base norte-americana na América Latina, a Base de Manta, no Equador, para o seu território, Álvaro Uribe dispara em todas as direcções. O repúdio geral que recebeu a sua decisão, tanto a nível interno como a nível externo, não só o enfraqueceu como o fez resgatar o já velho truque do computador de Raúl Reyes. Mas com novos artigos ilusionistas.

Um vídeo, supostamente enviado por uma guerrilheira ao governo, mostrava o heróico comandante Mono Jojoy a declarar aos combatentes das FARC que a organização comunista havia apoiado financeiramente a campanha eleitoral de Rafael Correa no Equador. Como se um assunto tão delicado como este pudesse ser referido com esta ligeireza. Para além disso, sabe-se que a operação militar, apoiada pelos Estados Unidos e por Israel, que levou à libertação de Ingrid Betancourt e de outros soldados, teve sucesso devido à infiltração nas comunicações da guerrilha. A imitação perfeita das vozes de comandantes levou ao engano e à execução de uma falsa ordem de libertação dos presos. Sabe-se que a capacidade da inteligência dos Estados Unidos e de Israel é quase infinita face aos movimentos de resistência. Agora, é a vez de Álvaro Uribe acusar Hugo Chávez de armar as FARC com material anti-tanque e com lança-foguetes de fabricação sueca.

De qualquer forma, não se tratam de assuntos melindrosos. A Rádio Moscovo apoia as FARC-EP e, nesse sentido, aplaude aqueles que rompam a parede de silêncio e ajudem o povo colombiano a resistir ao fascismo e ao imperialismo. Mas não acreditamos que Hugo Chávez e Rafael Correa tenham relações com as FARC. Assim como não acreditamos na mentira que circula agora nas Honduras. Os militares dizem que o povo que resiste nas ruas ao golpe de Estado são financiados pelas FARC...

domingo, 26 de julho de 2009

Viva Cuba socialista!


Hoje, é dia 26 de Julho. As ruas e avenidas de Cuba vão encher-se de festa. Recorda-se o ataque ao Quartel Moncada, em Santiago, pelas forças rebeldes dirigidas por Fidel Castro. Apesar da derrota, do assassinato, da tortura e da prisão, os sobreviventes daquela acção não demoraram a retomar a luta contra ditadura e a conquistar o apoio de toda a população. Seis anos depois, os guerrilheiros da Sierra Maestra, com Camilo Cienfuegos e Che Guevara, entravam em Havana. E apesar de todas as décadas de bloqueio por parte do imperialismo a pátria de José Martí resiste.

sábado, 25 de julho de 2009

25 de Julho: dia da pátria galega

Ao 25 de Julho deste ano, não vão faltar Giana e Ugio, presos políticos galegos libertados em Novembro do ano passado.

Nota: Membros da organização juvenil independentista galega Briga enviaram este vídeo à Rádio Moscovo que foi projectado no passado dia 24 durante as comemorações do dia da pátria.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

CGTP apela à solidariedade internacionalista!

Solidariedade com os trabalhadores e o povo das Honduras

Dia 28 de Julho, pelas 19H00
frente ao Consulado das Honduras
em Lisboa (Praça do Rossio, Nº 45)

A CGTP-IN, solidária com os trabalhadores, sindicatos e povo hondurenhos, considera que os trabalhadores e o povo português não podem ficar indiferentes face às inaceitáveis violações dos direitos humanos e da soberania do povo das Honduras.

A acção da CGTP-IN, no plano internacional, rege-se por um conjunto de princípios e valores fundamentais, onde se inscreve a solidariedade com os trabalhadores e povos que, pelo mundo, lutam contra a exploração e a opressão ou a agressão imperialista, pela justiça e pelo progresso, pela democracia, pela independência, pela paz.

Razão porque, desde a primeira hora, a CGTP-IN tomou posição pública de firme repúdio do criminoso golpe militar que, no passado dia 28 de Junho, ocorreu nas Honduras, sequestrando e expulsando do país o presidente democraticamente eleito, Manuel Zelaya.

Um golpe perpetrado com o apoio da extrema-direita e dos sectores mais reaccionários das Honduras, receosos dos resultados da consulta popular convocada pelo presidente Zelaya para decidir sobre a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, que viesse a plasmar, na Constituição, as mudanças democráticas que têm vindo a ter lugar.

Seguiu-se o decretar do Estado de Sítio, a militarização e o controlo das principais cidades, a investida violenta face à resposta popular, a censura mediática, a repressão sobre os trabalhadores, os sindicatos e movimentos sociais e populares, tendo já havido numerosas detenções e mortes que têm sido denunciadas por entidades de defesa dos direitos humanos.

Para travar este brutal esmagamento da esperança do povo hondurenho, está a consolidar-se uma grande resistência popular neste país centro americano, apesar da forte vigilância e repressão dos golpistas. Diariamente, as manifestações populares sucedem-se por todo o país, tendo sido convocada uma greve geral e lançado um apelo à comunidade internacional para se solidarizar com o povo das Honduras e mostrar com veemência o seu repúdio da ditadura e da brutal repressão iniciada desde o golpe militar.

