Há livros em que as personagens se libertam da ficção e se juntam a nós na realidade. Escrevi-o quando acabei de ler 'Por quem os sinos dobram' de Ernest Hemingway. Na altura, encheu-me a sensação de vazio ao fechar a última página. As obras de ficção deixam de o ser quando retratam episódios vividos na realidade por milhares de combatentes antifascistas.
Neste momento releio o 'Sem tréguas' de Giovanni Pesce. Não se trata de ficção mas de realidade. A história, e não estória, dos 'partigiani' contra a ocupação de Itália pelos nazis alemães. Uma realidade brutal que só pôde ter sido derrotada pelo heroísmo dos combatentes antifascistas italianos e da classe operária organizada.
Ainda longe da última página, rendo a minha homenagem ao jovem Dante Di Nanni que optou pela morte em vez da rendição. Depois de um ataque a uma estação de rádio foi gravemente atingido. Moribundo, no seu quarto, em Turim, matou dezenas e dezenas de fascistas italianos e nazis alemães. Destruiu um tanque, carros blindados e quando se acabaram os explosivos e as munições lançou-se da janela de punho erguido.
"Os anos e os decénios passarão: os dias duros e sublimes que nós vivemos hoje parecerão longínquos, mas gerações inteiras de jovens filhos de Itália educar-se-ão no amor pelo seu país, no amor pela liberdade, no espírito de devoção ilimitada pela causa da redenção humana com o exemplo dos admiráveis garibaldinos que escrevem hoje, com o seu sangue vermelho, as páginas mais belas da história humana."
in panfleto clandestino [editado a 4 de Junho de 1944, em glória do herói nacional Dante Di Nanni]
2 comentários:
Grande, grande Pesce!
Não é preciso ser-se um grande escritor para escrever um grande livro. Mas é preciso ser um grande comunista, parece se ser um grande Partizan!
Grande Pesce!
Abraço camarada.
Não esqueçemos os filhos do povo, da classe operária! Sejam Italianaos ou portugueses!
Dante não é esquecido!
Viva o 25 de Abril!
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