quarta-feira, 14 de maio de 2008

É a democracia, estúpido!

Soldado israelita protege-se de terrorista

"Mas, note-se: a Venezuela de Chávez também não é exactamente uma democracia e José Sócrates está em Caracas a acautelar os interesses da comunidade portuguesa residente e dos homens de negócios que integram a sua comitiva. E ainda bem."

"Mas este Israel que celebra hoje 60 anos, e que é um caso raro de democracia e de prosperidade económica no Médio Oriente, é também um pequeno país que vive obcecado pela sua segurança, sentindo-se cercado pela hostilidade árabe e, sobretudo nos últimos tempos, também iraniana."

Editorial do Diário de Notícias

Admito-o sem problemas: não gosto da maioria dos comentadores. São arrogantes e assumem a defesa obstinada da ideologia dominante sem o mínimo sentido crítico. Mas tomara que isso fosse o pior. Normalmente, usam as suas colunas para sustentar a mentira.

Vejamos, então, o caso caricato do democrático Estado que tem as mãos sujas do sangue dos mortos de Sabra e Chatila - para dar apenas um massacre como exemplo - e que mantém nas suas prisões milhares de presos políticos. E, depois, passemos os olhos pela ditadura latino-americana que não segue os bons exemplos da União Europeia.

Por um lado, discordo do editorial do Diário de Notícias quando diz que Israel é um "caso raro de democracia". Infelizmente, devia ser raro - para não dizer impossível - classificar-se um Estado que se desenvolve através do terror sobre o povo palestiniano como um Estado democrático. Por outro lado, dá-me nauseas que alguém subverta a realidade transformando o agressor em agredido e o agredido em agressor. A "hostilidade árabe" não tem, infelizmente, aviões e tanques norte-americanos para se defender da democracia sionista. Portanto, continuaremos a assistir, nos próximos anos, à morte de civis palestinianos, à sua prisão e tortura, à destruição das suas casas, enquanto as democracias europeia e norte-americana apoiam Israel e legitimam a ocupação. Democrática, claro.

Quanto à Venezuela "de Chávez", não podia estar mais de acordo. Afinal, um país que elege o seu presidente através de eleições consideradas democráticas pelos observadores internacionais só pode ser uma ditadura. Mas isto não é o mais grave. A Venezuela bolivariana ousou ultrapassar todos os limites quando não seguiu o exemplo da União Europeia. Em 2007, o governo decidiu referendar uma nova Constituição que foi chumbada pelo voto popular. E pior: o ditador Hugo Chávez reconheceu o resultado! Assim não há democracia que sobreviva.

Edit: Luís Delgado, José Manuel Fernandes, João César das Neves e João Marcelino são apenas alguns dos pontas-de-lança do capital na luta das ideias. Basta recordar que há poucas semanas João César das Neves destacava a liberalização do mercado como solução para o fim da crise alimentar. Através do editorial do Diário de Notícias, João Marcelino demonstrou hoje, uma vez mais, qual a linha ideológica do jornal que dirige.

5 comentários:

Magnolia disse...

E em Portugal temos o "socialismo"...

Anónimo disse...

Acho que precisas de rever a História.... é que o massacre de Sabra e Chatila foi executado pelos falangistas libaneses e não pelos israelitas... mas OK, uma mentira dita mil vezes passa a ser verdade. Esquisito é como um povo submetido a um "genocídio" aumenta 8 vezes de população. Enfim, os judeus são tramados, nem um genocídio em condições sabem fazer...

Anónimo disse...

Aliás, a legenda correcta para a foto seria: soldado israelita protege-se de um eventual bombista-suicida palestiniano, dado que os "heróicos" movimentos Hamas e Fatah gostam de usar mulheres e crianças como suicidas e como escudos humanos. Mas parece-me que esta verdade não interessa...

Anónimo disse...

Uma pergunta chata, pois nunca consegui perceber o porquê (deve ser algum problema meu): porque raio é que, para existir um estado palestiniano (que eu defendo a sua existência), é preciso que seja destruído o estado israelita? Será que não podem viver os dois lado-a-lado? Ou será que aqueles que defendem um estado único também defendem um estado único judenfrei, ou seja, sem judeus? Será que a presença dos judeus chateia assim tanto?

Pedro Bala disse...

*Claro, os israelitas não apoiaram os falangistas...

*Quanto à tua defesa de que o soldado deve apontar uma arma à criança, é asqueroso. É essa a vossa moral. E é ela que leva à morte de milhares de civis que nem sequer participam activamente na luta armada pela libertação nacional da Palestina.

*Pessoalmente, considero que deve haver um Estado socialista, pluricultural e laico. Onde convivam árabes judeus, árabes muçulmanos e árabes católicos. Os colonos que respeitem isso devem poder ficar. Os sionistas devem regressar aos seus países.