Uma das coisas que mais me surpreenderam na Venezuela foi a explosão de meios de comunicação. Como na Europa e nos Estados Unidos, um dos cursos da moda é o de jornalismo. Mas ali a perspectiva é a de fechar as cortinas à mentira e à manipulação abrindo caminho à democratização da comunicação social. A maioria dos jovens estudantes com que falei tinham um sentido crítico e um background cultural muito apurado. Muito diferente daquilo a que assistimos nas faculdades portuguesas. Quando na Europa e nos Estados Unidos se fecham jornais e rádios, os bisnetos de Simón Bolívar dedicam-se a abri-los. Com uma diferença. A comunicação social deixou de estar apenas nas mãos da oligarquia.
Cada bairro tem a sua emissora televisiva e radiofónica. Lembro-me bem da CátiaTV, numa das favelas mais pobres de Caracas. Também da rádio Al son del 23. Em nenhum destes meios vi a falta de profissionalismo a que estamos condenados aqui. Há também centenas de jornais e revistas com uma orientação editorial de esquerda. Naturalmente, tudo isto convive com o que de pior produz a burguesia venezuelana. E como em todos os processos revolucionários e progressistas sente-se uma radicalização da opinião e das perspectivas com que se encaram os acontecimentos noticiados.
Entre os programas a que assistia contava-se uma telenovela que não era mais do que a vida de um casal que ia recordando os momentos mais importantes do processo bolivariano. A maior parte da sua duração era ocupada por flashbacks com imagens reais de tempos tão conturbados como o golpe de Estado ou a paragem petrolífera. Bem longe das ridículas telenovelas portuguesas que não fazem mais do que reproduzir a cultura dominante.
Havia um canal de televisão, a ÁvilaTV, produzido por e para jovens. Mas não tinha nada a ver com a SIC 'Radical'. Era, efectivamente, radical. Tão radical que quando a actual governação de direita ganhou em Caracas ameaçou transforma-la. Centenas de jovens concentraram-se em frente à sede do canal. No dia seguinte, Hugo Chávez passava a propriedade da emissora para as mãos do poder central. Ali promove-se a cultura juvenil alternativa. Promove-se a participação, o debate e a acção.
O vídeo que aqui deixo mostra o ambiente descontraído que se vive no programa de análise política La Hojilla. Um grupo de jovens de distintos agrupamentos musicais canta pela revolução no Dia da Juventude. Bem mais agradável que ouvir Marcelo Rebelo de Sousa e bem mais acutilante e consequente que ouvir o social-democrata Daniel Oliveira.
Ouve mais canções no programa La Hojilla:
Teleficción (Dame Pa Matala)
Fuera yankee imperialista (Pinky)
Hombre (Solemar Cadenas)
La luna en mi pensamiento (Amaranta Pérez)
De la gran Humanidad (Solemar Cadenas)
Cada bairro tem a sua emissora televisiva e radiofónica. Lembro-me bem da CátiaTV, numa das favelas mais pobres de Caracas. Também da rádio Al son del 23. Em nenhum destes meios vi a falta de profissionalismo a que estamos condenados aqui. Há também centenas de jornais e revistas com uma orientação editorial de esquerda. Naturalmente, tudo isto convive com o que de pior produz a burguesia venezuelana. E como em todos os processos revolucionários e progressistas sente-se uma radicalização da opinião e das perspectivas com que se encaram os acontecimentos noticiados.
Entre os programas a que assistia contava-se uma telenovela que não era mais do que a vida de um casal que ia recordando os momentos mais importantes do processo bolivariano. A maior parte da sua duração era ocupada por flashbacks com imagens reais de tempos tão conturbados como o golpe de Estado ou a paragem petrolífera. Bem longe das ridículas telenovelas portuguesas que não fazem mais do que reproduzir a cultura dominante.
Havia um canal de televisão, a ÁvilaTV, produzido por e para jovens. Mas não tinha nada a ver com a SIC 'Radical'. Era, efectivamente, radical. Tão radical que quando a actual governação de direita ganhou em Caracas ameaçou transforma-la. Centenas de jovens concentraram-se em frente à sede do canal. No dia seguinte, Hugo Chávez passava a propriedade da emissora para as mãos do poder central. Ali promove-se a cultura juvenil alternativa. Promove-se a participação, o debate e a acção.
O vídeo que aqui deixo mostra o ambiente descontraído que se vive no programa de análise política La Hojilla. Um grupo de jovens de distintos agrupamentos musicais canta pela revolução no Dia da Juventude. Bem mais agradável que ouvir Marcelo Rebelo de Sousa e bem mais acutilante e consequente que ouvir o social-democrata Daniel Oliveira.
Ouve mais canções no programa La Hojilla:
Teleficción (Dame Pa Matala)
Fuera yankee imperialista (Pinky)
Hombre (Solemar Cadenas)
La luna en mi pensamiento (Amaranta Pérez)
De la gran Humanidad (Solemar Cadenas)
2 comentários:
A isso se chama "doutrinação da juventude". Coisa que em Portugal o Estado não faz. Porque o Estado tem de educar, não de doutrinar. Para isso servem os partidos políticos. Quando o Estado doutrina a juventude, é sinal que o Estado tem uma doutrina oficial e que não admite vozes discordantes. Sinal típico de regimes de partido único, mais propriamente chamados de ditaduras. Coisa que a Venezuela se está a tornar. Talvez os venezuelanos abram os olhos e corram com Chavéz do poleiro do poder. Aì quero ver se ele aceitará o resultado das eleições...
Lizard, aqui se vê o democrata que és. Gostas de encher a boca com a palavra democracia mas, apesar de o Hugo Chávez ter ganho sucessivas eleições, consideras que aquilo se está a tornar numa ditadura e que os venezuelanos devem correr com ele. Esta é a tua noção de democracia.
Até agora o Hugo Chávez sempre aceitou os resultados eleitorais fossem eles ou não favoráveis à linha de orientação política do PSUV.
O poder político e económico doutrinam diariamente os jovens portugueses através do controlo dos meios de comunicação. O pensamento é único e a ideologia é a da burguesia. A comunicação social não é democrática e não reflecte a realidade do povo português.
Na Venezuela, mais do que aqui, há liberdade de imprensa. Porque existem jornais de todo o tipo de pensamento político assim como canais de televisão. Não é o que se passa aqui.
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