segunda-feira, 8 de junho de 2009

Sobe a direita na Europa e a esquerda em Portugal

Num primeiro comentário superficial, podemos afirmar que é assustadora a vaga de direita que se alastrou a toda a Europa. Em vários artigos, comentámos que a existência de uma grave crise económica não é por si só sinónimo de avanço das forças de esquerda. Pode e está a ser aproveitada de forma populista pela direita. Em Itália, apesar de todos os escândalos, Berlusconi esmaga toda a oposição. Mete dó um país onde existiu um dia o Partido Comunista mais forte da Europa Ocidental. No Estado espanhol, com grandes dificuldades, a Esquerda Unida consegue manter os seus dois eurodeputados. E, no País Basco, a Iniciativa Internacionalista alcança os 15 por cento apesar de não eleger qualquer candidato. Em França, ganha Sarkozy. Na Alemanha, a Merkel. Uma das poucas mas muito boa notícia é a subida do Partido Comunista da Grécia.

Contudo, em Portugal, a direita sofre uma grave derrota. Tanto o PS como o PSD perdem em votos e em percentagem. A CDU alcança o melhor resultado eleitoral em 15 anos e quase que elege a terceira candidata. Uma vez mais, como nas anteriores eleições, ficámos a poucos votos desse objectivo. Tudo isto depois de uma grande campanha eleitoral construída pelo esforço de milhares de activistas. E sem qualquer apoio da comunicação social. É aí que se alicerça fundamentalmente o resultado do BE. Sem estrutura nacional estável, são impensáveis alguns dos resultados que obtêm em determinadas zonas do pais sem o apoio incondicional dos jornais e das televisões.

Nos próximos dias, com toda a probabilidade, nascerá uma campanha com a ideia de que a CDU sofreu uma derrota ao ficar atrás do BE. Tentar-se-á escamotear o facto da CDU ter crescido em votos e em percentagem mantendo os dois deputados num cenário em que isso reflecte um crescimento devido à redução do número de eurodeputados portugueses. Tentar-se-á catapultar o BE como a grande força de esquerda para as legislativas.

Nota: Afinal, o Partido Comunista da Grécia desceu de 9,48 para 8,35 passando de três eurodeputados para dois (num contexto em que aquele país perde dois eurodeputados). Na Irlanda, o Sinn Féin sobe de 11,1 para 13,9. Em França, a Frente de Esquerda consegue uma ligeira subida. Em Itália, a Refundação e o PdCI descem. Na Alemanha, sobe o Die Linke. No Chipre, o Akel passa de 27,89 para 34,9.

7 comentários:

LGF Lizard disse...

Isto é o que eu gosto nos comunistas. Após mais uma derrota eleitoral (até os sacanas do BE já vos passam à frente), conseguem fazer mais uma vez o milagre da transformação, de transformar uma derrota em vitória.
Daqui a uns meses há mais. Aliás, este ano vai ser um ano de milagres. Não é todos os anos que o PCP tem de sacar da velha e estafada cassete da derrota transformada em vitória.
Um comunista nunca se rende... nem sequer à evidência...

Op! disse...

Não nos nos rendemos, nunca o fizemos até hoje e nunca o faremos! Por falar em evidencias, evidentemente que fomos ultrapassados pelo BE, mas também é evidente que cumprimos o nosso objectivo "subir na votação", e também é evidente que se viu (entre BE e CDU) quem é o eleitoralista e quem é o progressista! Para quem tem dúvidas veja o comentário de Marcelo Rebelo de Sousa na RTP1.

Irene Sá disse...

Derrota eleitoral? Mas esta lagartixa é mesmo anormal! ó réptil: a CDU cresce mais de 70 mil votos, aumenta mais de 1,5%, num quadro de menos deputados mantém os dois que tinha e por cerca de 1600 votos não elege o terceiro, é pela primeira vez em eleições europeias a primeira força em vários distritos.
Só mesmo quem seja um anti-comunista recalcado e frustrado é que consegue ver nestas eleições uma derrota para a CDU.

Boots disse...

70000 votos a mais é considerado uma derrota, tens toda a razão, mas é uma derrota para quem defende a exploração e essa podes tar certo que terá a sua derrota às mãos dos trabalhadores!
Tu ó lagartixa deixa de apanhar tanto sol que te está a derreter os poucos neurónios que te restam

Nelson Ricardo disse...

Na cena internacional, é também de realçar a enorme vitória dos Verdes franceses, com 17,5%. É uma amostra que o povo francês está disposto a abraçar a ecologia para garantir o futuro. Espero que os Verdes franceses sejam de esquerda.

Esta é uma lição, de que devemos reflectir sobre se em Portugal a CDU não deve abordar mais vezes um projecto político para Portugal, de Socialismo e Ecologia.

Anónimo disse...

Cassete, ele repete aquilo que pseudo-comentadores, alguns deles tão imparciais quanto eu dizem e depois nós é que somos as cassetes?

Depois algo mais, os votos que o BE teve vem da Área do partido socialista ou de novos votantes, não da CDU. Como explicar as subidas dos votos do BE em Viseu, Aveiro, Vila Real, Bragança, Guarda entre outros distritos?

Além disso notou-se que em votos reais a CDU cresceu, portanto derrota aonde? Nas previsões de alguns que esperavam ver a CDU descer, derrota das sondagens que puxaram sempre pelo BE ou da comunicação social que privilegiou os seus amigos de "serviço"?

Leva a luta até ao voto, agora é tempo de levar o voto até à luta!

Pedro Bala disse...

O que o Lizard diz não está longe do que disse o António Barreto. Os anti-comunistas não são muito imaginativos. Ontem e hoje, repetem as mesmas patranhas.