A União Europeia propôs o abastecimento de electricidade a toda a Europa com energia solar do Sara. Segundo o El Mundo e o The Guardian, "um diminuto rectângulo sobre os extensos terrenos do Sara podia ser a solução mais eficaz para pôr em marcha um plano audaz de redução das emissões de dióxido de carbono na Europa, fazendo uso do poder feroz do sol desértico". Os dois jornais acrescentam ainda que apesar de "mais pequena que qualquer país do Norte de África e de representar um espaço ligeiramente mais pequeno que o País de Gales, os cientistas afirmam que esta área podia conseguir gerar energia solar suficiente para abastecer toda a Europa de electricidade limpa".
A proposta pouco mais pode provocar do que a revolta se pensarmos que a diminuição da poluição europeia se fará à custa da riqueza natural de povos que são constantemente explorados e humilhados pela Europa. Pode parecer uma reacção excessiva mas este é apenas um exemplo dos muitos que se passam por todo o continente africano. Porque uma União Europeia que nunca se preocupou com a sorte do povo sarauí, que nunca se preocupou com a sorte das centenas de africanos que morrem ao largo das costas europeias, que aprova leis restritivas em relação aos extra-comunitários que querem trabalhar dentro das nossas fronteiras não pode ser vista senão como uma entidade colonialista.
1 comentário:
E provoca mesmo revolta. É "bem" manter um discurso de limpeza sobre os desmandos colonialistas de antanho, e é "óptimo" manter a prática de antanho que o contradiz - que as roupagens "neo" não só não disfarçam como parecem dar mais à evidência. Enquanto prevalecerem o saque do capitalismo sem freio e a hipocrisia de uma União Europa que se constrói sobre bases muito pouco democráticas, a relação Europa-África há-de continuar a padecer dos mesmos males. Para mal dos Africanos. Para mal de todos.
Abraço. R.
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