Qualquer um que tenha viajado já experimentou esta estranha sensação. Normalmente, o pouco que os autóctones sabem de Portugal é sobre futebol. Recordo-me de um episódio em Marrocos onde crianças e adultos gritavam o nome de Luís Figo quando perceberam que éramos portugueses. Na Turquia, consegui ter uma conversa de hora e meia com um desconhecido que me falou sobre a amada, odiada pela família por ser muito mais velha, sobre a sua profissão e, claro, sobre o Benfica. À entrada da Síria, na fronteira, recebeu-nos com indiferença um homem vestido à civil sentado numa cadeira de praia. Sobre as pernas, uma kalashnikov e, nas mãos, uma revista. Mas quando viu o meu passaporte deu um salto e gritou: Cristiano Ronaldo! Não muito diferente daquele rapaz na insuspeita Venezuela onde todos adoram baseball e pouca importância dão ao futebol. Durante um concerto punk, bêbedo com rum Santa Teresa, conseguiu enumerar todos os clubes da primeira e da segunda divisão. Depois, secou os lábios, pôs-me o braço por cima do ombro e começou a entoar um dos cânticos do Benfica.
Recordo todos estes episódios porque aconteceu algo diferente em Cuba. Convidámos o nosso taxista para beber qualquer coisa e sentámo-nos numa esplanada de um bar numa qualquer localidade perto de Santa Clara. Explicou-nos que devido ao bloqueio o acesso à internet não é universal. Era um ávido leitor de jornais mas queria estar mais dentro da situação global. Recordo-me que das primeiras coisas que me perguntou foi sobre notícias da frente de guerra entre as FARC e o Estado colombiano. Passado um pouco, quando soube que era português perguntou: como está Álvaro Cunhal?
Recordo todos estes episódios porque aconteceu algo diferente em Cuba. Convidámos o nosso taxista para beber qualquer coisa e sentámo-nos numa esplanada de um bar numa qualquer localidade perto de Santa Clara. Explicou-nos que devido ao bloqueio o acesso à internet não é universal. Era um ávido leitor de jornais mas queria estar mais dentro da situação global. Recordo-me que das primeiras coisas que me perguntou foi sobre notícias da frente de guerra entre as FARC e o Estado colombiano. Passado um pouco, quando soube que era português perguntou: como está Álvaro Cunhal?
3 comentários:
A nós já de muito nos valeu o Luís Figo.
Graças a ele, a entrada em Marrocos foi muito simples. :P
Caros amigos da Rádio Moscovo:
Apenas para dar a má notícia que o Supremo Tribunal dos Estados Unidos da América decidiu hoje não rever o caso dos cinco cubanos presos há 10 anos naquele país por lutarem contra o terrorismo anti-cubano, financiado pelos próprios governantes americanos.
A decisão ocorre após pressão da administração Obama em, simplesmente, deixar o processo correr.
Um abraço
Uma resposta possível - e justa -, para a pergunta do nosso amigo cubano, poderia ser: Álvaro Cunhal continua muito próximo de nós e muito actual, na vitalidade das suas ideias e no ideal que norteou toda a sua vida.
Um abraço.
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