"Se o povo vir em nós guerrilheiros autênticos, sentir-se-á ligado à luta e reforçará a sua solidariedade. Quando esta solidariedade conseguir elevar o nível da sua consciência, o movimento guerrilheiro crescerá. Crescerá então todo o movimento revolucionário". Manuel Marulanda
No momento em que foi assassinado Jorge Eliécer Gaitán, candidato do Partido Liberal às eleições presidenciais colombianas, um jovem estudante cubano caminhava pelas ruas de Bogotá. Fidel Castro, então representante da Federação de Estudantes Universitários [FEU] de Cuba, dirigia-se para o escritório de Gaitán, onde haviam combinado um encontro. Foi nas ruas que teve conhecimento do atentado que conduziria a uma das vagas mais violentas da história da Colômbia. Prontamente, Fidel aderiu à revolta, naquele que foi o seu baptismo de fogo. Para o futuro revolucionário, a experiência do levantamento contra o assassinato de Gaitán - conhecido como Bogotazo - foi essencial.
Mas esta experiência foi também essencial para a história presente do povo colombiano. A resposta popular à agressão fascista esteve na origem da criação de movimentos armados comunistas e liberais. A burguesia, através do presidente golpista Rojas Pinilla, procurou acabar com a violência, aliando conservadores e liberais, e ofereceu a amnistia a quem entregasse as armas. Desconfiados, os comunistas, que defendiam a capacidade de auto-defesa dos camponeses, acossados pela burguesia, recusaram cede-las. A reacção do Estado colombiano foi a de lançar a sua perseguição e repressão contra estes movimentos. Daí surgiu a Zona Libertada, criada por comunistas e alguns liberais dissidentes na região de Marquetália.
Naturalmente, na década seguinte, a experiência na Zona Libertada ganhou prestigio junto dos camponeses que a multiplicaram. Como em todas as vezes que o povo ousou tomar o poder e decidir o seu próprio destino, a burguesia, já na altura com o apoio dos Estados Unidos, lançou uma ofensiva contra as populações acusando-as de separatismo. Em 1964, como resposta ao ataque, um grupo de 64 guerrilheiros, essencialmente camponeses, parte para a selva e cria o Bloque Sur. E dois anos depois, na II Conferência do Bloque Sur, através da decisão do Partido Comunista, assume-se como Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia [FARC].
Num livro publicado por Jacobo Arenas, um dos principais ideólogos do movimento, em 1971, Manuel Marulanda, comandante das FARC, sustenta que "para a organização de uma guerrilha há que partir de princípios políticos e militares, de acordo com as características e as particularidades de cada região, e atender à situação política existente e às perspectivas do movimento revolucionário no país". Para tal, acrescenta, "uma guerrilha não conseguirá desenvolver-se nem fazer penetrar a sua política nas massas, se não existem condições políticas nacionais que garantam a popularidade das acções armadas".
Foi perante essa perspectiva que assumiu que é o Partido, "como destacamento revolucionário de vanguarda [que] dirige e orienta esta ligação com as massas, e traça para o movimento guerrilheiro a linha política e militar a seguir". Os revolucionários devem dar em cada dia à revolução o mais possível de si mesmos, acrescenta Marulanda. "É por isso que, cada dirigente, cada comandante, cada guerrilheiro, deve elevar o nível dos seus conhecimentos, deve assimilar a linha política do Partido e deve trabalhar dia e noite para o triunfo da nossa causa".
Uma das maiores provas de que as FARC não são uma organização terrorista foi dada em 1984. Durante o governo de Belisario Betancourt, a organização comunista vai acordar o cessar-fogo e assinar um acordo de paz. Correspondendo aos anseios do povo colombiano, não desperdiçou essa oportunidade para tentar alcançar o fim do conflito armado. Daí surgiu a formação da União Patriótica, movimento político que obteve grande apoio popular nas eleições. Uma vaga terrorista patrocinada pelos paramilitares apoiados pela burguesia levou à morte de mais de 4 mil membros da União Patriótica. Esta barbárie levou a que as FARC compreendessem que não havia lugar para a actividade legal e pacífica e continuou a luta armada.
Apesar da propaganda dos meios de comunicação social burgueses, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo [FARC-EP] ganharam o apoio de uma parte importante da população colombiana. Daí que mais de quatro décadas depois, a organização guerrilheira esteja presente em quase todo o território com quase 20 mil combatentes. Um número que, naturalmente, não inclui todos os que envolvidos na luta de massas trabalham por uma verdadeira mudança política num país onde só nos primeiros três meses de 2008 já foram assassinados 17 sindicalistas.
Uma realidade que não importa para os jornais, rádios e televisões que lançam sobre as FARC o epíteto de terroristas. Foram as FARC que através da intervenção de Hugo Chávez libertaram unilateralmente uma série de detidos. A resposta do presidente colombiano Alvaro Uribe atesta a sua vontade de alcançar a paz: assassinou o principal responsável pelas negociações para a libertação de prisioneiros. Se não bastasse a morte de Raúl Reyes para demonstrar o carácter fascista do Estado colombiano, bastaria a descrição do assassinato de milhares de sindicalistas para provar que a democracia na Colômbia é uma ilusão.
