domingo, 10 de maio de 2009

"Não se ataca a polícia"

Sobre os últimos acontecimentos no Bairro da Bela Vista, em Setúbal, o primeiro-ministro José Sócrates vem dizer que "nos Estados democráticos não se ataca a polícia". Obviamente que não. Nos Estados democráticos só a polícia é que pode atacar. Recordemos as cargas policiais sobre os operários da Sorefame, da MB Pereira da Costa e da Valorsul, para dar alguns exemplos. É esta a noção de democracia de José Sócrates. Podemos apanhar mas não nos podemos defender.

Em relação à Bela Vista, a repressão policial nada resolverá. Aquela população, revoltada por um acontecimento concreto mas que evidencia um mal-estar normal nas condições em que aquela gente vive, quer viver em paz. E só a resolução pacífica do conflito através da requalificação dos bairros e da integração social permitirá acabar com o problema.

Noto algumas análises apressadas que tentam comparar aquela situação à de Paris e à da Grécia. Se em relação a Paris se podem tecer algumas comparações, isso não é possível no caso grego. A contestação violenta na Grécia teve uma forte componente política e organizada. A violência em Paris teve o seu foco nos bairros pobres de imigrantes e não era algo organizado ou politizado.

1 comentário:

Luís Rocha disse...

Eu já estou farto de ouvir afirmações pro-repressivas e racistas a propósito da população deste Bairro.

Esta tropa de choque da polícia que eles puseram no Bairro só está a agravar as tensões. E o clima que não só o CDS mas também o PS e o PSD junto com a comunicação social estão a criar é ele próprio uma forma de agressão e repressão das pessoas do Bairro.

A Direita toda e a sua polícia predilecta (os arruaceiros do corpo de intervenção) estão a provocar a violência deliberadamente para justificarem o estado calamitoso do país com o seu slogan habitual: "a culpa da crise é dos pobres porque não trabalham e dos trabalhadores por não serem suficientemente obedientes".

Eu estou solidário com aquele povo do Bairro, e até tenho um familiar que é polícia, o justo protesto e indignação daquelas pessoas não justifica toda esta brutalidade policial e mediática.

Um abraço,
Luís Rocha