domingo, 23 de agosto de 2009

"Quando o povo acorda é sempre cedo"


Antigos membros do já extinto grupo basco Skalariak criaram os Vendetta

Como os nossos leitores já devem ter reparado, a produção da Rádio Moscovo não só diminuiu como perdeu profundidade nos textos apresentados. A Festa do «Avante!» e as batalhas eleitorais que se avizinham merecem uma prioridade que, justamente, retiram a disponibilidade necessária para a actualização que se exigia. Contudo, procuraremos, dentro do possível, manter a emissão aberta sobre o que se passa em Portugal e no mundo.

Na América Latina, as contradições agudizam-se. A decisão de impor ao povos latino-americanos sete bases militares norte-americanas na Colômbia agravou as relações entre vários países daquela região do globo. O objectivo dos Estados Unidos não é outro que o de combater a influência da linha bolivariana e o de vietnamizar a Colômbia, onde combatem as heróicas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC-EP).

Na Venezuela, a oposição tenta uma vez mais provocar o caos. Desta vez, o propósito é o de derrotar a Lei Orgânica da Educação (LOE). Nas ruas da capital, organizaram uma manifestação violenta provocando vários estragos. Os confrontos não são uma novidade. Há mais de uma semana, jornalistas protestaram também contra esta lei. Nesse contexto, foram agredidos e não em trabalho como se tenta fazer passar em toda a imprensa europeia. A resposta às tentativas de destabilização não se fez esperar e centenas de milhares de venezuelanos encheram Caracas para apoiar a LOE. Mas há que estar atento. A tensão cresce e alguns opositores já afirmam que se vivem dias como os prévios ao golpe de Estado.

Nas Honduras, nada mudou. Como a Rádio Moscovo havia afirmado, apesar de bem intencionado, Manuel Zelaya não esteve à altura do que se lhe exigia. Deixou-se enredar pelos cantos de sereia da pseudo-neutralidade imperialista. Quando percebeu o logro era tarde. Depois deixou-se cair num pacifismo inexplicável perante a violência fascista. Apesar disso, o povo prossegue jornadas históricas de luta contra a ditadura de Micheletti e companhia. Porque "quando o povo acorda é sempre cedo".

Em Portugal, a comunicação social encaminha-se para continuar o que sempre tem feito. Bipolariza a campanha eleitoral, destaca o Bloco de Esquerda e censura o PCP. Devemos, portanto, através do melhor instrumento de luta que tem o povo português, o Partido, levar a luta da classe trabalhadora até ao voto na ruptura com as políticas de direita e numa verdadeira alternativa de esquerda. Com uma forte bancada parlamentar do PCP, estaremos em melhores condições de levar a voz da luta de massas aos órgãos da burguesia. Porque, perante o cenário político que se apresenta, inevitavelmente, teremos que reforçar e radicalizar a luta.

Nesse combate, não estará presente o actor comunista Morais e Castro. Mas estará a sua bandeira e a de tantos outros que não estando vivos nunca estarão mortos. Porque o Partido não é só os que estão, é também aqueles que estiveram.

4 comentários:

jose luz disse...

caro Pedro Bala
Penso que existe uma pequena contradição na parte final do texto quando diz "levar a luta da classe trabalhadora até ao voto" e depois diz "inevitavelmente,teremos que reforçar e radicalizar a luta" é que se levarmos a luta só até ao voto,acabamos por percorrer apenas parte do caminho e não chegamos a radicalizar esta.
Além disso, é evidente que quanto mais apoio de massas tiver um partido revolucionário e quanto maior for a sua representatividade parlamentar, maior será a sua influência,mas não para levar o protesto das massas para dentro do parlamento.O papel do partido revolucionário no parlamento é lutar e denunciar o capitalismo,demonstrar que ao contrário do que dizem os reformistas o "parlamento" não é a "casa da democracia" mas sim onde a burguesia capitalista ordena aos seus serventuários que legislem,contra o povo e lhes crie melhores condições de exploração e é a partir desta denuncia que deve ganhar as massas para a luta concreta do dia a dia,até ao dia da revolução.
Mas este papel para ser bem desempenhado,não é necessário ter um enorme grupo de deputados,- Engels e Lénin defendiam que três ou quatro eram o suficiente-a não ser que possa pensar,que isso facilitará a aprovação de qualquer projecto de lei favorável ao proletariado,o que será coisa impossivel na época em que vivemos,a época do imperialismo.

Nota:consulte "oassaltoaoceu.blogspot.com" e leia os textos "Lénin,o leninismo e a actualidade II" e os comentários e logo diga qualquer coisa.

Pedro Bala disse...

Contradição? Quem disse que só queremos levar a luta até ao voto? Disse que, neste caso específico, devemos levar a luta até ao voto. De resto, aqui sempre se defendeu que a luta de massas é a forma principal de combate ao capital. A radicalização da luta deve ser feita nesse campo. Os deputados comunistas no Parlamento devem servir para levar a voz da classe trabalhadora e denunciar o papel das forças da burguesia. Parece que às vezes o sr. José Luz vê fantasmas onde eles não existem. A verborreia radical nem sempre é sinónimo de pensamento e prática radical.

josé luz disse...

Caro P.Bala
Não sei onde encontra "ultra-radicalismo" ou "verborreia" no meu comentário,eu apenas procurei chamar a atenção para duas frases no seu texto que no MEU entender são contraditórias ou no minimo inconsequentes e que revela na sua apreciação politica uma certa "cegueira" e "ilusão" eleitoralista,quando vê no reforço eleitoral,um modo de radicalizar a luta,quero-lhe dizer que há muitos exemplos que contrariam a sua opinião;Por exemplo o PCAlemão chegou a ser quase metade do parlamento alemão e no entanto não só não REFORÇOU,como não RADICALIZOU a luta do proletariado,contra a classe capitalista e o capitalismo,como inclusivamente traiu este, devido a sua prática parlamentar reformista e social-chauvinista,o que me "parece" ser essa a situação do PCP e de seus "futuros"aliados o B.E..

As eleições apesar de serem um momento especifico( que você não refere no seu texto)não quer dizer que esteja isolado em si ou que não faça parte do contexto mais geral da luta politica e é por isso que a classe trabalhadora não pode levar a sua luta ATÉ ao VOTO,aliás,deve antes aproveitar esse momento "especifico"para reforçar a sua coesão e mesmo procurar alterar a correlação de forças a seu favor para combates presentes e futuros,se assim não for qualquer partido mesmo o mais revolucionário cairá no reformismo eleitoralista e a classe operária ainda não terá ultrapassado as ilusões no parlamentarismo burguês,como saida para a sua situação social.
É exactamente por este motivo,que a função do partido revolucionário no parlamento,deve ser de denunciar este,como um orgão reacçionário e anti-operário, como forma de combater as ilusões pacifistas e reformistas burguesas, que ainda existem na consciência da maioria da massa proletária.
O partido revolucionário,como uma fracção consciente e de vanguarda da classe proletaria,é ele mesmo a própria classe no parlamento burgûes,o seu papel reside apenas e só em fazer a denuncia do sistema capitalista e o papel do parlamentarismo neste sistema e ganhar a consciência das massas para a realidade necessária de fazer a revolução socialista e construir o socialismo,como a única via, das massas proletárias eliminarem a sua miséria social.

Luís Rocha disse...

Se o ridículo pagasse imposto, o José Luz estaria falido.