Perante o ar cúmplice da comunidade internacional, Israel declarava, há 60 anos, a formação do seu Estado. Estava legitimada a ocupação da Palestina. Desde então, Israel desenvolveu-se como Estado terrorista ocupando os países vizinhos, cometendo massacres, empreendendo prisões massivas, obrigando ao exílio de milhões de pessoas, dotando-se de um poderio bélico horrendo. Tudo com o apoio dos Estados Unidos e da União Europeia. Mas, claro, como se afirmou hoje, na TVI, os milhares de mortos israelitas foram "vitimas de atentados terroristas". Tenta-se mascarar o verdadeiro agressor como agredido.
Quando estive na Síria, conheci inúmeros palestinianos exilados. Pelo menos em Damasco vivem cerca de cem mil, entre cerca de um milhão de sírios. Portanto, é normal que se acabe por falar com algum. Não houve um único que não tivesse saudades ou que não quisesse regressar à sua terra. Principalmente, aqueles que nunca a viram senão pelas fotografias dos seus pais e dos seus avós. E todos se mostraram agradecidos por tudo o que a Síria fez por eles. Na verdade, segundo alguns me contaram, é o país que melhor trata o seu povo.
Também recolhi impressões do outro lado. Os sírios vêem os palestinianos como irmãos e, pelas suas palavras, notamos que não há qualquer animosidade entre ambos. Em relação a Israel, a definição é clara: o inimigo. É isso mesmo que está exposto na pintura que decora a estação de caminhos-de-ferro de Alepo, a segunda maior cidade síria. Um quadro que ilustra os combates contra o exército israelita, há 41 anos, na guerra dos seis dias, que abriu feridas que ainda duram como a ocupação dos Montes Golã.
Muitos dos sírios falaram-me também das relações com os países socialistas europeus. Entre os quais, um médico explicou-me que havia estudado na Checoslováquia e que mantinha, hoje, no seu escritório uma fotografia de José Estaline. Num dos dias, depois de ver inúmeros jovens com t-shirts do Che Guevara, vesti uma com um símbolo soviético que me proporcionou uma interessante conversa com um vendedor de sumos naturais. Depois de me perguntar, com muita insistência, se lha podia oferecer, contou-me que não só via com admiração a experiência soviética mas também que encarava aquele símbolo como uma força anti-imperialista.
Naturalmente, o discurso anti-imperialista colhe muitos adeptos numa região que sofre com as ofensivas israelitas e norte-americanas. Um turista francês contou-me como num bar viu os clientes contestarem as afirmações da CNN que diziam que um helicóptero dos Estados Unidos se havia despenhado no Iraque por avaria. "Foi a resistência, mentirosos!". Aliás, esta solidariedade com os resistentes iraquianos provei-a eu no mercado de Damasco quando comprei as duas últimas t-shirts com a bandeira iraquiana. Os vendedores explicaram-me que era um dos produtos mais vendidos.
Quando estive na Síria, conheci inúmeros palestinianos exilados. Pelo menos em Damasco vivem cerca de cem mil, entre cerca de um milhão de sírios. Portanto, é normal que se acabe por falar com algum. Não houve um único que não tivesse saudades ou que não quisesse regressar à sua terra. Principalmente, aqueles que nunca a viram senão pelas fotografias dos seus pais e dos seus avós. E todos se mostraram agradecidos por tudo o que a Síria fez por eles. Na verdade, segundo alguns me contaram, é o país que melhor trata o seu povo.
Também recolhi impressões do outro lado. Os sírios vêem os palestinianos como irmãos e, pelas suas palavras, notamos que não há qualquer animosidade entre ambos. Em relação a Israel, a definição é clara: o inimigo. É isso mesmo que está exposto na pintura que decora a estação de caminhos-de-ferro de Alepo, a segunda maior cidade síria. Um quadro que ilustra os combates contra o exército israelita, há 41 anos, na guerra dos seis dias, que abriu feridas que ainda duram como a ocupação dos Montes Golã.
