domingo, 21 de junho de 2009

Louça não quer regresso a Abril

Hoje, sai uma interessante entrevista com Francisco Louçã. O Correio da Manhã revela algumas das opiniões do líder do Bloco de Esquerda. Entre elas, ao ser perguntado se defendia o regresso ao tempo das nacionalizações de 1975, respondeu que não defende nenhum regresso ao passado, o passado ensinou-o muito "do que não deve ser feito e dos erros que têm de ser impedidos". Questionado sobre se gostaria de um dia ser primeiro-ministro respondeu que disputa a eleição "para a formação do governo". Para ser primeiro-ministro, pergunta-se-lhe. "Com certeza".

Quando a comunicação social dominante dá voz aos interesses do grande capital e tenta condicionar o processo eleitoral dando a entender que se trata de eleições para primeiro-ministro, Francisco Louçã alinha no jogo. Provavelmente embriagado com a rápida ascensão, esquece-se de que é uma eleição parlamentar e de que é o Presidente da República quem decide quem formará o governo. De qualquer forma, ficamos a saber que o líder do Bloco de Esquerda não conta com a Revolução de Abril como referência para o seu programa político.

Ainda há poucos meses, recordo de o ver numa reportagem televisiva desfilando nas comemorações da Revolução de Abril e referiu a sua condição de ex-preso político. Por curiosidade tentei saber um pouco mais da prisão de Francisco Louçã. Vim a descobrir que foi preso na Capela do Rato no dia 31 de Dezembro de 1972 e que foi libertado no dia 3 de Janeiro de 1973. E lembro-me sempre da história daquele camarada a quem perguntei se havia estado preso e me disse algo do género: "estive detido uns dias, nada de especial, nem se pode considerar prisão, seria uma ofensa a todos os que foram torturados e estiveram presos durante décadas".

6 comentários:

Crixus disse...

É sintomático que de Abril Louçã só aproveite os erros, e não as conquistas, algumas ainda efectivas outras já destruidas, que foram conseguidas. E a questão de ser primeiro-ministro ou não faz lembrar a fábula da rã, que tanto inchou até rebentar.

Abraço

Op! disse...

É sintomático que Louçã não é um homem de Abril.
É sintomático que o BE é contrarrevolucionário.
É sintomático que o BE é a força dos latifudiários a brincar aos patrões fixolas.
É sintomático que o BE é anticooperativista.
É sintomático que o BE é antissindicalista.

O BE tem sintomas de reacção!

Pedro Bala disse...

E há-de rebentar.

Pedro Bala disse...

O BE de hoje é o PS de 1974. Com fraseologia revolucionária para impedir o avanço das forças verdadeiramente revolucionárias. E pelo "socialismo democrático". Pois, claro.

Nunes disse...

Recordam-se da fraseologia que usavam nos tempos do PSR? Como estão diferentes hoje, os chamados bloquistas... e tão politicamente correctos.
Creio que a nova fraseologia adoptada pelo BE está feita para recolher mais votos dos descontentes que votaram em eleições anteriores no PS.
Estou a conhecer alguns casos de ex-votantes do BE que hoje votam CDU e tudo parece ser devido aos problemas criados com a eleição de Sá Fernandes em Lisboa.
No entanto, qualquer "berloque" vos diz com toda a frontalidade que "jamais alguém que votou BE votará na CDU". Também já defendem essa treta.
Vamos estar atentos, pois os meses de Setembro e Outubro vão ser importantes.

Dias Ferreira disse...

O Louça sabe o que não quer, mas não sabe o que quer...

O Louça é comunista, mas ao mesmo tempo Trotskysta e Social Democrata...

O Louça luta pelas causas justas, mas quando vota (porque nem sempre o faz) é a muito custo...

O Louça é populista, mas não popular...

O Louça é automata, e muitas vezes revoltante...

Enfim, o Louça é Esquerdista, e com ele será sempre assim!


http://o-comunista.blogspot.com