domingo, 16 de maio de 2010

25 de Abril e 1º de Maio

Espero que seja uma notícia que agrade aos leitores da Rádio Moscovo. Vamos regressar em força ao espectro radio-eléctrico. Ultimamente, outras frentes de luta consumiram a disponibilidade necessária para manter a Rádio Moscovo actualizada. Esperamos que os leitores compreendam que a acção prioritária é aquela que se trava para além da batalha virtual.

Desde o fim de Abril, muita água correu debaixo das pontes. O 25 de Abril foi uma grande acção de massas. Nela participou o fundamental dos que lutam por que Abril se cumpra. Mas também participa um conjunto de políticos que necessitam do ambiente de esquerda para que prossigam o ataque à classe trabalhadora sob a capa do "socialismo". Aqui incluímos os dirigentes do PS e da JS. Destaca-se, naturalmente, Manuel Alegre. O candidato à presidência da República, que o PS sempre preservou para os momentos em que necessita de se mostrar preocupado com os trabalhadores, é o eterno quase-dissidente. Um quase-dissidente que, no fundamental, sempre esteve ao lado da política de direita executada pelos vários governos do PS. Não é, pois, estranho que diga compreender as medidas "anti-crise" aprovadas por José Sócrates com o apoio do PSD. Embrulhado nesta caldeirada está, naturalmente, a direcção do Bloco de Esquerda que deve estar a tentar acalmar os ânimos dos que discordam da forma totalitária com que decidiram apoiar Manuel Alegre para a presidência.

O 120º aniversário do 1º de Maio decorreu de forma mais saudável. Longe do cheiro de uma UGT que agora tem uma ex-dirigente sua como ministra do Trabalho, a manifestação encheu as avenidas até à Alameda. Ainda assim, houve pequenos problemas. O Mayday continua a tentar reforçar o seu movimento. A perspectiva é tentar enfraquecer o movimento sindical e promover organizações paralelas sob a desculpa de que os sindicatos não respondem a problemas específicos dos jovens precários. Uma táctica interessante para reforçar as organizações que giram em torno do Bloco de Esquerda. O mesmo que põe sindicalistas seus aliados aos do PS dentro da CGTP como fez dentro do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL). Essa análise fica para depois mas há que perguntar: quando é que o Mayday decide se quer participar no 1º de Maio da CGTP ou num 1º de Maio seu? É que está sempre com um pé no Largo Camões e outro na Alameda.

Este ano, também esteve presente uma organização trotskista estrangeira. Vários jovens ingleses distribuíam panfletos e tinham uma banca na Alameda. Vi-os há cerca de dois meses numa manifestação da CGTP. Também espalhavam propaganda entre os participantes. Às perguntas em português dos manifestantes sobre o conteúdo dos panfletos não sabiam responder. Meti conversa e fiz várias perguntas em inglês. São financiados por uma internacional que deve ter meia dúzia de activistas e vieram de Inglaterra. Querem indicar o caminho a seguir pelos portugueses e atacaram o papel do PCP na luta dos trabalhadores. Quando os protestos se agudizam há sempre activistas estrangeiros pagos sabe-se lá por quem a tentar conduzir a luta.

Igualmente interessante foi ver o suposto sindicato dos profissionais do sexo, para gáudio dos jornalistas. Desfilaram com o Mayday e havia alguém que trazia uma pancarta que dizia: "Quando é que a puta da liberdade dá liberdade às putas?" Palavras para quê?

2 comentários:

Nelson Ricardo disse...

Essa dos ingleses está boa! Mas os trotskistas quando querem participar é só como obstáculo na luta dos trabalhadores. São a mão direita da burguesia na Revolução.

Anónimo disse...

Eu também os vi nessas e noutras manifestações.
Temos que o denunciar e quando virmos esses tipos dizer bem alto que não queremos o divisionismo esquerdita