Muitos dos sírios falaram-me também das relações com os países socialistas europeus. Entre os quais, um médico explicou-me que havia estudado na Checoslováquia e que mantinha, hoje, no seu escritório uma fotografia de José Estaline. Num dos dias, depois de ver inúmeros jovens com t-shirts do Che Guevara, vesti uma com um símbolo soviético que me proporcionou uma interessante conversa com um vendedor de sumos naturais. Depois de me perguntar, com muita insistência, se lha podia oferecer, contou-me que não só via com admiração a experiência soviética mas também que encarava aquele símbolo como uma força anti-imperialista.
Naturalmente, o discurso anti-imperialista colhe muitos adeptos numa região que sofre com as ofensivas israelitas e norte-americanas. Um turista francês contou-me como num bar viu os clientes contestarem as afirmações da CNN que diziam que um helicóptero dos Estados Unidos se havia despenhado no Iraque por avaria. "Foi a resistência, mentirosos!". Aliás, esta solidariedade com os resistentes iraquianos provei-a eu no mercado de Damasco quando comprei as duas últimas t-shirts com a bandeira iraquiana. Os vendedores explicaram-me que era um dos produtos mais vendidos.
Mas a solidariedade internacionalista do povo sírio não se dirige apenas para os palestinianos e iraquianos. O Líbano é encarado como mais do que um irmão. Em qualquer rua e em qualquer estabelecimento podemos ver cartazes, faixas, fotos e autocolantes com a cara do líder do Hezbollah. Mas também podemos assistir à nova moda. No meio do trânsito caótico das grandes cidades, os automóveis têm colada não só a cara do presidente da República mas também a de Nasrallah.
É um facto que não tem discussão. Os povos árabes têm razões de sobra para não gostar do Estado israelita. Poucos dias depois de sair do país, o exército sionista lançou um ataque sobre a Síria. Um ano antes, Israel havia invadido o Líbano, assassinando milhares de pessoas. A Palestina continua barbaramente ocupada.
5 comentários:
Israel: 60 anos a defender-se dos invasores árabes, desejosos de fazer um novo Holocausto. Também 60 anos de experiência a lidar com o terrorismo árabe. 60 anos de vitórias sobre o anti-semitismo árabe.
60 anos de choraminguice e cobardia árabe. Que façam a paz, deixem Israel em paz e libertem os povos árabes da opressão a que são submetidos pelos os regimes que os lideram.
Numa palavra: nunca mais. Nunca mais um novo Holocausto.
Que sejam mais 60 mil anos de vida para Israel.
Porra, um milhão? Em toda a Síria existem apenas 400 mil palestinianos... e a população de Damasco é de apenas 1,67 milhões de habitantes.... o vinho sírio deve ser bom....
Já agora, o primeiro comentário também é meu... apenas me esqueci de por o meu nick. Desculpa lá o mau jeito.
Os árabes não invadiram nada. Pelo contrário, os árabes muçulmanos, os árabes católicos e os árabes judeus viram as suas terras ocupadas pelos sionistas, principalmente, da Europa.
São os palestinianos que sofrem um holocausto provocado pelos filhos e netos daqueles que morreram nos campos de extermínio nazis. Os verdugos de hoje empunham a bandeira de Israel.
A resposta armada do povo palestiniano é a resposta legitima de um povo que quer a sua libertação nacional. A resposta legitima contra quem pratica o massacre.
Não há qualquer vitória sobre o anti-semitismo árabe pela razão simples de que os palestinianos são semitas. Os sionistas europeus, esses sim, são anti-semitas porque não pertencem à etnia semita e tentam extermina-la.
Felizmente, chegará o dia em que todos os que defendam os Estados opressores e racistas hão-de estar presos. Conseguimos derrotar o nazi-fascismo, conseguiremos derrotar o sionismo.
Viva a Palestina livre e socialista!
Está feita a correcção. Há cerca de cem mil palestinianos em Damasco numa população de cerca de um milhão. E não um milhão de palestinianos como erradamente escrevi.
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