A CGTP-IN, solidária com os trabalhadores, sindicatos e povo hondurenhos, considera que os trabalhadores e o povo português não podem ficar indiferentes face a estas inaceitáveis violações dos direitos humanos e da soberania do povo das Honduras.

Assim, apelamos às estruturas sindicais, em particular dos Distritos de Lisboa e Setúbal, para que mobilizem os trabalhadores e participem neste acto de protesto que a CGTP-IN promove, em conjunto com um amplo grupo de pessoas e entidades, no próximo dia 28 de Julho, pelas 19H00, frente ao Consulado das Honduras em Lisboa (Praça do Rossio, Nº 45).

Pelo restabelecimento da democracia, sem derramamento de sangue!

Pelo fim da repressão contra o povo das Honduras!

Pelo direito dos povos a decidirem o seu destino!

Graciete Cruz

Comissão Executiva da CGTP-IN
http://cgtp.pt//index.php?option=com_content&task=view&id=1397&Itemid=1

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Cartaz da Festa do «Avante!»


El Vals del Obrero dos Ska-P

A Festa do «Avante!» aproxima-se. E, apesar de todo o tipo de ofensivas contra o maior acontecimento político-cultural do país e o partido que a organiza, centenas de milhares de pessoas vão estar presentes na Quinta da Atalaia nos dias 4, 5 e 6 de Setembro. Este ano, será levantada a mais bela das festas e sempre com as mãos voluntárias dos seus construtores.

O jornal «Avante!» anuncia hoje os principais grupos que vão actuar durante o primeiro fim-de-semana de Setembro. A Rádio Moscovo destaca os Ska-P. Depois do regresso e do concerto apoteótico em Caracas em solidariedade com a revolução bolivariana, a banda espanhola pisa o palco 25 de Abril. O punk português também marca presença com os históricos Peste & Sida e os Gazua. Destacam-se ainda dois representantes da música folk: The Men They Couldn't Hang e Seth Lakeman. Para além disso, há Skalibans, Clã, Teresa Salgueiro, Blind Zero, Vitorino, Voces del Sur e o camarada Samuel do blogue Cantigueiro.

E como cantam os Ska-P, "este es mi sitio, esta es mi gente, somos obreros, la clase preferente".

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Protesta contra o cerco mediático!


O anúncio mais hipócrita da televisão. O Prós e Contras sempre deu apenas uma visão da realidade e é precisamente quem está por detrás da maioria da contestação social e política o mais censurado. Tenham vergonha.

A CDU Lisboa promove, hoje, quarta-feira, pelas 18.30, uma acção de protesto em frente às instalações da RTP na Avenida Marechal Gomes da Costa. Depois da participação de António Costa e de Santana Lopes na Grande Entrevista, a CDU exige o mesmo tratamento. Contra a bipolarização eleitoral e a censura a quem de forma consequente se bate pelos direitos dos que trabalham e vivem em Lisboa. Porque na democracia burguesia há uns que têm direito a um ponto de partida mais vantajoso na corrida eleitoral. E é mais grave no caso da televisão pública porque devia representar todos os portugueses.

Vamos romper o cerco mediático!
A luta é o caminho!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Povo hondurenho ultrapassa Manuel Zelaya

Durante semanas, reunião aqui e reunião ali. Todos os dias circulavam rumores de que Manuel Zelaya chegaria no dia seguinte às Honduras. "É amanhã", diziam. E enquanto os representantes do imperialismo norte-americano procuravam ganhar tempo para legitimar o golpista Roberto Micheletti, o presidente Zelaya deixava-se enredar em todo o ambiente diplomático que se lhe proporcionava. De forma vacilante, aceitou todos os pontos apresentados por Oscar Arias, presidente da Costa Rica. Entre eles o de um governo de reconciliação nacional em que havia lugar para os governantes legítimos e para os governantes golpistas e o de desistir de abrir uma quarta urna para escutar o povo hondurenho sobre a possibilidade de um futuro referendo constitucional. Digamos que, no fundo, Manuel Zelaya aceitou o que o imperialismo queria. E só não foi aceite porque a oligarquia hondurenha tem mais olhos que barriga e não aceita o regresso do legítimo presidente do seu país.

Nas ruas e avenidas de Tegucigalpa, apesar da gincana de Manuel Zelaya, o povo manifesta-se e é brutalmente reprimido. Nas Honduras, a Frente Nacional contra o Golpe de Estado recusa-se a aceitar a proposta de Oscar Arias, aprovada por Zelaya, e emitiu um comunicado em que diz só aceitar um dos pontos: o do regresso imediato de Manuel Zelaya à presidência. De resto, não só se mostra frontalmente contra como reforça o desejo de uma Assembleia Nacional Constuinte. É o povo quem está na dianteira da luta e quem assume a posição mais progressista e consequente.

