quarta-feira, 29 de abril de 2009

Imprensa suína (ou pandemia de estupidez)

A 30 de Março de 1938, o apocalipse abateu-se sobre a cabeça de milhares de norte-americanos. Num programa de rádio, Orson Welles simulou um ataque de extra-terrestres e espalhou o pânico em várias cidades dos Estados Unidos. Foi apenas o prenúncio daquilo que a comunicação social é capaz. Ainda há meia dúzia de anos, os governantes desse país em conjunto com os serviços secretos fabricaram falsas provas de que haveria armas de destruição maciça no Iraque. E o resto é História.

Isto vem a propósito da gripe suína. Há vários dias que a imprensa divulgou que há centenas de mortos provocados pela doença. Isto apesar de a Organização Mundial de Saúde só ter confirmado sete das 159 mortes anunciadas pelo governo mexicano que foi hoje obrigado a reconhece-lo. Afinal, todos estranhavam - a comunicação social gosta sempre de mistérios - o facto de só haver mortos no México. Pois, aí está. Em milhares de infectados, morreram sete pessoas. Em Portugal, devido à gripe clássica, suspeita-se que anualmente morram centenas de pessoas.

Não quer isto, contudo, dizer que tudo seja uma teoria da conspiração. Apesar de esta nova gripe ter surgido poucos dias depois da visita do presidente norte-americano ao México, não se deve especular. Mas já sabemos quem fica a lucrar com esta gripe. Donald Rumsfeld, um dos falcões do governo de George W. Bush, é um dos principais accionistas da empresa que fabrica o Tamiflu. Este é dos poucos medicamentos que melhor ataca a gripe mexicana.

Entre os factos políticos, há curiosidades. Os norte-americanos acusaram o México de se ter mexido pouco e tarde. Contudo, esta gripe mexicana - a que chamam suína apesar de ser suína, aviar e humana - teve o seu primeiro caso nos Estados Unidos. Portanto, uma gripe norte-americana.

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