sexta-feira, 2 de maio de 2008

Trabalhadores de todos os países, uni-vos!


1º de Maio de 1983 em Moscovo

No ano passado, tive a oportunidade de conhecer alguns comunistas turcos em Istambul. Levaram-me, na altura, à Praça Taksim e explicaram-me que foi ali que se deu o massacre do 1º de Maio de 1977. A polícia carregou sobre a manifestação e dispararam do topo dos edifícios que cercam a área. Nesse dia, morreram 36 trabalhadores.

Desde então, os sindicatos e os partidos de esquerda têm convocado as marchas do 1º de Maio na direcção daquela praça. Apesar das proibições, todos os anos tentam alcança-la para recordar os mártires de 1977 e todos os anos há confrontos, centenas de feridos e centenas de detidos. Contaram-me, aliás, os camaradas turcos, a história absurda de que a polícia esgotou, no ano passado, todo o stock nacional de granadas de gás lacrimogéneo só naquela manifestação. Entre os amigos que conheci, muitos foram alvo da brutalidade policial e visitaram os centros de detenção.

Os confrontos foram de tal ordem que a polícia impediu a chegada dos ferryboats que atravessam o Bósforo, que divide a cidade. Numa dessas ocasiões, os comunistas turcos, impedidos de atracar na parte asiática de Istambul, onde se encontra Taksim, tomaram o barco, içaram a bandeira do Partido e estenderam as suas faixas. Foi ali que fizeram o seu 1º de Maio.

Ontem, os confrontos repetiram-se, com as detenções a chegarem quase ao milhar, uma vez mais a repressão policial foi brutal para impedir os trabalhadores turcos de homenagearem os seus mortos. E os comunistas, como sempre, estiveram na linha da frente.

Em Portugal, a CGTP reuniu mais de 150 mil trabalhadores em todo o país. No regresso à Alameda, desfilaram cerca de 85 mil pessoas, uma das manifestações mais fortes dos últimos meses. Curiosamente, os meios de comunicação social preferiram dar destaque ao passeio da UGT pela Avenida da Liberdade que reuniu, segundo dizem, 25 mil pessoas. E onde não houve sequer palavras-de-ordem.

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