sábado, 9 de agosto de 2008

"Eficácia extrema"

Os jornalistas despiram qualquer objectividade e quase têm orgasmos quando entrevistam as forças policiais sobre o assalto ao BES. Os comandantes, ex-comandantes, ministros e ex-ministros embarcam na maré da idolatria afirmando até que os assaltantes não eram amadores num último esforço para glorificar ainda mais a acção da polícia durante o sequestro. Os fascistas aproveitam a origem dos protagonistas do assalto para encher os fóruns televisivos e radiofónicos com as suas cantilenas propagandísticas a favor da xenofobia, do racismo e do nacionalismo.

Os assaltantes não eram só amadores. A acção suou à azelhice de quem não sabe muito bem o que está a fazer e que de quem se estreia no crime. Uma dependência bancária sem caixa e com uma saída não parece uma boa escolha para quem pretende ser bem sucedido. Portanto, com o sucesso razoável da acção da polícia, não há a necessidade de se empolar os factos para engrandecer a acção que levou à libertação dos reféns.

Acção razoável porque o objectivo da acção policial teria de ser, antes de tudo, a libertação dos reféns mas, se possível, com a detenção dos assaltantes. Pelo que se percebeu, a concretização dos dois objectivos em simultâneo parecia difícil. O recurso à negociação, pelo que se diz, esgotou-se. Como tal, optou-se pela acção dos atiradores especiais, opção que considero plausível e que acabou por dar ao acontecimento um feliz desfecho. Contudo, ouvir como ouvi da boca de jornalistas que a polícia actuou com "eficácia extrema" e com "eficácia absoluta" parece-me ridículo.

Por curiosidade, seria interessante perceber porque optaram por introduzir o cadáver dentro de um saco em cima do passeio e não dentro da dependência bancária. Porque me pareceu de um gosto muito duvidoso ver as televisões transmiti-lo em directo.

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