Finalmente, Manuel Zelaya, provavelmente forçado pelos acontecimentos, apelou à rebelião e anunciou que vai entrar nas próximas horas nas Honduras. A partir de um bunker, algures perto de Tegucigalpa, vai dirigir com a Frente Nacional contra o Golpe de Estado a ofensiva para derrotar os usurpadores. Esperemos que desta vez a informação seja correcta e que dentro de poucas semanas os golpistas estejam não num governo de reconciliação nacional mas sim na prisão. E, acima de tudo, esperemos que a resposta popular sirva para empurrar as Honduras rumo a um sistema político e económico que tenha a classe trabalhadora como protagonista.

Filipa Vacondeus (e quanto mais depressa for melhor) ao Sol

Gosta de Política?
Muito. Desde pequena que comecei a ouvir falar de política. O meu pai era monárquico ferrenho e nós fomos educados nessa linha, mas sem sermos obrigados a segui-la. Lá em casa ninguém era salazarista, muito embora hoje reconheça que Salazar faz muita falta em muitas coisas

Em quê?
Em honestidade, em palavra... O grande defeito de Salazar foi ter-se metido dentro de casa e não saber o que se passava à sua volta (...) Mas foi um homem profundamente sério...

É possivel valorizar a honestidade e a seriedade de um governante quando tínhamos uma polícia política que prendia e torturava?
Vamos pôr as coisas de forma muito clara: A polícia política só fazia isso a pessoas do Partido Comunista, que era o papão do regime.

retirado do Spectrum

domingo, 19 de julho de 2009

Revolução Sandinista foi há 30 anos


No dia 19 de Julho de 1979, o povo nicaraguense tomou o poder e derrubou a ditadura de Somoza. Esperamos que se abram novos caminhos e que aquele povo volte a arrebatar o poder aos mais poderosos fechando o avanço à social-democracia e restituindo ao sandinismo a dignidade que merece.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Colômbia: Israel da América Latina


Resistência estudantil contra visita de George Bush

Durante meses, as autoridades norte-americanas negociaram com o governo colombiano o aumento da presença no território daquele país sul-americano. Depois da rejeição generalizada às bases militares dos Estados Unidos, Washington decidiu transferir a sua base mais importante, na América do Sul, do Equador para a Colômbia. Rafael Correa, presidente equatoriano, de tendência bolivariana, havia recusado prolongar a concessão da base de Manta. Não só por ser contra o imperialismo norte-americano mas também porque foi a partir dessa instalação que se planificou o ataque militar conjunto entre a Colômbia e os Estados Unidos contra o acampamento das FARC que se encontrava em território equatoriano, junto à fronteira colombiana. Foi aí que morreu Raul Reyes e dezenas de outros guerrilheiros e civis.

O acordo com Álvaro Uribe é sintomático do que tem sido a relação da Colômbia com os Estados Unidos nos últimos anos. Depois do Plano Colômbia, o governo norte-americano investiu milhões nas Forças Armadas colombianas. Sob o pretexto de combate ao tráfico de drogas, a Colômbia converteu-se numa potência militar. Não é por acaso que Hugo Chávez afirmou que o país vizinho era Israel da América Latina. E a partir de agora a tensão não deixará de crescer. Os novos acordos, naturalmente, provocam apreensão na Venezuela e no Equador. Ontem, na cerimónia do bicentenário da independência da Bolívia, Evo Morales deixava claro nada mais do que isto: "Todos aqueles que aceitem bases militares dos Estados Unidos são traidores".

O plano dos Estados Unidos é a instalação de cinco bases com 800 militares e 600 civis. Uma parte das bases vai ser construída em zonas de forte presença guerrilheira. O anúncio deste acordo provocou grande polémica na Colômbia. Desta vez, não foi apenas a esquerda a contestar a perda de soberania nacional. Figuras da direita ficaram abismados com a decisão e concordaram que a Colômbia se ajoelha perante os Estados Unidos. Tal é a polémica que Álvaro Uribe teve de desmentir que se trata da transferência da base de Manta, no Equador, para a Colômbia. Mas não convenceu ninguém porque o próprio embaixador norte-americano confirmou-o há algumas semanas.

Entre os princípios do acordo, encontra-se um que dá absoluta imunidade aos cidadãos norte-americanos perante a justiça colombiana. Um outro cede à inteligência da Colômbia todas as imagens em tempo real dos satélites norte-americanos. Naturalmente, compreende-se que o objectivo não é o de combater o narcotráfico, como também já se afirmava com o Plano Colômbia, trata-se, sim, de combater a resistência popular. E quando falamos de resistência não nos referimos apenas às FARC e ao ELN. Referimo-nos também aos que na legalidade vivem a perseguição, a repressão e o assassinato. Comunistas, sindicalistas, estudantes e indígenas sabem bem o que isso significa. E, afinal, onde está a cooperação pacífica prometida por Barack Obama?