"Creio que uma das dimensões fundamentais da França de 68 foi a de juntar, um ao lado do outro, o capitalismo e o comunismo. Sessenta e oito é o principio da desconstrução do comunismo." Daniel Cohn-Bendit, protagonista do Maio de 68.
Nuns sítios dizem que foi uma revolução. Noutros dizem que não foi apenas uma revolução, foi a revolução mais importante do século XX. Há quem diga que desde então nada ficou como dantes, que tudo mudou. Mas sou jovem - "não explicam, pá!" - e fico espantado quando me dizem que não estão a falar da Revolução de Outubro. É o Maio de 68, estúpido!
Nuns sítios dizem que foi uma revolução. Noutros dizem que não foi apenas uma revolução, foi a revolução mais importante do século XX. Há quem diga que desde então nada ficou como dantes, que tudo mudou. Mas sou jovem - "não explicam, pá!" - e fico espantado quando me dizem que não estão a falar da Revolução de Outubro. É o Maio de 68, estúpido!
Pelo que se diz, com a mesma rapidez com que se insurgiram, recolheram em suas casas. Faz-me lembrar a malta que, nos domingos, vai aos estádios libertar a raiva. Neste caso, foi um domingo que demorou um mês. Mas, para que não digam que sou má-língua, admita-se: houve conquistas salariais e isso, naturalmente, é importante. Ora, daí a que se diga que foi uma revolução vai uma distância como de Lisboa a Camberra.
Aborrece-me que se endeuse o Maio de 68 e que se crie uma atmosfera mediatizada em seu torno que não reflecte o que realmente foi. Naquele tempo, o foco esteve no movimento estudantil e daí o fascínio e a paixão de muitos intelectuais. Não foi um acontecimento conduzido pela classe trabalhadora. Normalmente, essa é aborrecida e não há aquela espontaneidade que anima qualquer circo de variedades. Porque a luta de classes é uma guerra, exige disciplina, estratégia e consequência.
Não queria deixar, no entanto, de recordar a poesia nas ruas de Paris para sustentar que o mais importante é o conteúdo e não a forma. As parisienses com as suas mini-saias eram belas. Mas as camponesas do Alentejo eram revolucionárias e não as trocaria por nada.
Algumas pérolas do Maio de 68:
"Trabalhador: Tens 25 anos mas o teu sindicato é do século passado"
"Faça o favor de deixar o Partido Comunista tão limpo ao sair como gostarias de encontra-lo ao entrar" (Isso já não é preciso, a esfregona eurocomunista limpou tudo, também em Itália e em Espanha)
"Não queremos um mundo onde a garantia de não morrer de fome suponha o risco de morrer de aborrecimento"(Os filhos da burguesia francesa não morriam de fome, disso já sabiamos)
Algumas pérolas do meu Maio de 2008:
"O Maio de 68 pariu um rato"
"Nas barricadas de 68, fogo só de vista"
"Só a imaginação esteve no poder"
E porque a maioria dos dirigentes estudantis do Maio de 68 se transformaram em burocratas do capitalismo "com rosto humano", não resisto em deixar esta máxima lançada por eles:
"A humanidade não será feliz até ao dia em que o último burocrata seja enforcado com as tripas do último capitalista".
2 comentários:
Muito bom este post... Nem todas as classes lembram o Maio de 68 da mesma forma, mas quase. E quando assim é, alguma coisa não bate certo.
um abraço
Ora pois..
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