No momento em que foi assassinado Jorge Eliécer Gaitán, candidato do Partido Liberal às eleições presidenciais colombianas, um jovem estudante cubano caminhava pelas ruas de Bogotá. Fidel Castro, então representante da Federação de Estudantes Universitários [FEU] de Cuba, dirigia-se para o escritório de Gaitán, onde haviam combinado um encontro. Foi nas ruas que teve conhecimento do atentado que conduziria a uma das vagas mais violentas da história da Colômbia. Prontamente, Fidel aderiu à revolta, naquele que foi o seu baptismo de fogo. Para o futuro revolucionário, a experiência do levantamento contra o assassinato de Gaitán - conhecido como Bogotazo - foi essencial.
Mas esta experiência foi também essencial para a história presente do povo colombiano. A resposta popular à agressão fascista esteve na origem da criação de movimentos armados comunistas e liberais. A burguesia, através do presidente golpista Rojas Pinilla, procurou acabar com a violência, aliando conservadores e liberais, e ofereceu a amnistia a quem entregasse as armas. Desconfiados, os comunistas, que defendiam a capacidade de auto-defesa dos camponeses, acossados pela burguesia, recusaram cede-las. A reacção do Estado colombiano foi a de lançar a sua perseguição e repressão contra estes movimentos. Daí surgiu a Zona Libertada, criada por comunistas e alguns liberais dissidentes na região de Marquetália.
Naturalmente, na década seguinte, a experiência na Zona Libertada ganhou prestigio junto dos camponeses que a multiplicaram. Como em todas as vezes que o povo ousou tomar o poder e decidir o seu próprio destino, a burguesia, já na altura com o apoio dos Estados Unidos, lançou uma ofensiva contra as populações acusando-as de separatismo. Em 1964, como resposta ao ataque, um grupo de 64 guerrilheiros, essencialmente camponeses, parte para a selva e cria o Bloque Sur. E dois anos depois, na II Conferência do Bloque Sur, através da decisão do Partido Comunista, assume-se como Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia [FARC].
Num livro publicado por Jacobo Arenas, um dos principais ideólogos do movimento, em 1971, Manuel Marulanda, comandante das FARC, sustenta que "para a organização de uma guerrilha há que partir de princípios políticos e militares, de acordo com as características e as particularidades de cada região, e atender à situação política existente e às perspectivas do movimento revolucionário no país". Para tal, acrescenta, "uma guerrilha não conseguirá desenvolver-se nem fazer penetrar a sua política nas massas, se não existem condições políticas nacionais que garantam a popularidade das acções armadas".
Foi perante essa perspectiva que assumiu que é o Partido, "como destacamento revolucionário de vanguarda [que] dirige e orienta esta ligação com as massas, e traça para o movimento guerrilheiro a linha política e militar a seguir". Os revolucionários devem dar em cada dia à revolução o mais possível de si mesmos, acrescenta Marulanda. "É por isso que, cada dirigente, cada comandante, cada guerrilheiro, deve elevar o nível dos seus conhecimentos, deve assimilar a linha política do Partido e deve trabalhar dia e noite para o triunfo da nossa causa".
Uma das maiores provas de que as FARC não são uma organização terrorista foi dada em 1984. Durante o governo de Belisario Betancourt, a organização comunista vai acordar o cessar-fogo e assinar um acordo de paz. Correspondendo aos anseios do povo colombiano, não desperdiçou essa oportunidade para tentar alcançar o fim do conflito armado. Daí surgiu a formação da União Patriótica, movimento político que obteve grande apoio popular nas eleições. Uma vaga terrorista patrocinada pelos paramilitares apoiados pela burguesia levou à morte de mais de 4 mil membros da União Patriótica. Esta barbárie levou a que as FARC compreendessem que não havia lugar para a actividade legal e pacífica e continuou a luta armada.
Apesar da propaganda dos meios de comunicação social burgueses, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo [FARC-EP] ganharam o apoio de uma parte importante da população colombiana. Daí que mais de quatro décadas depois, a organização guerrilheira esteja presente em quase todo o território com quase 20 mil combatentes. Um número que, naturalmente, não inclui todos os que envolvidos na luta de massas trabalham por uma verdadeira mudança política num país onde só nos primeiros três meses de 2008 já foram assassinados 17 sindicalistas.
Uma realidade que não importa para os jornais, rádios e televisões que lançam sobre as FARC o epíteto de terroristas. Foram as FARC que através da intervenção de Hugo Chávez libertaram unilateralmente uma série de detidos. A resposta do presidente colombiano Alvaro Uribe atesta a sua vontade de alcançar a paz: assassinou o principal responsável pelas negociações para a libertação de prisioneiros. Se não bastasse a morte de Raúl Reyes para demonstrar o carácter fascista do Estado colombiano, bastaria a descrição do assassinato de milhares de sindicalistas para provar que a democracia na Colômbia é uma ilusão.
1 comentário:
FUERA YANQUÍ.
VIVAN LAS FUERZAS ARMADAS DE LIBERACION NACIONAL..!!!!
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