segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Alexandre Soljenitsyne


Morreu Alexandre Soljenitsyne. O homem a quem se deve uma boa parte das mentiras sobre a União Soviética. O homem que odiava o comunismo - e que não escondeu a sua simpatia por Franco e Pinochet - recebe agora as honras fúnebres de quem serviu desde cedo a contra-revolução. Pelos serviços prestados, já havia sido pago em vida com um Prémio Nobel da Literatura.

Sob a sombra da mentira, criou a farsa dos 110 milhões de pessoas mortas pelos bolcheviques. Quarenta e quatro milhões na II Guerra Mundial e outros 66 milhões desde a colectivização até à morte de Estaline, em 1953. Calculava, aliás, que nesse ano estariam nos campos de trabalho cerca de 25 milhões de presos.

Estes dados foram apresentados e repetidos até à exaustão pela comunicação social burguesa em todo o mundo, como se tratasse de números calculados de forma rigorosa. Contudo, não passou de uma operação propagandística com o objectivo de denegrir a União Soviética. Porque, obviamente, com todos os erros e desvios cometidos, já discutidos e criticados, ao longo da história da URSS, a ficção apresentada por Soljenitsyne nunca teve o objectivo de mostrar a verdade ou de potenciar a discussão sobre as falhas do modelo socialista soviético.

A página '45 revoluções por minuto' recorda que "as conclusões da abertura dos arquivos secretos por Gorbachev em 1993 não receberam a mesma dimensão informativa [que Soljenitsyne] e só foram referenciadas pelas publicações científicas restritas". Ainda segundo a mesma página, "as conclusões do estudo foram compiladas em nove mil páginas redigidas por três académicos russos (Zemskov, Dougin e Xlevnjuk) nada suspeitos de simpatias estalinistas". Entretanto, estas mesmas conclusões foram reproduzidas por Nicolas Werth do Instituto Francês de Investigações Científicas na revista 'L'Histoire' em Setembro de 1993 e por J. Arch Getty, professor de História da Universidade de River Side na Califórnia na revista 'American Historical Review'. Todos estes relatórios desmentem a propaganda de Soljenitsyne.

Em 1939, havia cerca de 2 milhões de presos e, desses, 454 mil foram condenados por actividades contra-revolucionárias. Em 1950, três anos antes da morte de Estaline, o número de contra-revolucionários presos atingiu os 578 mil. No total, os presos nesta época nunca ultrapassaram os 2,4 por cento da população adulta. Um pouco menos do que se passa hoje nos Estados Unidos em que 2,8 por cento da população adulta se encontra encarcerada. De qualquer forma, há que não esquecer que a União Soviética esteve em guerra permanente durante décadas. Depois da I Guerra Mundial e da Guerra 'Civil' - com a participação de vários países capitalistas contra a revolução bolchevique - a URSS foi a que mais baixas teve na II Guerra Mundial e a que mais esforço dedicou na luta contra o nazi-fascismo. Foi graças ao Exército Vermelho que se deu uma reviravolta na guerra. E foi também ele que levantou a bandeira rubra em Berlim.

Como já se disse, não se pretende esconder os erros e desvios que ocorreram na União Soviética. Pretende-se antes trazer luz sobre os factos. Não se pode analisar a história do socialismo na URSS escondendo as conquistas e os avanços civilizacionais que se deram na pátria de Lénine. Há que levantar a poeira que outros atiram sobre a História para que se deixe de contaminar a verdade.

1 comentário:

hugo besteiro disse...

tens aqui um sítio para comentar...

haloscan.com/comments/ulam/4478721766512540195/?src=hsn